segunda-feira - 31/07/2017 - 08:50h
Blog Carlos Santos

“Os Rosado chegaram ao seu limite, mas não ao seu fim”

Junção dos Rosado revelou uma necessidade (Foto: arquivo)

Do Blog da Chris

O quadro “6eis Perguntas” continua. Hoje, conversamos com o jornalista e blogueiro Carlos Santos, do Blog Carlos Santos.

Carlos, na entrevista fala sobre a administração Rosalba Ciarlini (PP): “O quadro atual é incomum, mas a prefeita adota um modelo de governo baseado numa época distante, de muitas facilidades, insistindo em medidas cosméticas, propaganda e ações previsíveis”; da relação imprensa com a administração municipal:” Nada muda porque a própria imprensa em sua maioria não cuida de sua imagem”; e futuro da família Rosado: “A prioridade em 2018 é sobrevivência, ou sobrevida. Isso é normal”.

Veja abaixo um pequeno trecho desse bate-papo:

Blog da Chris – Em Mossoró, como o senhor vislumbra o futuro político da família Rosado e esses nomes “novos” que começaram a surgir?

Carlos Santos – A junção de Rosado-Rosado em 2016 foi um sinalizador de esgotamento da fórmula. Isso se desenha há tempos, até porque a família praticamente não tem mais peças de reposição com forte apelo popular, engenhosidade política e poder de articulação. Parece ter chegado ao seu limite, mas não ao seu fim político, que fique claro. A prioridade em 2018 é sobrevivência, ou sobrevida. Isso é normal. As oligarquias são por natureza um atraso, como o próprio Platão as definia há mais de 2 mil e 400 anos em Atenas, em “A República”. É um poder para poucos e de poucos. Mas a simples substituição de um Rosado por um Oliveira, Santos, Silveira, Couto, Moreira, Freire, Dias etc., não significa que mudaremos de conceito na política e na gestão da urbe. Nas eleições municipais de Mossoró em 2016, a maioria dos eleitores não votou nos Rosado. Rosalba foi eleita pela minoria, mas ninguém na oposição pode se sentir dono desse capital não-Rosado. Política, costumo afirmar, é uma atividade de inteligência e transpiração.

Leia a íntegra da entrevista clicando AQUI.

Nota do Blog Carlos Santos – Obrigado, Chris. É de enorme generosidade a abertura de seu espaço virtual para nós do Blog Carlos Santos, o “Nosso Blog”.

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segunda-feira - 31/07/2017 - 08:10h
Mossoró

Presidente da Fecomércio/RN vai cumprir agenda em cidade

O presidente da Federação do Comércio de Bens, Turismo e Serviços do RN (FECOMÉRCIO/RN), Marcelo Queiroz, cumprirá agenda de trabalho amanhã (terça-feira, 1º) em Mossoró.

Seus compromissos ainda não foram detalhados.

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segunda-feira - 31/07/2017 - 04:20h
Martins

Festival Gastronômico terá diversidade de sabores

O Festival Gastronômico e Cultural de Martins, que acontecerá nos dias 4, 5 e 6 de agosto, terá a participação de sete restaurantes: Mirante da Carranca, Mirante do Canto, Mirante Recanto Alto da Serra, Paçoca de Pilão, Restaurante e Pizzaria Água na Boca, Point Vip e OMBAK.

Diversidade e bom gosto instigante do paladar devem ser a tônica do evento.

Além dos restaurantes, o evento também terá espaço para Petiscaria, Doceria, Cachaçaria e Chocolateria.

Nesta edição, mais uma inovação com a praça de alimentação de Food Truck, com a oferta de diversos tipos de cafés, acarajé, Hot Dog Prensado, Crepes, Brownie, entre outros.

Com informações da Prefeitura Municipal de Martins.

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domingo - 30/07/2017 - 23:56h

Pensando bem…

“Vale a pena experimentar também a ingratidão para encontrar um homem grato.”

Sêneca

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domingo - 30/07/2017 - 23:20h
Segurança

Presos chegam à Penitenciária mas sem identidade revelada

Do G1RN e Blog Carlos Santos

Por questões de segurança, o Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN) não divulgou a identidade dos nove presos transferidos à madrugada do sábado (29) do Rio Grande do Sul para a Penitenciária Federal de Mossoró.

Presos, sob forte escolta, chegaram por volta de 0h40 (Foto: Juliana Fernandes)

A aeronave Hércules C130, do “Esquadrão Gordo”, baseada no Rio de Janeiro, da Força Aérea Brasileira (FAB), com tripulantes, agentes federais e os presos chegaram a Mossoró por volta de 0h40 do sábado, procedente de Campo Grande-MS.

Ao todo, 27 bandidos foram transportados do Rio Grande do Sul para três presídios federais no país, incluindo o de Mossoró.

Eles fazem parte de perigosa quadrilha envolvida em tráfico de drogas e outros crimes no estado gaúcho. Foram presos na “Operação Pulso Firme”.

Forte esquema

O forte esquema de segurança transportou os presos num grande comboio até à Penitenciária Federal na comunidade de Riacho Grande, zona rural de Mossoró, às margens da RN Mossoró-Baraúna, onde chegaram por volta de 2h.

Ao todo, 27 apenados foram retirados da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (PASC) e da Cadeia Pública de Porto Alegre em operação que começou na madrugada de sexta-feira (28).

As penas deles somam mais de 1,2 mil anos.

Além de Mossoró, os apenados foram transferidos para Porto Velho, em Rondônia e Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.

Leia também: Penitenciária Federal receberá nove presos do RS AQUI.

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domingo - 30/07/2017 - 22:04h
Futebol

Globo faz história com sétima vitória consecutiva na Série D

Neste domingo (30), o Globo de Ceará-mirim na região do Mato Grande no Rio Grande do Norte, fez história. Emplacou sua sétima vitória consecutiva na Série D do Brasileirão 2017 e está classificado para a 4ª fase.

O time venceu o Guarany de Sobral por 3 x 1 – gols Rafael (goleiro, em chute do seu próprio campo), Anderson (contra) e Renatinho Potiguar para o Globo; Rafinha para o Guarany.

Renda de R$ 5.300,00 para 529 pagantes. O jogo realizado no estádio Barrettão, em Ceará-Mirim.

Antes do Globo, os times norte-rio-grandenses com maior sequência de vitória num Brasileirão tinham sido o Potiguar de Mossoró com cinco vitórias e o ABC com seis.

No cômputo geral de pontuação da Série D este ano, América de Natal e Globo são os melhores da competição até o momento. O time americano com 25 pontos e 12 gols de saldo e o Globo com 24 pontos e 10 gols de saldo.

No próximo confronto, eles pegaram os seguintes adversários: América-RN x Juazeirense-BA; Globo-RN x URT-MG.

Com informações do Blog do Trindade.

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domingo - 30/07/2017 - 21:30h
Terça-feira, 1º

A abertura da Festa de Santa Clara em Mossoró

Do Blog da Chris

Na próxima terça-feira, 01º de agosto, acontecerá a abertura da festa de Santa Clara com a Procissão Luminosa, às 19h, saindo da Gruta daFundação Sócio-Educativa do RN (FUNSERN).

Logo depois, às 19h30, haverá a recepção da imagem peregrina seguida da missa, momento em que será apresentado o tema da festa de 2018.

A programação se encerrará às 20h30, com hasteamento da bandeira, oportunidade que contará com a participação especial da banda Filarmônica Ivaldete Basílio da Costa, da cidade de Upanema.

O Novenário começa no dia seguinte, 02, sempre às 19h30. A festa segue até o próximo dia 10.

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domingo - 30/07/2017 - 11:24h
Revista Piauí

O julgamento de Jararaca

Reportagem mostra júri simulado de cangaceiro e outros aspectos da história do combate em Mossoró

Por Adriana Negreiros (Revista Piauí)

De todas as crueldades atribuídas ao cangaceiro José Leite de Santana, vulgo Jararaca, a mais famosa consistia em arremessar crianças para o alto e apará-las com a ponta do punhal. Trespassados pela lâmina, garotinhos leves o bastante para serem lançados na direção do sol morriam lenta e dolorosamente, em meio aos gritos dos pais – e às gargalhadas do cangaceiro.

Além de assassino sádico e cruel, Jararaca – “Forte, resistente, ágil, moreno-escuro, atirador exímio, grande lutador de facas”, na descrição do historiador Luís da Câmara Cascudo – também carrega fama de pecador santificado pelo martírio. O túmulo onde jaz, no Cemitério São Sebastião, na cidade de Mossoró, recebe constantemente a visita de fiéis em busca de milagres.

Nas celebrações de Finados, em 2 de novembro, é a sepultura mais visitada daquele município do oeste do Rio Grande do Norte, a 280 quilômetros de Natal. Diante da lápide, os devotos depositam cestos de flores, laços de fita e velas acesas. Não raro também se encontram, entre as oferendas, preservativos usados – uma das crenças locais é a de que Jararaca intervém em casos de fraqueza sexual aos que se entregam ao amor por sobre seus restos mortais.

Grupo de resistência ao ataque de Lampião no distante ano de 1927 em Mossoró (Foto: reprodução da época)

Na manhã do último dia 9 de junho, uma sexta-feira, a nata da intelectualidade mossoroense reuniu-se no salão do tribunal do júri, no Fórum Desembargador Silveira Martins, para tentar chegar a um veredicto sobre a figura algo dúbia de Jararaca. Três advogados, uma professora, um padre, um jornalista e um médico formavam o conselho de sentença do tribunal simulado que decidiria, noventa anos depois de sua morte, se o cangaceiro deveria entrar para a história como bandido sanguinário ou vítima da opressão do Estado.

Nascido em 5 de maio de 1901 na cidade de Buíque, no agreste pernambucano, Santana é um dos personagens centrais do episódio mais glorioso da história de Mossoró: a vitória da resistência local ante a tentativa de invasão da cidade pelo bando de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, o Rei do Cangaço.

Em 1927, quando decidiu conquistar Mossoró, Lampião já era o grande terror dos sertões, o bandido mais temido de toda a história do Nordeste. Superara, em fama e prestígio, os ilustres cangaceiros que o antecederam, como o pernambucano José Gomes, o Cabeleira (celebrizado no romance de mesmo nome, de Franklin Távora); o baiano Lucas Evangelista, o Lucas da Feira; e o potiguar Jesuíno Brilhante.

Rodolfo: líder da resistência

Terror

Lampião e seus asseclas espalhavam violência por onde passavam, praticavam saques, incêndios e assaltos.

Com um punhal de 80 centímetros, Virgulino furava os inimigos – rendidos e ajoelhados – próximo ao osso situado logo abaixo do pescoço, a chamada saboneteira, descendo pelo corpo em linha diagonal e fazendo sangrar os grandes órgãos. O procedimento impunha à vítima uma morte vagarosa, ao gosto dos cangaceiros.

Pela habilidade de escapar à perseguição das forças policiais, Lampião já havia, àquela altura, sido elevado à categoria de lenda. Nas décadas de 20 e 30, era uma figura onipresente nos jornais, revistas e até na cena cultural do país. Em 1926, um ano antes do ataque a Mossoró, a peça Manda Chuva de Lampião garantira uma rentável bilheteria ao Teatro Carlos Gomes, no Rio de Janeiro. O Rei do Cangaço gostava de atribuir a boa sorte de não ser capturado à proteção de padre Cícero, de quem era devoto, e ao fato de ter o “corpo fechado”.

Na verdade, o fator decisivo para o sucesso das fugas do bandido era, além de seu sofisticado senso estratégico, o apoio de muitos líderes políticos e coronéis da região, a quem seu bando servia como uma espécie de milícia. Embora muitos estudiosos tenham tentado compreender Virgulino Ferreira da Silva a partir do viés marxista da luta de classes – o que lhe conferiria certo caráter de Robin Hood sertanejo –, o fato é que ele atendia sobretudo aos interesses da elite agrária.

Mossoró em 1927 e o temível Lampião

A notícia de que Lampião avançava na direção de Mossoró chegou aos ouvidos dos moradores em abril de 1927. À época, a Capital do Oeste Potiguar, como seus habitantes ainda gostam de intitulá-la, já era um dos municípios mais importantes do interior nordestino. Com 20 mil habitantes, localizada no meio do caminho entre duas capitais – Natal e Fortaleza –, em nada se assemelhava às pequenas cidades onde Lampião e seu bando saqueavam o comércio, invadiam salas de cinema e interrompiam festas de casamento, muitas vezes mandando os convidados tirarem a roupa e dançarem nus.

Mossoró sediava, àquela altura, um dos maiores parques salineiros do país e três firmas de descaroçamento e prensa de algodão, o chamado “ouro branco”. Também tinha uma agência do Banco do Brasil e três jornais – um deles, O Mossoroense, circulava desde 1872. As filhas e mulheres dos barões do sal e do algodão mandavam confeccionar seus vestidos com tafetás e sedas que chegavam da França e da Inglaterra pelo porto de Areia Branca, município litorâneo vizinho.

O presidente da Intendência Municipal de Mossoró era, ele próprio, um vistoso representante da elite salineira. Aos 55 anos, magro, bigode pincel e porte elegante – mesmo no excruciante calor mossoroense, não dispensava o terno e a gravata-borboleta –, Rodolfo Fernandes possuía, como Lampião, aguçado senso estrategista. Ao ser informado de que o cangaceiro-mor já se encontrava em território norte-rio-grandense, acionou o alerta vermelho.

Seus conselheiros mais próximos, entretanto, achavam aquela preocupação um exagero. Virgulino podia ser ousado, mas não era maluco a ponto de tentar a sorte em uma potência como Mossoró, diziam seus interlocutores. Ademais, a Catedral de Santa Luzia tinha duas torres. E, como se sabia, Virgulino costumava dizer que “cidade com mais de uma torre de igreja não é lugar para cangaceiro”. Não se tratava de superstição, mas de raciocínio lógico – municípios com tal característica eram maiores e, portanto, mais difíceis de dominar.

Durante alguns dias, Fernandes dedicou-se a elaborar um plano de resistência. Deixou os homens da cidade de sobreaviso para que, ao primeiro sinal, despachassem mulheres, idosos e crianças para as cidades vizinhas e engrossassem as trincheiras oficiais. Recorreu aos industriais e comerciantes da cidade e apurou 23 contos de réis para a aquisição de cinquenta rifles e fuzis, além de 9 mil cartuchos.

Massilon abre caminho

O intendente já tinha informações de que, em Apodi, distante apenas 80 quilômetros dali, sob o comando do cabra Massilon – que, por ser da região, liderava a incursão pelo estado –, o bando invadira a cadeia e roubara os revólveres dos praças. Não que armas fossem artigo em falta entre eles.

Massilon conhecia bem a cidade; Lampião liderava bando a distância e Sabino foi ao combate (Foto: reprodução)

No ano anterior, 1926, Lampião e seus asseclas haviam sido convocados para formar os batalhões patrióticos e combater a Coluna Prestes no sertão nordestino, tarefa conduzida pelo deputado federal Floro Bartolomeu, com a anuência de padre Cícero. Os bandoleiros nunca chegaram, de fato, a correr atrás da Coluna – mas garantiram, além de uma falsa patente de capitão para Virgulino, novíssimos fuzis de uso exclusivo do Exército para o bando.

O coronel Antônio Gurgel, um dos barões da região, acompanhava, angustiado, a evolução do grupo. Sua esposa passava uns dias em uma fazenda próxima dali, e as notícias de invasões a propriedades privadas, com alardeados estupros, espancamentos e incêndios, eram frequentes. Na tarde de 12 de junho, um domingo, Gurgel juntou em uma bolsa uma pistola, cinquenta balas e 1 conto de réis.

Tinha decidido ir ao encontro da mulher. Ainda na estrada, contudo, foi rendido pelo cangaceiro Coqueiro, que tomou sua bolsa e o levou a Lampião. A partir daquele instante, o coronel se tornou mais um refém do Rei do Cangaço – outros já haviam sido feitos na jornada dos cabras pelo Rio Grande do Norte.

Naquele mesmo domingo em que Gurgel foi capturado, os mossoroenses vestiram-se de azul e branco, de um lado, e alvinegro, de outro, para assistir a uma partida do clássico entre Humaitá e Ipiranga, os dois gigantes do futebol local. Depois do jogo, os atletas do vitorioso Humaitá saíram em passeata pela cidade. Um petit comité formado por jogadores e torcedores reuniu-se para um sarau dançante em um dos casarões de estilo colonial do Centro de Mossoró.

Quando o convescote estava no auge da animação, por volta das nove da noite, um mensageiro chegou com a má notícia: Lampião já estava em São Sebastião, povoado vizinho, em posição de ataque. Houve quem questionasse se aquilo não seria um boato plantado pela torcida do Ipiranga para interromper a comemoração do time adversário. Pelo sim, pelo não, deliberou-se pelo fim da festa.

Batendo em retirada

Foi melhor assim. Às onze, os sinos das torres da Catedral de Santa Luzia começaram a badalar. Na sequência, tocou também o sino da Igreja de São Vicente e, depois, da Igreja do Coração de Jesus. A música produzida pelos quatro sinos ecoou por toda a cidade, avisando aos moradores que era chegada a hora da batalha.

No meio da noite, levas de comboios com mulheres, velhos, crianças e, dizem as más-línguas, os covardes, deixaram Mossoró – a maioria carregava os pertences mais valiosos em pequenas trouxas feitas às pressas. O município de Areia Branca triplicou a população em questão de horas. Houve até quem pegasse barcos e navegasse rumo ao alto-mar, com temor de ser capturado por Lampião em terra firme.

Durante a madrugada, barricadas de fardos de algodão foram montadas para proteger os lugares onde os soldados se abrigariam para o combate. A casa de Rodolfo Fernandes era uma das mais seguras, com uma barreira em forma de U protegendo a frente e as laterais da residência.

A operação foi comandada pelo tenente Laurentino de Morais, enviado de Natal pelo governo do estado. Boa parte dos 150 homens armados postou-se no alto da Igreja de São Vicente. Havia combatentes também nos telhados de casas e de prédios da região. Quando o dia amanheceu, Fernandes recebeu uma carta do coronel Antônio Gurgel enviada por um portador de Lampião.

“Meu caro Rodolfo Fernandes. Desde ontem estou aprisionado do grupo de Lampião, o qual está aquartelado aqui bem perto da cidade. Manda, porém, um acordo para não atacar mediante a soma de 400 contos de réis. Posso adiantar sem receio que o grupo é numeroso, cerca de 150 homens bem equipados e municiados à farta.”

Mais à frente, implorava em nome da própria neta, Yolanda, de 2 anos, para que arrumassem a quantia e salvassem sua vida. Fernandes, sem perder tempo, enviou a resposta: “Antônio Gurgel. Não é possível satisfazer-lhe a remessa de 400 contos, pois não tenho, e mesmo no comércio é impossível encontrar tal quantia. Ignora-se onde está refugiado o gerente do Banco do Brasil, sr. Jaime Guedes. Estamos dispostos a recebê-los na altura em que eles desejarem.”

Rodolfo Fernandes x Lampião

Ao receber a correspondência, Lampião resolveu tratar o assunto de chefe para chefe. Como a ocasião exigia formalidade, escolheu um papel timbrado. No alto, lia-se a inscrição “Capitão Virgulino Ferreira (Lampião)”.

De próprio punho, garatujou as seguintes ponderações: “Coronel Rodolfo. Estando eu até aqui pretendo dinheiro. Já foi um aviso aí para os senhores. Se por acaso resolver me mandar, será a importância que aqui nos pede, eu evito a entrada aí. Porém, não vindo essa importância, eu entrarei até aí, pensa que a Deus querer eu entro e vai haver muito estrago por isto, se vir o doutor. Eu não entro aí, mas me resposte logo. Capitão Lampião.” O intendente, atendendo ao pedido do cangaceiro, foi ligeiro na resposta. Mas inflexível: “Estamos dispostos a acarretar com tudo o que o senhor queira fazer contra nós. A cidade acha-se firmemente inabalável na sua defesa.”

Como a negociação não prosperou, Lampião reuniu seu estado-maior, formado pelos cangaceiros Moderno, Ezequiel e Luís Pedro, e anunciou o início da marcha sobre Mossoró. Montados a cavalo, seguiram até a localidade de Saco, distante 2 quilômetros do Centro, onde seis reféns – entre eles, o coronel Gurgel –, permaneceram sob a vigilância de um bandido.

Os demais bandoleiros foram divididos em dois grupos, liderados respectivamente por Sabino e Massilon. Jararaca, que bebera mais cachaça do que o recomendado a um guerreiro prestes a entrar em combate, fora destituído do seu tradicional posto de líder e passara a integrar o time de Massilon. Lampião e seus tenentes seguiram para o cemitério. O combinado era que, após o assalto vitorioso, o bando voltasse a se encontrar.

Com os fuzis apoiados sobre os ombros e cantando Mulher Rendeira, o grito de guerra das invasões (Olê, mulher rendeira/olê, mulher rendá/me ensina a fazer renda/que eu te ensino a guerrear), os cangaceiros entraram na região central de Mossoró. Os ocupantes das trincheiras no alto da Igreja de São Vicente e da casa do intendente tinham visão privilegiada do avanço das tropas.

Tão logo o grupo surgiu no horizonte, iniciaram-se os disparos. Os cangaceiros, acostumados a desfilar nos povoados sem serem incomodados, foram surpreendidos. O cabra Colchete, do grupo de Massilon, tentou avançar sobre uma barricada de algodão e foi morto por um tiro certeiro na cabeça. Jararaca, ao ver a cena, correu na direção do companheiro e foi atingido por um tiro no peito. Mesmo machucado e ainda embriagado, conseguiu levantar-se e correr, ocasião em que levou outro balaço, dessa vez na coxa, perto da bunda.

Derrotados, Sabino, Massilon e os demais correram em direção ao cemitério e transmitiram as más notícias para o estado-maior cangaceiro. De lá, o grupo seguiu até o Saco, pegou os reféns e os cavalos e fugiu em disparada. Aquele episódio acabaria por se constituir na maior humilhação imposta ao Imperador dos Sertões, o Governador da Caatinga, o todo-poderoso Rei do Cangaço. Também serviria para despertar o espírito cívico dos mossoroenses.

Orgulho mossoroense

Desde então, seus moradores passaram a se referir ao município, hoje com 290 mil habitantes, como “País de Mossoró”.

“Todo mossoroense cresce ouvindo, com orgulho, os relatos da vitória contra o bando de Lampião”, disse-me a atual prefeita do País de Mossoró, Rosalba Ciarlini, uma sorridente médica de 64 anos cujo penteado e jeito de se vestir lembram o da ex-presidente Dilma Rousseff.

Enquanto aguardávamos o início do julgamento de Jararaca, a prefeita me ocuparia contando histórias reveladoras do espírito vanguardista e libertário da cidade. Lembrou que em 1927, mesmo ano dos fatos gloriosos, a professora Celina Guimarães Viana tornou-se a primeira eleitora do Brasil. Antes que o voto feminino fosse regulamentado pelo Código Eleitoral de 1932, uma lei potiguar estabeleceu a indistinção de sexo para votar e ser votado. Guimarães, além de entusiasta do ideário do humanismo cívico, também era juíza de futebol.

Cunha Lima e Honório de Medeiros: duelo de alto nível intelectual (Foto: arquivo)

Rosalba Ciarlini recordou ainda que, em 1875, 300 mulheres saíram às ruas de Mossoró para protestar contra o alistamento militar obrigatório. Com pedaços de pau e pedras, renderam um juiz de paz e, na sequência, confiscaram e picaram os documentos relativos à convocação de seus filhos e maridos.

Também rasgaram os editais de alistamento afixados pela cidade e, em uma praça, chegaram a trocar sopapos com os soldados da força pública. O motim, que entraria para a história como a Marcha das Mulheres, seria outra demonstração inequívoca da valentia e bravura dos nascidos no País de Mossoró. “A líder da Marcha, Anna Floriano, é minha tataravó”, disse a prefeita, sem disfarçar o orgulho.

Minha aula de história foi bruscamente interrompida um minuto depois das nove e meia da manhã, quando o juiz Breno Valério Fausto de Medeiros, da 3ª Vara de Família da Comarca da cidade, declarou aberta a sessão do júri. “Este é um julgamento de valor sociológico”, explicou. “A população mossoroense, representada pelos jurados aqui presentes, irá decidir se Jararaca é vítima ou culpado.”

Cerca de oitenta pessoas tinham ido assistir ao debate entre defesa e acusação, a maioria estudantes e professores de direito e história. Vestiam-se com capricho.

Duelistas proeminentes no júri

O ar-condicionado gelava o salão espartano, adornado com um mobiliário funcional em tons de cinza. Os homens podiam trajar seus ternos elegantes, a despeito do calor de 30ºC do lado de fora. Algumas mulheres usavam saltos altos, bem como rímel, delineador e sombra esfumada nas pálpebras.

O julgamento havia sido idealizado e organizado pela Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço (SBEC) como parte das comemorações pelos 90 anos da Resistência, termo usado pelos mossoroenses para referir-se ao episódio de 1927.

Um desavisado que, por distração, intitule o fato de “invasão” corre o risco de ser submetido a mínimos dez minutos de explanação semiótica sobre o evento, a depender do interlocutor.

À exceção de uma mulher com chapéu de cangaceira na plateia, o evento não tinha nada de folclórico ou caricato.

Acusação e defesa foram assumidas por duas figuras proeminentes na cena jurídica local, ambas vestidas a caráter, com toga: os advogados Diógenes da Cunha Lima, ex-reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e presidente da Academia Norte-rio-grandense de Letras; e Honório de Medeiros, mestre em filosofia do direito e assessor jurídico do governo do estado. Cada um dispôs de sessenta minutos para fazer, respectivamente, a acusação e a defesa do cangaceiro.

“Jararaca não tinha esse nome por ser feio”, discursou Cunha Lima, fazendo suspense sobre o apelido do réu. “Mas pelos atos de animal peçonhento”, concluiu o advogado, um homem magro e bonito que, ao sorrir, parece ter menos do que seus 80 anos. Cunha Lima argumentou que o cangaceiro obedecia a um chefe sanguinário, que frequentemente cortava a língua de seus inimigos.

Num tom grave, recorreu a uma narrativa que adquiriu tons de lenda e é constantemente lembrada, com um ou outro detalhe diferente, pelos que contam as peripécias de Lampião. Conforme a história, certa vez, durante a invasão a uma fazenda, o sicário tentou beijar uma moça à força. Seu noivo, ao presenciar a cena, foi tirar satisfações com o bandido.

Ato contínuo, o pobre homem teve calças e cueca arrancadas e os testículos trancados a chave na gaveta de uma cômoda. Sobre o móvel, Lampião deixou um facão. “Volto em dez minutos”, avisou ao rapaz. “Se você ainda estiver aqui, será morto.” A lenda não conclui se o jovem cortou os testículos para sobreviver ou se foi torturado e aniquilado pelo cangaceiro.

Acusador, Lampião e Shakespeare

“Esse era o tipo de coisa que Lampião e sua gente fazia. Não se pode considerar que um homem como Jararaca não seja culpado”, argumentou Cunha Lima, com os olhos fixos nos sete jurados. Os cangaceiros, ele disse, cometiam atos bárbaros motivados por ganância, pura maldade e desejo de fama. Comparou Lampião ao personagem Macbeth, de Shakespeare. “Um tornou-se rei da Escócia. Outro, do sertão. Ambos usavam ouro sobre a cabeça – um, em forma de coroa; outro, nos enfeites do chapéu. Os dois diziam ter os corpos fechados. Ambos tinham mulheres bandidas – Lady Macbeth e Maria Bonita – e eram sanguinários e destruidores de vidas”, explicou.

“Que ninguém se esqueça dos crimes que os cangaceiros fizeram contra a heroica cidade de Mossoró”, concluiu. E, em tom jocoso, lembrou aos jurados que havia um certo ex-presidente brasileiro que também se considerava uma jararaca.

Enquanto Lampião e seu bando galopavam o mais rapidamente possível para bem longe de Mossoró, Jararaca conseguiu rastejar por entre a multidão – que estava distraída arrastando o corpo do cangaceiro Colchete pela cidade – e alcançar a ponte férrea, na saída para Areia Branca. Dormiu próximo a um arbusto e, ao amanhecer, arrastou-se por mais alguns metros até encontrar um grupo de trabalhadores da estrada de ferro. A um deles, chamado Pedro Tomé, Jararaca entregou uma quantia em dinheiro e pediu que fosse à cidade buscar algodão, gaze e água oxigenada.

Pedro Tomé, um homem caseiro, trabalhador e pouco dado aos fuxicos que corriam pelas praças da cidade, estava por fora dos eventos virtuosos da véspera. Ouvira o barulho dos tiros, ao longe, mas os tomara por fogos de artifício – 13 de junho é o dia em que se acendem enormes fogueiras em homenagem a santo Antônio. Ao chegar à farmácia e contar sobre o homem ferido, foi alertado de que se tratava de um cangaceiro. Apavorado, Tomé voltou para casa protegido por dois policiais. Jararaca recebeu voz de prisão e foi levado para a cadeia pública de Mossoró, no Centro da cidade.

A cela em que Jararaca ficou trancado tinha grades que davam para a rua. Centenas de mossoroenses amontoavam-se em frente ao local para ver um cangaceiro de perto, como um leão feroz preso a uma jaula do zoológico. Enchiam-lhe de perguntas. Queriam saber quantos homens já havia matado. Se amealhara fortuna no cangaço. Quais eram seus arrependimentos. Até hoje, corre a lenda de que, nesse momento, Jararaca teria confessado sentir um único remorso: de aparar crianças com a ponta do punhal.

Jararaca: morte em Mossoró (Foto: reprodução)

Um dos que correu até a cadeia para ver o bandido foi Raul Fernandes, filho do intendente Rodolfo. Tinha então 19 anos. Mais tarde, já médico, escreveria o livro A Marcha de Lampião, no qual descreve Jararaca como um sujeito “mestiço, de estatura média, músculos rijos, compleição robusta, mais forte do que os soldados circundantes”.

O bandido recebeu cuidados médicos na prisão e foi autorizado a permanecer, parte do tempo, em uma sala mais reservada, onde podia se acomodar numa espreguiçadeira de lona. Foi ali, provavelmente, que ele recebeu Lauro da Escóssia, filho do dono do diário O Mossoroense, depois que o jornalista conseguiu autorização da direção da cadeia para realizar a primeira entrevista com Jararaca.

Segundo o relato de Escóssia, seu interlocutor fazia barulho ao respirar, por causa do tiro no pulmão, e tinha olhos opacos. O preso também revelaria detalhes operacionais da tentativa de invasão, como o fato de ter sido Massilon o idealizador do ataque. O concorrente O Correio do Povo também traria uma entrevista bombástica com Jararaca: ao repórter, o bandido citara nomes de políticos e coronéis nordestinos que davam proteção e recebiam dinheiro de cangaceiros.

Na sequência às delações de Jararaca, o tenente Laurentino de Morais, comandante da operação de resistência, foi chamado às pressas a Natal por seus superiores.

Possivelmente na noite de 20 de junho – a data exata ainda é motivo de controvérsias entre pesquisadores –, Jararaca foi acordado por dois policiais, com a justificativa de que seria levado à capital para tratamento médico. Sonolento, o bandido, segundo escreveria Raul Fernandes, teria pedido alguns minutos para recolher os pertences, dentre eles seu velho par de alpercatas. “Deixe-as aí. Em Natal, você será presenteado com sapatos de verniz”, disse, com ironia, um dos policiais.

Do lado de fora da cadeia, uma escolta formada por oficiais – dentre eles, o tenente Laurentino de Morais – aguardava o cangaceiro, logo acomodado no banco de um possante Willys-Knight com capota de lona. Quando o veículo já pegava velocidade, o cangaceiro olhou pela janela e estranhou o caminho que estavam tomando. Em vez da estrada para Natal, iam na direção contrária. Em frente ao Cemitério São Sebastião, o motorista pôs o pé no freio e desligou o motor. Os policiais arrastaram o bandido para fora do carro, adentraram o cemitério e, ao dobrar à esquerda, chegaram a uma cova aberta.

O que se sucedeu foi, durante anos, motivo de controvérsia. O pesquisador Kydelmir Dantas, membro da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço, lembra que, enquanto esteve na ativa, o sargento Pedro Silvio de Morais, um dos comandantes da resistência, sustentou que Jararaca havia sido morto com uma coronhada do fuzil de um policial, “sem que seu corpo sofresse qualquer decepação”. O depoimento de Morais consta do livro Lampião em Mossoró, publicado pelo historiador potiguar Raimundo Nonato em 1955.

Em 1996, já na reserva, o mesmo Morais daria outra versão dos fatos para o historiador Raimundo Soares de Brito, autor de Nas Garras de Lampião: “De todas as ocorrências daquela noite, a que mais me comoveu foi quando os seus coveiros quebraram, com picaretas e coices de armas, as pernas do infeliz bandoleiro, pois a cova que fora cavada antes era muito pequena.”

A defesa com filosofia

O advogado Honório de Medeiros, encarregado de defender Jararaca, recorreu a uma livre interpretação de um dos mestres da filosofia racionalista do século XVII para dar início a sua fala. “Espinoza dizia que quem tudo compreende tudo perdoa”, sentenciou, batendo as pontas dos dedos contra o tablado do púlpito enquanto encarava a plateia com ar solene. Aos 59 anos, cabelos grisalhos e olhos vivos, Medeiros é um homem alto, de corpo forte e presença vigorosa na corte, em contraste com os modos suaves do acusador Diógenes Cunha Lima.

“Jararaca nasceu pobre, preto e bastardo. Jararaca nasceu condenado”, disse, em tom dramático. “Levava uma vida sem esperança, sem médico, sem música, sem alimento, sem nada. Olhava para o futuro e via, entre amanheceres e anoiteceres, longos dias de trabalho praticamente escravo”, argumentou. “Cangaceiros, ao contrário, eram homens embriagados de liberdade, assim como, no oeste americano, foram Billy the Kid e Bonnie & Clyde”, afirmou, em referência ao ladrão que aterrorizou os Estados Unidos no final do século XIX e ao casal fora da lei especializado em assaltar bancos durante a Grande Depressão americana.

O advogado pediu aos jurados e à plateia que evitassem julgar os crimes de Jararaca com os olhos de hoje. Fez uma longa explanação sobre insubmissão e evolução do processo civilizatório. Disse que madre Teresa de Calcutá e o físico Albert Einstein, assim como Jararaca e Massilon (sobre cuja trajetória publicou um livro), também eram rebeldes.

“A insubmissão está consagrada na história e na ciência”, defendeu. “Os insubmissos mudam a ordem das coisas. Com a Lava Jato, o Ministério Público Federal também criou uma ruptura.”

Nos minutos finais da defesa, ao ser alertado por um oficial de Justiça de que o tempo estava prestes a se encerrar, narrou, com fortes tintas, o triste fim de José Leite de Santana. “Os soldados, sob observação de tenentes e sargentos, levam Jararaca até uma cova previamente aberta. Percebem que ele estertora. Não estava morto. Os oficiais recuam e determinam que o ponham dentro da cova. E, estertorando, Jararaca recebe a primeira pazada de areia na cara. É sepultado. Vivo”, contou, levantando a voz ao pronunciar a última palavra.

“O Estado prendeu, julgou, condenou e executou Jararaca sem que ele tivesse direito à defesa. Pagou uma pena violenta e tenebrosa. E estamos aqui reunidos para condená-lo de novo?”, indagou, enfaticamente, dirigindo-se aos advogados, ao padre, ao jornalista e ao médico que compunham o conselho de sentença. “O que peço é que compreendamos Jararaca. E, porque o compreendemos, sejamos capazes de perdoá-lo”, concluiu.

A plateia parecia impactada com o discurso de Honório de Medeiros. Os aplausos que ele recebeu (proibidos em um júri convencional, mas liberados naquele julgamento simulado) foram mais intensos do que os dedicados à acusação.

Diógenes da Cunha Lima tinha direito a uma réplica, mas a dispensou. “Ele foi brilhante. Fiquei apaixonado”, confessou o jornalista Raimundo Lopes, presente à audiência.

A sentença

O juiz Breno Fausto de Medeiros determinou que dois oficiais providenciassem a coleta dos votos. Cada um segurava uma urna de tecido vermelho aveludado. Na primeira, os jurados deveriam depositar o voto válido – vítima ou culpado – e, na segunda, o descarte.

Finda a coleta, o juiz recebeu a urna com os votos válidos e passou à leitura das cédulas. “Primeiro voto: culpado”, anunciou, para um auditório em silêncio. “Segundo voto: vítima. Terceiro voto: vítima.” E assim prosseguiu, até o último voto. Por 6 a 1, Jararaca foi absolvido da acusação de inimigo de Mossoró.

Júri simulado ocorreu em Mossoró (Foto: cedida)

O juiz solicitou aos presentes que ficassem de pé para a leitura da sentença. Após um breve resumo do caso, proferiu a conclusão: “O conselho de sentença composto por representantes da sociedade mossoroense, personalidades de reputação ilibada e capacitação inconteste, acolheu, por maioria, a tese da defesa, absolvendo o acusado no seu julgamento histórico e o reconhecendo injustiçado e vítima dos seus algozes.”

Encerrada a audiência, o juiz, alguns jurados, advogados e jornalistas reuniram-se para almoçar num restaurante especializado em costela de javali. “Fiquei surpreso com o resultado”, disse-me o juiz Breno Fausto, enquanto esvaziava uma concha de feijão-verde no prato. “Mossoró é uma cidade peculiar. Ao mesmo tempo em que se orgulha da resistência absolve um cangaceiro”, comentou.

O único voto contra Jararaca tinha partido do médico e advogado Armando Negreiros, cuja revolta contra a sentença adquiria ares dramáticos. “Com esse júri, Mossoró renuncia à resistência e condena a figura de Rodolfo Fernandes”, reclamou, depois de tomar um gole no copo de cerveja. “Jararaca era um delinquente de última categoria, um bandido de alta periculosidade. Como é que um homem desses é vítima de alguma coisa?”

Durante o almoço, Diógenes da Cunha Lima ouviu de mais de um comensal a mesma explicação para o seu infortúnio: tinha perdido a simpatia do corpo de sentença ao citar, indiretamente, a figura do ex-presidente Lula. “Era um júri majoritariamente de esquerda”, ponderou Armando Negreiros. “Não reflete o que a sociedade norte-rio-grandense pensa”, lamentou.

Quis o destino que o júri simulado de Jararaca ocorresse no mesmo dia em que, em Brasília, encerrava-se o julgamento da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral, ocasião em que o voto de minerva do ministro Gilmar Mendes permitiu que o presidente Michel Temer permanecesse no Palácio do Planalto.

No Twitter, observadores da cena potiguar relacionaram os dois casos. “Se até Jararaca foi inocentado em Mossoró, você queria que no TSE fosse diferente?”, indagou @Luzichi. “Jararaca, assaltante de Mossoró, sequestrador, assassino confesso, foi absolvido de quê? Foi o TSE que o liberou?”, escreveu @thadeubrandao.

Mossoró tem, de fato, uma relação dúbia com os cangaceiros. Chuva de Bala no País de Mossoró, espetáculo teatral em que cerca de oitenta atores encenam a expulsão de Lampião, tratando o intendente Rodolfo Fernandes como herói, é um dos pontos altos da programação cultural da cidade, atraindo multidões de espectadores de toda a região.

Já no Memorial da Resistência, espaço construído pela prefeitura, em 2008, para contar os eventos de 1927, há, na entrada, enormes painéis de Lampião e Maria Bonita. Uma escolha que, para muitos, é difícil de entender: se os grandes heróis da Resistência foram os combatentes, por que as fotos destacadas são as dos cangaceiros? “Trata-se de um simbolismo. Os resistentes não venceram qualquer um. Venceram Lampião, o Rei do Cangaço”, teorizou a professora Ludimilla Oliveira, que compôs o júri de Jararaca.

Coincidência ou não, na sessão solene em homenagem ao aniversário de 90 anos da Resistência, na Câmara Municipal, ninguém comentou o mérito da absolvição de Jararaca. “O maior resultado do julgamento é o resgate da história da Resistência, independente da absolvição ou condenação”, esquivou-se a prefeita Rosalba Ciarlini, presente à sessão.

Mais história

Leia também: “Júri simulado” tem sentença favorável a Jararaca AQUI;

Leia também: A resistência de Mossoró ao bando de Lampião AQUI;

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No discurso mais aplaudido da solenidade, o advogado Francisco Marcos de Araújo, presidente da comissão organizadora das comemorações da Resistência, convocou o espírito guerreiro de seus conterrâneos. “Só podemos, no presente, dizer que somos um povo libertário e valente porque não nos tornamos genuflexos ao jugo vandalista do cangaço”, discursou, quase aos gritos.

Ao fim da cerimônia, todos os participantes – inclusive a prefeita – dançaram miudinho ao som do hino de Mossoró, um xote cuja letra diz: Lembramos hoje teus anos de glória/Ousada foste sempre Mossoró/Por ti começa a senda da vitória/Na luta ao cangaceiro Lampião.

Na manhã de 10 de junho, um dia após a absolvição de Jararaca, duas velas queimavam sobre seu jazigo no Cemitério São Sebastião. Um cesto de vime azul ostentava uma rosa branca, com folhas no caule. Potes de plástico transparentes comportavam flores amarelas. Arranjos de flores artificiais, envolvidas em fitas azuis, caíam por sobre a lápide.

Dali era possível ver, a não mais do que 10 metros de distância, o túmulo do herói da Resistência mossoroense, o intendente Rodolfo Fernandes. A construção, bem mais imponente que a de Jararaca, contém um busto do líder político e é adornada por colunas gregas.

Sobre a lápide de Fernandes jazia uma solitária rosa vermelha, com as pétalas já secas, esturricadas pelo inclemente sol da valente Capital do Oeste Potiguar, o País de Mossoró.

Veja matéria originalmente na página da própria Piauí clicando AQUI.

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domingo - 30/07/2017 - 09:46h

De distâncias e de saudades – território do tempo

Por Marcos Pinto

O passado não é aquilo que passa, mas aquilo que fica do que passou”. (Alceu Amoroso Lima)

Nada mais   agradável e instigante do que flagrarmos   filigranas de nossos   hábitos tão antigos quanto bons.  Nesse desiderato, percebemos que somos reduto de observações notáveis, constitutivas   de fomento para o descerrar das cortinas de um futuro promissor.

Entremeando, surge   a incontestável   certeza de que as distâncias da   vida nos impõe saudades dos nossos entes, dimensionadas pelos sublimes liames do mais intrínseco e intenso bem-querer.

A sucinta abordagem dessas complexas distâncias do tempo revela lances de inéditas descobertas para solução dos temais mais variados. Oferece contribuições notáveis em problemas complexos ainda não resolvidos.   Quando Deus criou o mundo, com certeza deixou o seu veemente DNA intrinsecamente vinculando às distâncias e as saudades.

Não adianta pegar morcego nas asas do tempo, sem bater a macega nos arredores da alma.  Diante o terrível quadro de incerto futuro, resta um entalo na garganta, dominado por um certo sentimento de pavor.  O inflexível distanciamento entre o passado dolente e o presente escurecido e estático impregna-se uma rubrica de incréu da pior espécie.

Entre a prevenção e a cautela há uma   imensurável gama de circunstâncias extraordinárias, que nos arrebata   para uma refrega entre as experiências insofismáveis do passado e as encrencas do presente.  Nenhum de nós sairá dessa enruga   sem levar inequívocos   sinais   da peleja.  Esse caldeamento existente entre as distâncias e as saudades forjou em   nossas   individualidades uma espécie de heroico   D´Atanam   sertanejo, cheio de estranho e incontrolável sobresso.

A jornada empreendida entre as paralelas da distância do tempo e a saudade calma e silente deixa-nos   enlouquecidos de esperança. É certo que esse perlustrar por atalhos muito fechados incute-nos um pavor que reclama a adoção de estratégias de prevenção.  Pululam almas danadas em rincões que apontam saudades irrefreáveis.

As lutas da vida reclamam um intenso pastoreio dos rebanhos de nossas   tentações   materiais, norteando o azimute das avaliações.  É nesse território do tempo que a escola da vida roteiriza um alicerce para a vida, impregnando qualidades   da têmpora do caráter, que mais tarde configurará um legado como um grande   patrimônio moral.  Quando perambulamos por alegre ócio estamos validando o próprio   retrato do nomadismo com DNA do   dom da ubiquidade.

O território do tempo revela   uma mobilidade espantosa, catapultando poetas das solidões noturnas e do abandono das horas esquecidas.  Por que não reconhecer que, nesse contexto, somos como uma espécie de príncipes da saudade, sem amor e sem trono.  Passamos indiferentemente pelas sombras de nossas recordações nada evocadoras.

Por que não entoar canções sentimentais, cheias   de ternuras e de enamoradas esperanças? Assombra-me a certeza da noite sonolenta e fria do meu desfecho existencial.  Lá pelos dias mais ou menos distantes, alguém há de lembrar de alguma minudência que fixou o meu nome antes do meu último sol   se por.

Temos o majestoso senhor do Tempo   empunhando a espada das nobres causas, enfileirando-nos marcialmente como fidalgos empobrecidos e orgulhosos, altivamente desocupados.

Somos insistentes na pobreza, apenas escapando a vida.  Em momentos vários somos imaginosos, cheios de inventivas, cínicos para sobreviver à má sorte.  Também sem a nossa hora, essa hora que nós próprios escamoteamos, burlamos, evitamos, enganamos, conspurcamos. Por isso que somos, ao mesmo tempo, patéticos e   estoicos.

Inté.

Marcos Pinto é advogado e escritor

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Categoria(s): Crônica
domingo - 30/07/2017 - 09:16h

Esse monstro chamado violência

Por Gutemberg Dias

A segurança pública no âmbito do município de Mossoró, assim como no estado do Rio Grande do Norte, é um grande problema que precisa de solução urgente independente de cores partidárias. Esse monstro de mil formas é onipresente e assustador.

Esse ano só o estado teve caminha célere para alcançar marca de 1.500 homicídios, a maioria provocada por armas de fogo. Se comparado com o mesmo período do ano anterior já se tem um aumento de aproximadamente 22%. Em Mossoró os números são uma reprodução do que acontece no estado e até agora já são mais de 140 homicídios.

Os números apresentados são do Observatório da Violência Letal Intencional do RN (OBVIO), que faz levantamento com base em metodologia científica e não tem ligação com qualquer entidade partidária.

Diante dos números fica a pergunta que muitos fazem todo santo dia: – o que fazer para solucionar esse grave problema? Existe solução a curto prazo?

Sei que não é fácil resolver esse sério problema que em suma é de competência da gestão estadual, já que é ela a responsável pela segurança pública no âmbito institucional, principalmente, quando grandes facções criminosas (PCC e Sindicato do Crime) duelam pelo poder e agravam ainda mais o quadro geral.

Mas, voltando à questão da segurança em Mossoró. Hoje está claro que a gestão municipal não tem foco nessa área e que as ações administrativas, pelo menos aparentes, não seguem uma sincronia com as envidadas pelo governo do estado. Isso ficou claro quando a gestora municipal discordou em público do gestor estadual quanto as ações de segurança para o município (veja link para matéria ao final desse artigo).

Com o encerramento do programa das BIC’s (Base Integrada Cidadã) que foi uma das bandeiras dos dois últimos gestores (Cláudia Regina e Francisco José) pela atual gestão, o município praticamente extinguiu ações mais efetivas de combate à violência.

Defendo que o município seja parceiro do estado na organização de estratégias de combate a violência. Isso é possível devido Mossoró ter uma secretaria voltada a segurança pública e ter um grande efetivo de guarda civil, ou seja, a base já está pronta.

A Guarda Civil Municipal com um contingente de mais de 300 homens tem um papel importante no relacionamento com a população. Acredito que ela deva ser utilizada no modelo de polícia de aproximação e estar muito mais presente junto à população.

Podemos dizer que ela poderia ser o grande elo entre o povo e a Polícia Militar que, constitucionalmente, é a responsável direta pelas ações de enfrentamento.

O Gabinete de Gestão Integrada (GGI) que se reúne basicamente em momentos de crise, deveria ter um calendário regular para que os entes que fazem a gestão da segurança pública possam dialogar constantemente. Tenho plena convicção que muitos projetos poderiam ser gestados no âmbito do GGI com foco no enfrentamento dessa grave crise que assola o sistema de segurança pública.

Em paralelo, o município poderia desenvolver ações voltadas à juventude nos bairros periféricos, principalmente, nos mais susceptíveis ao domínio do tráfico de drogas. Essas ações poderiam se alicerçar na implantação de projetos voltados ao esporte e cultura que consigam atrair a juventude e mantê-la longe das ruas e da influência deletéria do crime organizado.

Ainda, é importante frisar o papel da escola na discussão permanente desse tema. Dessa forma, a sala de aula deve ser mais um campo de difusão de práticas que impulsionem o distanciamento dos jovens da influência do crime organizado.

Escuridão

Outro ponto, que o próprio Blog Carlos Santos já salientou em várias postagens, alertando para maiores condições à prática de crimes, é a iluminação pública. Mossoró está às escuras, do centro à periferia. Nem o chamado “bairro nobre” do Nova Betânia escapa a essa realidade.

Diante disso, fica claro que o município de Mossoró tem muito a oferecer em relação ao enfrentamento da violência. Para isso é preciso muita organização e parceria com o governo do estado para que os projetos possam efetivamente acontecer.

Na atual crise que vive a segurança pública no estado e, obviamente, o reflexo acontece nos municípios, a junção de forças é de extrema importância para que tenhamos resultados efetivos. Bem como, os gestores precisam entender que esse problema é generalizado e sem parceria não chegarão a canto algum.

De um modo geral, o povo não precisa de um governador, prefeito ou seja lá o que for da segurança; na realidade o povo precisa de um estado forte que atue integrado para lhe dar, pelo menos, a sensação de segurança.

Leia também: Robinson cobra Rosalba por apoio à segurança e ela se esquiva AQUI.

Gutemberg Dias é graduado em Geografia, mestre em Ciências Naturais e empresário

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Categoria(s): Artigo
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domingo - 30/07/2017 - 08:28h

Carta a um desconhecido ignorante

Por François Silvestre

Um aviso: Se você não é ignorante nem desconhecido, não leia esta carta. Caso a receba, não abra o envelope. Não é de boa educação ler correspondência alheia.

Difícil é a educação superar a curiosidade. Se não é destinada a você, contenha-se. Mesmo que você diga a si mesmo: “quem disse que eu quero ler essa bosta”?

Cumpra sua pose de destinatário equivocado e rasgue o envelope sem retirar a carta. Consegue? Duvido.

Esta carta não é para você. Ao lê-la, revela má educação. Não conhece nem cumpre as regras da civilidade na cultura das correspondências. Não se lê correspondência alheia. O que danado você tá fazendo? Tá lendo isso? É um maleducado!

Essa carta não é sua. É pra um desconhecido ignorante. Se chegou ao seu endereço, foi equívoco dos Correios. Ou resultado da greve dos carteiros. Portanto, não leia.

A menos que você não saiba ler. Aí pergunte ao carteiro furador da greve, do que se trata. E se ele souber ler, vai dizer que não pode fazê-lo, pois não é um ignorante desconhecido.

Essa carta, missiva dos tempos outros, destina-se apenas e tão somente aos ignorantes. E ainda por cima se estiverem por baixo.

Você é ignorante? Se sim, continue lendo. Você já esteve por cima? Se sim, continue lendo. Você agora está por baixo? Se sim, continue lendo.

Você não é ignorante? Se não, vá ler outra coisa. Você nunca esteve por cima? Se não, vá ler outra coisa. Você sempre esteve por baixo? Se sim, tá perdendo seu tempo.

Você acredita em jornal? Se sim, continue lendo. Você acredita em político? Se sim, continue lendo. Você acredita em justiça? Se sim, continue lendo. Você acredita em mula sem cabeça? Se sim, leia e releia.

Você não perde tempo com besteira? Se não, por que tá lendo isso?  Você perde tempo com besteira? Se sim, pode abrir o envelope, talvez a carta seja pra seu vizinho. Todo vizinho é meio estúpido, né não? Então jogue essa carta no seu (dele) quintal.

Pus o “dele” entre parênteses porque talvez seja você o vizinho estúpido do outro vizinho menos bocó. Basta perguntar se ele leu isso. Se ele tiver lido, vocês se merecem. Se não, o bocó é você.

Pois bem. Gastei tanto tempo tentando localizar um destinatário que se nivele ao remetente, que quase não sobrou espaço para o assunto da carta.

Se você quer saber o assunto é sinal de que abriu o envelope e tá lendo. Ou não? Tantantantaaamm!

O assunto é uma graninha por fora. Não se assuste. Nada de telefone. Nem de e-mail. Nem encontro à noite. Mesmo que você seja chegado num encontro noturno.

Vamos conversar pessoalmente.

Diga ao Temer, pessoalmente, que não receba mais seus amigos bandidos no Jaburu. Venham pra cá. Aqui temos triturador de voz, fala todo mundo ao mesmo tempo; não há gravador ou perito que consiga separar as falas.

Té mais.

François Silvestre é escritor

* Texto originalmente publicado no Novo Jornal.

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Categoria(s): Crônica
domingo - 30/07/2017 - 07:40h

Só Rindo (Folclore Político)

Casamento e feira

Prefeito de Caicó, “seu” Manoel Torres é informado por auxiliar do gabinete que uma velha “comadre” e eleitora dele está na antessala. Quer trocar uns dedinhos de prosa.

Coisa rápida. Não demora.

– Pode mandar entrar – orienta.

Passado o salamaleque, ela faz cuidadoso rodeio para chegar ao ponto que a interessa, já sob a mira do olhar do prefeito:

– Minha filha vai casar, aquela sua afilhada, e quer uma ajudazinha sua pros papeis do cartório. É coisa pouca, mas o rapaz num tem…

Sem delongas, Manoel Torres em vez de dinheiro lhe oferta um conselho a ser repassado à noiva:

– Diga a ela que não queira esse casamento, comadre. A primeira despesa ele não tem dinheiro, imagine para a feira que é de oito em oito dias.

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Categoria(s): Folclore Político
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domingo - 30/07/2017 - 07:08h

Brasília paranoica

Por Paulo Linhares

Por muitos anos a metrópole planejadas por Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, Brasília, não passou de um esboço de grandes espaços vazios salteados com angulosas e curvilíneas estruturas de concreto armado – palácios, igrejas, aqueles prediozinhos enfileirados que parecem pedras do dominó que sediam ministérios, o conjunto arquitetônico que abrigam as duas casas do Congresso Nacional caracterizado pelas famosas meias esferas invertidas (ou pratos de sopa, como querem outros) e contrastadas por um duplo espigão.

Nos albores da nova capital, a visão fantasmagórica e desoladora de suas estruturas arquitetônicas  e urbanísticas causaram forte e negativa impressão num casal de visitantes ilustres, o filósofo Jean-Paul Sartre e a escritora Simone de Beauvoir, a tirar pelo que esta escreveu: “Guardo a impressão de ter visto nascer um monstro, cujo coração e pulmão funcionam artificialmente, graças a processos de um custo mirabolante.”

Por seu turno, Sartre igualmente ficou horrorizado como uma “suculenta” feijoada que lhe serviram num convescote no Rio de Janeiro, em 1960, no apartamento do jornalista José Guilherme Mendes, quando fez o famoso ‘elogio’ à culinária tupiniquim: “Mais… C’est la merde!” Nem precisa tradução.

Detestou a feijoada e Brasília. Embora não tenha dito expressamente, ficou patente  que nunca mais viria a Brasília e ao Brasil.

Durante os vinte e um anos de governos militares as ideias  urbanísticas  e arquitetônicas dos criadores de Brasília  foram preservadas, a despeito de alguns arranca-rabos entre o notório comunista Niemeyer e os novos donos do poder que, de princípio, pensaram em dispensar os serviços do arquiteto tornado celebridade internacional de cuja prancheta sairiam sofisticados projetos que encantaram a Europa e os Estados Unidos  da América, inclusive, foi seu o projeto arquitetônico da sede da Organização das Nações Unidas, localizada em Nova Iorque, construída entre 1949 e 1952.

Numa dessas brigas os militares conseguiam impor sua vontade e desfiguraram o futurístico projeto do aeroporto de Brasília, cujo resultado desastroso os obrigou a retomar as encomendas de novos projetos ao escritório arquitetônico do carismático e não menos irascível Niemayer que, numa genial revanche projetou o belo monumento em memória do ex-presidente Juscelino Kubitschek que, batido pelo cáustico sol do cerrado, a certa hora do dia, lança sobre o quartel-general do Exército Brasileiro, o chamado “Forte Apache”, a sombra assustadora de uma foice e um martelo entrelaçados.

Mais de cinco décadas depois, a menina Brasília de Juscelino tornou-se uma cinquentona cheia de vícios, deturpações e medos. A sua passagem é marcada pela suntuosidade dos conjuntos arquitetônicos que abrigam os tribunais superiores e a Procuradoria Geral da República.

No mais, a capital da República vive todos os dramas sócio-ambientais de outras metrópoles terceiro-mundistas, inclusive, o cinturão de comunidades pobres (as Cidades-Satélites) fruto de explosão populacional aliada à precariedade da geração de emprego e renda, um dos efeitos colaterais, também, das péssimas administrações governamentais do Distrito Federal, com governos populistas, corruptos ou ambos.

A Brasília hodierna, nestes tempos de Lava Jato, é uma cidade amedrontada, policialesca, paranóica, como nunca foi, mesmo na época de poder fardado. Agora, sob os auspícios do poder togado, a intolerância e as posturas autoritárias campeiam. No Senado Federal, por exemplo, o acesso do cidadão comum está muito restrito e precisa uma autorização  do gabinete que visitar.

Enfim, na maioria das repartições públicas de Brasília os visitantes são  vistos, de princípio, como terroristas potencialmente perigosos. Sem qualquer exagero. Só vexames e humilhações que em nada ajudam a superação do clima de insegurança. Um horror.

E isto tudo somente reflete o clima de desagregação institucional vivido pelo Brasil, em que a imagem do presidente da República está cada vez mais abalada após delações que envolvem Temer em graves casos de corrupção, isto sem falar no enorme desprestígio do Congresso Nacional em razão da perda de iniciativa política, além de ter a maioria de suas lideranças também  acusadas de receber propinas.

Enfim, evidencia-se como verdadeira a profecia de Simone de Beauvoir: Brasília foi transformada num monstro. Pobre Brasil, tristes trópicos.

Paulo Linhares é professor, escritor, jornalista e advogado

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Categoria(s): Artigo
sábado - 29/07/2017 - 23:54h

Pensando bem…

“Quando uma pessoa não é humilde, ela põe a culpa de sua incapacidade em tudo e todos”.

Pastor Billy Graham

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Categoria(s): Política
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sábado - 29/07/2017 - 21:00h
RN

Ex-vereador condenado e juiz dialogam sobre prisão na Web

O ex-vereador natalense Renato Dantas e o juiz das Execuções Penais Henrique Baltazar Vilar Santos travaram um diálogo inusitado nesse final de semana, no ambiente das redes sociais. Só vendo para crer.

Renato cientifica-o que soube pela imprensa de sua decretação de prisão, mas assinala que não chegou sequer a ser intimado para audiência.

Diálogo inusitado aconteceu pelas redes sociais e condenado garante que se apresentará (Reprodução)

O magistrado pondera que ele então se apresente na segunda-feira (31).

O político deveria cumprir inicialmente pena com medidas restritivas de liberdade, mas o mandado de prisão assinado por Baltazar determina sua condução para o Complexo Penal João Chaves (veja AQUI).

A “Operação Impacto” foi deflagrada no dia 10 de julho de 2007, tendo como foco a legislatura da época na Câmara Municipal do Natal. Apurava envolvimento de vereadores na aprovação de matérias de interesse empresarial, sob compensação em propinas.

Já saíram várias condenações e existem algumas prisões já consumadas, como do ex-vereador Dickson Nasser (veja AQUI).

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Categoria(s): Justiça/Direito/Ministério Público / Política / Segurança Pública/Polícia
sábado - 29/07/2017 - 20:34h
Governo do Estado

Fátima comenta que o povo é quem diz que ela será candidata

Ziguezagueando pela Feirinha de Sant’Ana em Caicó nesse final de semana, o mais tradicional evento social da festa da padroeira da cidade seridoense, a senadora Fátima Bezerra (PT) foi insistentemente tratada como “candidata” ao governo em 2018. Não se sentiu incomodada.

Senadora circulou pela Feirinha de Sant'Ana e sempre com a mesma resposta na ponta da língua (Foto: Assessoria)

Quem lhe indagava se seria mesmo candidata, a resposta estava pronta:

– Não! Quem está dizendo é o povo!

A senadora também participou da posse de novos dirigentes do seu partido no município, ainda na quinta-feira (27).

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Categoria(s): Política
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sábado - 29/07/2017 - 19:30h
RN

Doze comarcas caminham para a extinção no estado

Algumas comarcas do Rio Grande do Norte marcham mesmo para sua extinção, sendo absorvidas por outras.

Doze é o total de comarcas com esse destino traçado pelo Tribunal de Justiça do RN (TJRN). Na verdade, serão agregadas por outras. O TJRN usa o eufemismo “agregação” para suavizar vocábulo de maior impacto.

Em termos de economia, é provável que haja mesmo redução nos custos.

O mesmo não pode ser dito em relação aos jurisdicionados e advogados.

Mas esse não é um fenômeno afeito apenas ao Rio Grande do Norte. Em outros estados como Ceará, Piauí, Maranhão e Bahia na região Nordeste, projetos de “reestruturação da organização judiciária” seguem mesmo foco.

No Ceará, no dia 3 de julho o Tribunal de Justiça (TJCE) aprovou a extinção de 34 comarcas e a transferência de 26 unidades judiciárias de municípios com baixa demanda, para outros adjacentes.

Depois traremos mais detalhes.

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Categoria(s): Justiça/Direito/Ministério Público
sábado - 29/07/2017 - 18:28h
Governador Dix-sept Rosado

I Festa do Produtor Rural mobiliza município

A Prefeitura de Governador Dix-sept Rosado abriu à noite dessa sexta-feira (28), a I Festa do Produtor Rural do município. O evento segue até hoje (sábado, 29), no Horto Florestal.

Desde as primeiras horas do dia, o local do evento foi visitado por populares, criadores e interessados em acompanhar toda a programação da festa.

A programação está em curso hoje com torneio leiteiro de caprinos e ovinos, concurso de bode tarado, palestras, chiqueiro de negócios, oficinas, cursos, exposição de produtos da agricultura familiar e atrações artísticas da cultura nordestina.

Prestigiaram a abertura feita pelo prefeito Antônio Freire de Souza (PHS), o “Antônio Bolota”, o deputado federal Walter Alves (PMDB), a vereadora mossoroense Isolda Dantas (PT), vereadores locais, vice-prefeito Sanimarcos Firmino (PMDB), secretários municipais e produtores de outros municípios vizinhos.

Com informações da Prefeitura Municipal de Governador Dix-sept Rosado.

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Categoria(s): Administração Pública
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sábado - 29/07/2017 - 13:30h
Perda

Morre o comentarista esportivo Lupércio Luiz

Lupércio Luiz (Foto: arquivo)

Faleceu agora à tarde em Natal, o comentarista esportivo Lupércio Luiz de Azevedo, 71 (21 de janeiro de 1946).

Sofreu um infarto ainda pela madrugada, foi internado para alguns procedimentos (como angioplastia), mas não resistiu.

Ex-bancário e ex-vereador em Mossoró, Lupércio foi também jogador de futebol em sua juventude.

Atuou na TV e rádio, além de ser autor de alguns livros.

Graduou-se em Economia na Universidade do Estado do RN (UERN) e foi gerente executivo da Juventude, Esporte e Lazer de Mossoró.

Depois traremos detalhes.

P.S – (18h56) – Seu velório acontece à noite de hoje no Morada da Paz em Emaús (Parnamirim=RN). Às 10h desse domingo (30) haverá Missa de Corpo presente e posterior cremação.

Por sua vontade, terá as cinzas posteriormente espalhadas em Tibau (a 42 quilômetros de Mossoró), onde viveu muito de sua infância, adolescência e idade adulta com familiares e amigos.

Nota do Blog – Que descanse em paz. Enorme perda.

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Categoria(s): Política
sábado - 29/07/2017 - 10:25h
Oba Restaurante

Som baile e forró com Infla 6 e banda Amor hoje

Hoje (sábado, 29), tem música ao vivo no Oba Restaurante (Mossoró), a partir das 21  horas, com duas bandas.

Infla 6 e a banda Amor vão se apresentar.

Som baile e forró.

Senhas no local.

Mais informações por esses números: (84) 98882-6166/99673-0024/98722-5705.

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Categoria(s): Gerais
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sábado - 29/07/2017 - 09:45h
Ditadura

Juízes federais são condenados. Na Argentina!

Por François Silvestre

Juízes Federais condenados na Argentina. Recebo de Laurence Nóbrega texto informando a condenação de quatro juízes federais à prisão perpétua, por crimes contra a humanidade.

Os crimes dizem respeito à conivência com a Ditadura Militar que devastou a democracia no país vizinho.

Contemporânea, e de menor duração, com a MESMA Ditadura Militar que devastou as liberdades fundamentais no Brasil. Lá, até os colaboradores são condenados.

Aqui, não se condenam nem os torturadores. E o pior, vez ou outra vemos “operadores do Direito” defendendo esse passado nojento. E alguns até pedindo o retorno. Coisa da venezuelona brasilis.

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Categoria(s): Artigo / Opinião
sábado - 29/07/2017 - 09:06h
Primeira mão

ANP vai receber Robinson Faria e dirigentes da Redepetro/RN

O diretor-geral da Agência Nacional de Petróleo (ANP), Décio Oddone, deverá receber o governador Robinson Faria (PSD) na sede desse órgão regulador no Rio de Janeiro-RJ, na próxima quarta-feira (02). Será às 10h.

O governador agendou a audiência, como desdobramento de reunião que teve dia 5 de junho último em seu gabinete, com diretores da Redepetro no RN, instituição que congrega empresas da cadeia produtiva do petróleo e do gás.

Governador recebeu dirigentes da Redepetro que apresentaram argumentos econômicos (Foto: Rayane Mainara)

Ele estará na ANP com o secretário do Desenvolvimento Econômico do Estado, engenheiro Flávio Azevedo, além de comitiva da própria Redepetro.

A principal reivindicação à ANP que a Redepetro pretende apresentar, com endosso de Faria, é que ela abra um escritório avançado em Mossoró.

Produção

O Rio Grande do Norte, apesar da redução dos investimentos da Petrobras, ainda é o maior produtor de petróleo em terra do país e possui mais de 50% dos poços perfurados em terra.

Governo e Redepetro entendem que não houve esgotamento do ciclo do petróleo e há possibilidade de revitalização.

Leia também: Redepetro mostra que petróleo é ainda muito viável no RN AQUI.

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Categoria(s): Administração Pública / Economia
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