Por Odemirton Filho
Vi que nas minhas redes sociais tenho quase cinco mil amigos/seguidores. Cinco mil, vejam só. Fiquei impressionado com a quantidade, pois sou um simples mortal, sem fama e grana. Mais impressionado fiquei com a facilidade de hoje em dia fazermos amigos de forma instantânea, vapt vupt.
Por ter sido professor por quinze anos, creio ser a razão de tantos amigos virtuais. Talvez, se fizer uma triagem desses amigos, não atinja 1% por cento com os quais já sentei à mesa para tomar um café e jogar conversa fora. A maioria destes cinco mil amigos mal me conhece; e eu mal os conheço. Digo, conhecer de vera.
Não é preciso, é certo, uma ruma de tempo para uma amizade se firmar, pois há amizades formadas de chofre. Entretanto, para mim, amigos são aqueles forjados no dia a dia, no compartilhar de sonhos e dificuldades. Amigos, não somente de mesa de bar, mas amigos sempre à disposição para nos ouvir e ajudar. Amigos reais choram e riem ao nosso lado. Ora, nem alguns membros de nossas famílias são garantia de uma verdadeira amizade.
Como sabemos até os amigos de infância se distanciam. Cada um vai para um lado. A vida, por vezes, encarrega-se de afastá-los. Poucas amizades conseguem vencer o tempo. Contudo, quando conseguem, são amizades sólidas. As relações humanas na modernidade líquida são marcadas pela brevidade e pela fragilidade, substituindo laços duradouros por conexões passageiras, como bem disse Zygmunt Bauman.
Nas postagens das redes sociais, somente observamos fotos de momentos felizes, viagens, festas, entre outras ocasiões agradáveis. Poucos expõem suas angústias, dores da alma, pois, naquele universo virtual, só alguns estão prontos a ajudar. Não tenho nada contra os meus cinco mil amigos virtuais, é claro, estou apenas a dizer da superficialidade dessas relações. São muitos os amigos virtuais, poucos, os reais.
Aliás, li uma postagem nas redes sociais que dizia mais ou menos assim: “um dia você saiu com seus amigos de infância para andar de bicicleta e nem percebeu que foi a última vez”. Dos amigos com os quais andava de bicicleta no patamar da Igreja de São Vicente ainda restaram alguns “gatos pingados”.
Pois é, contam-se nos dedos de uma mão os amigos reais.
Odemirton Filho é bacharel em Direito e oficial de Justiça