Por Inácio Augusto de Almeida
Olhando para o infinito lembra-se do amor cantado em verso e prova. Amor que inspira pintores, escultores, músicos, cineastas, poetas e escritores. O verdadeiro amor. O amor tão sublime que é louvado por todos.
Amor da Maria numa manjedoura explodindo de felicidade por ter seu filhinho nos braços. Amor mostrado na obra prima de Vittorio de Sica, Duas Mulheres, onde a mãe se sacrifica para proteger a filha. Amor que tão bem Vicente Celestino mostra na música Coração Materno. Amor capaz de tudo perdoar.
Lembra-se, nesta tarde mormacenta e preguiçosa, de um homem que conheceu, um cortador de palha de carnaúba. Um pai feliz capaz de guardar o toucinho, recebido com um punhado de farinha a título de almoço, para a filha, comendo apenas a farinha e sentindo a felicidade do amor maior.
Existe coisa mais linda do que o amor maior?
Pena que muitos desconheçam esta verdade e troquem a felicidade pela ilusão do prazer imediato que as drogas e o enriquecimento a qualquer preço provocam nos que se divorciam do verdadeiro caminho e enveredam por atalhos causadores de tantas desgraças.
Estes infelizes se autointitulam pragmáticos e se deixam dominar pelo imediatismo, buscando resultados instantâneos. Trocam o amor maior por um arremedo de felicidade.
Não sabem da depressão que se segue a euforia causada pela droga? Desconhecem que o dinheiro ganho de forma espúria se transforma na pedra de Sísifo?
Não escutam o choro dos famintos a quem tudo furtaram porque sensibilidade nunca tiveram.
Vivem só para si.
E pelo prazer imediato trocam a felicidade verdadeira, agindo como imbecis, que entregam joias e recebem bijuterias.
Ao verem um tranquilo homem admirando um lindo pôr do sol, cercado pelo carinho de netinhos aos quais explica o movimento dos astros, se compensam dando um riso de mofa, mas no fundo da alma deixam escorrer uma lágrima.
Lágrima que também escorre quando o efeito do pó passa e voltam ao mundo real onde se sentem pobres diabos.
Estes passam pela vida sem viver a vida. Vegetam e buscam compensação na droga ou felicidade no contar dinheiro e na admiração de joias que não podem ostentar.
Quanta diferença para o cortador de palha de carnaúba que recebe todas as tardes o beijo carinhoso da filha. Beijo cheio de amor.
Feche os olhos e não conseguirá ver nos semblantes de drogados ou corruptos nenhum sinal de felicidade. Apenas angústia e insegurança.
Tente imaginar um destes pobres diabos, arremedos de gente, sorrindo e com os olhos brilhando, mas não conseguirá. O máximo que enxergará serão rostos desfigurados a mostrar dentes que os fazem parecer hienas.
Quando se convencerão de que a felicidade só existe onde existe o amor maior?
E não adianta procurar este amor maior nos vícios, dinheiro ou posição social.
O amor maior só pode ser encontrado na família.
Inácio Augusto de Almeida é escritor e jornalista
P.S Crônica dedicada à Sra. Naide Rosado.