Por William Robson
Terminado o Mossoró Cidade Junina (MCJ) e o balé de drones do Alok, as atenções se voltam para a campanha e para as eleições municipais. Alguns movimentos foram dados neste primeiro semestre, sobretudo, da oposição, no intuito de se organizar, algo que tem se mostrado desafiador. Os nomes que surgiram até agora não emplacam nas pesquisas recentes. Isso não quer dizer que o cenário está cristalizado. Será uma eleição fácil para o atual prefeito, Allyson Bezerra? A composição da oposição pode ajudar a entender.
Na última sondagem, publicada em maio pelo jornal natalense Agora RN, realizada pelo Instituto Exatus, Allyson alcançou 73% das intenções de voto. Todos os demais candidatos somados (sete ao todo) tiveram 19,38%. O detalhe deste levantamento é que o nome do presidente da Câmara Municipal, Lawrence Amorim, também foi submetido ao escrutínio. Apareceu com 1,63% das intenções de voto. Porém, é provável que, nas próximas pesquisas, ele surja em situação um pouco mais favorável.
Um pouco melhor, porém nada surpreendente diante das alianças firmadas por ele. Lawrence apareceu no Pingo da Mei Dia, no começo deste mês, de mãos sobrepostas com a governadora Fátima Bezerra e a deputada estadual Isolda Dantas. O que a imagem demonstrava, no olhar semiótico, foi confirmada em seguida. Isolda deixou sua condição de pré-candidata para apoiar o candidato tucano, movimento aprovado pelo seu partido, embora com forte resistência interna.
O passado “bolsonarista” de Lawrence, ao apoiar abertamente a reeleição do ex-presidente Jair Bolsonaro, e críticas contundentes ao PT, gerou cisma entre integrantes da legenda.
Rapidamente Lawrence se movimentou para apagar o passado nas redes sociais. A vereadora Marleide Cunha, que referendou o acordo, foi para o rádio passar um sabão. “Já pensou se eu tiver que rotular 45 mil pessoas que votaram em Bolsonaro e não puder dialogar com elas? Lawrence fez campanha, votou em Bolsonaro, mas ele não tem o perfil”, suavizou, em entrevista ao jornalista Saulo Vale na Rádio Rural, no último dia 21. Ela ainda reforçou seu argumento em defesa desta união. O objetivo é enfrentar a “ameaça à democracia”, ou seja, o prefeito de Mossoró pode, segundo ela, ser protagonista de ruptura institucional no país.
Marleide teve coragem de submeter-se ao constrangimento. Isolda ainda não. A retirada de sua candidatura foi motivada por agravante que recairá sobre as costas de Lawrence: sua alta taxa de rejeição. Ela é a mais rejeitada entre todos os candidatos, segundo a última pesquisa da Exatus. Por esta razão, anunciou apoio a Lawrence no estilo envergonhado.
Isolda dividiu o PT e Lawrence seus eleitores, sobremaneira, os mais conservadores. Isso não deve implicar em erosão de votos baseados na última sondagem da Exatus. O apoio da governadora e até da diminuta parcela da esquerda há de dar um respiro ao presidente da Câmara. Não se sabe se o suficiente para uma polarização. O que se vê nos bastidores é que a governadora começou a fechar alguns acordos diante da nova aliança, como a substituição na supervisão regional do Detran, agora sob o comando de Lawrence e seu grupo, liderado pelo tio e deputado estadual Dr. Bernardo Amorim (PSDB).
O fator Lula pode influenciar? O presidente foi o campeão de votos em Mossoró, mas se isso fosse considerado, a candidata seria Isolda, não Lawrence. Embora no melhor momento para o PT local, sob anteparo dos governos estadual e federal, a deputada não incorporou a aura do líder maior. Amarga dobrar-se a quem pediu voto para o seu arquirrival visceral.
Mesmo assim, está demonstrada até aqui esta oposição como a mais proeminente. Coalizão inusitada a qual suas lideranças buscam se ajustar, sobretudo, o campo da esquerda ao impor nova narrativa aderente à direita.
Por outro lado, será que a ex-prefeita Rosalba Ciarlini tenderá a se integrar a este acordo, como cogitada, tornando o quadro ainda mais exótico? Isso porque o rosalbismo, em flerte com o PL de Genivan Vale, parece ter retrocedido. Genivan, por sua vez, apresenta sinais vitais ao contratar o marqueteiro João Maria Medeiros para a sua campanha. Correndo por fora, Zé Peixeiro (Republicanos) ainda segura sua pré-candidatura (ainda).
Série Eleições Municipais 2024
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Os elementos colocados até aqui se configuram nas estimativas das pesquisas recentemente apresentadas.
Há favoritismo do prefeito, sim, como apontam as sondagens.
Há inconsistência dos adversários e das alianças.
E há muitas incertezas também.
William Robson é professor, jornalista e editor do Blog William Robson