Por Keillha Israely
O tratamento oncológico é algo que não é fácil e que assusta, pois, o câncer carrega por si só inúmeros preceitos e preconceitos, afinal, até hoje, existem pessoas que se negam até a falar tal palavra, pois acreditam que é algo tão ruim que se dito, atrai. É algo do senso comum, que infelizmente perdura.
A notícia de um diagnóstico de câncer abala diretamente o paciente e seus familiares. “É como se o mundo estivesse desabando”, “Uma sensação de ter uma bomba caindo bem na sua cabeça”. Essas são algumas das expressões que ouvimos logo no primeiro acolhimento social.
O serviço social é a porta de entrada da Casa Durval Paiva, quando o paciente recebe o diagnóstico de câncer, ele é encaminhado para instituição a fim de receber todo o suporte necessário. Nós somos os primeiros profissionais a termos contato com o paciente e sua família, e é possível aprendermos a forma como estes chegam aqui. Muitas vezes, assustados, com medos e angústias, cheios de dúvidas e questionamentos. Trata-se de um processo longo e repleto de altos e baixos. Entretanto, tudo fica mais leve quando esse paciente tem uma família para dar suporte.
Mas, afinal o que é família? Falar sobre família não é algo fácil, afinal cada família possui suas singularidades, trata-se de um conceito difícil. Para nós não existem rótulos, família não se restringe a laços de sangue e sim, vínculos afetivos, onde há amor, compreensão e cuidado, não esquecendo que nesse contexto também há: conflitos, divergências e atritos. Não importa a configuração, se existe amor, cuidado, zelo e apoio, essa família faz toda a diferença na vida do paciente.
São os gestos mais simples que contribuem de forma significativa no processo de tratamento oncológico. A companhia diária nas internações, o apoio da mão, nas inúmeras furadas para colher exames, o cuidado e atenção na hora de preparar as refeições e oferecer as mais diversas opções de comida, na hora da falta de apetite e enjoos constantes, o apoio no momento da queda dos cabelos, do emagrecimento ou as mais diversas mudanças físicas, de humor etc.
Enfim, é incontestável a importância e o protagonismo da família durante o tratamento oncológico. E as diferenças entre os que têm esse apoio e os que não tem é significativa, os rebatimentos são percebidos nas mais diversas áreas: social, física, psicológica, dentre outras. E quando a ausência e o suporte familiar acontecem é necessária uma intervenção constante e comprometida da equipe multidisciplinar, com o objetivo claro de fortalecer esses vínculos tão necessários e importantes.
Keillha Israely é assistente social da Casa Durval Paiva (Natal)