domingo - 26/04/2020 - 08:40h

Parlamentarismo branco e disputa pelo poder

Por Odemirton Filho

Os sistemas de governo mais comuns nas sociedades contemporâneas são o presidencialismo e o parlamentarismo.

No presidencialismo o presidente da República é, ao mesmo tempo, chefe de Estado, representando-o perante a comunidade internacional, e chefe de Governo, administrando internamente o seu país.

No parlamentarismo, ao contrário, as funções de chefe de Estado e chefe de Governo são divididas entre o presidente ou monarca, que detém a chefia do Estado, e por um primeiro ministro, que tem a chefia do Governo.No Brasil, por força da Constituição Federal e ratificado por um plebiscito, o nosso sistema é o presidencialista. Ou, como preferem alguns, um presidencialismo de coalizão.

Atualmente, fala-se no Brasil sobre um parlamentarismo branco.

Isto é, o Congresso Nacional querendo assumir o protagonismo dos projetos e das reformas que o Brasil necessita, deixa o Poder Executivo com o papel secundário.

Em bom português: há uma disputa pelo poder. Cada um querendo conduzir os rumos do Brasil e, claro, defender os seus interesses, tentando aparecer “bem na fita” perante a sociedade.

Aliás, é o que vem acontecendo nos últimos dias entre o Poder Executivo e o Congresso Nacional sobre as ações que devem ser implementadas no combate a pandemia do novo coronavírus, como o orçamento de guerra e a recomposição das receitas do ICMS e ISS aos Estados e municípios, diante da queda de arrecadação.

Acrescente-se que quando essa disputa pelo poder acontece, temos o chamado sistema de freios e contrapesos, que tem o objetivo de impor freio aos ímpetos dos Poderes.

Assim, quando um Poder exorbita de sua competência constitucional o outro impõe limite.

A condução da coisa pública é realizada pelos representantes do povo, chefes do poder Executivo e membros do Parlamento.

Um Executivo que tenha simpatia por centralizar o poder precisa ser barrado pelo Legislativo e, às vezes, pelo Poder Judiciário.

A harmonia e a independência entre os Poderes republicanos devem ser observadas, cada um exercendo sua função delimitada pela Constituição Federal.

O poder, em uma democracia, precisa ser diluído, evitando-se arroubos autocráticos.

Mas, do que adianta um Legislativo submisso ao Executivo? Um mero carimbador da vontade do presidente da República, do governador ou do prefeito?

Doutro lado, o Legislativo também não deve, a pretexto de exercer a sua atividade legiferante e de fiscalizar os atos do Executivo, barganhar vantagens indevidas. O velho toma lá, dá cá.

A manutenção ou a derrubada dos vetos do presidente, por exemplo, faz parte da atividade típica do Parlamento, desde que não haja fisiologismo.

Difícil?

Sem dúvida. No Brasil essa prática nada republicana, para não atribuir outro adjetivo, vem há muito sendo exercida, apesar de bons quadros que pugnam pelo bem comum.

Por fim, cabe-nos indagar: quem sempre perde com essa disputa pelo poder?

Não será difícil responder.

Odemirton Filho é bacharel em Direito e oficial de Justiça

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Categoria(s): Artigo

Comentários

  1. Rocha Neto diz:

    Brasília neste momento tá mais pra comédia do que pra política, comicamente podemos dizer que é como se tivéssemos assistindo uma peça teatral denominada de Gaiola das Loucas, no papel principal um ator bipolar chamado Bolsonaro, pense numa criatura bicéfala.

  2. FRANSUELDO VIEIRA DE ARAÚJO diz:

    Interessante a suposta mudança “transcendental” operada nas hostes e “cabeças pensantes” de boa dos 57 milhões de abestados que possuem suas digitais na eleição da Cavalgadura Mor: JAIR MESSIAS ASCO NARO….!!!

    Vejam que, mesmo sabidamente conhecedores da maviosa vida pregressa do Capetão, expulso do exército , bem como do cnanlha que passou 30 anos como político profissional só fazendo tráfico de influência, rachadinhas e pugnando pela morte de pobres, negros e minorias, inclusive étnicas, o então Cão didato à Presidência da república, infelizmente, logrou vinte e sete milhões de poetas, sociólogos, cientistas políticos, médicos engenheiros e humanistas, os quais só agora descobriram que a COISA, na verdade, trata-se de um ator bipolar e (ou) de uma criatura bicéfala…!!!

    ]Noutro véritice os Burro Narianos, americanófilos e anticomunistas cegos de carteirinha, boa parte, igualmente continuam endeusando maior farsa jamais brindada pelo mundo jurídico Tupiniquim, que, infelizmente, imperou na Terra Brasilis nos últimos 10 (DEZ) anos….!!!

    Vejam que o ator de quinta categoria SÉRGIO FLEURY MORO USTRA CONTEMPORÂNEO, mais conhecido como Batoré de Toga, Marreco de Maringá dentre outros pseudônimos adequados ao seu perfil pessoal e profissional. Continua seu infindo corrolário de mentiras, desfaçatez e cinismos latentes e crepusculares. Agora Ex Suposto ministro Da justiça do Cão didato que logrou eleger com suas arbitrária e criminosas decisões, repise-se, agora através das delações não premiadas, claro, tendo como porta estandarte da antecipação da sua campanha à Presidência da Republica, a manjada e golpista (MADE INTERESSES DOS USA) a Rede Bobo de Televisão….!!!

    Em fim,conforme se tem verificado ao longo dos últimos quatro anos no curso e estuário do caudaloso e barulhento rio golpista que continua de alguma forma estraçalhando o pouco que restou do Estado Democrático de Direito. Haja capacidade de analise crítica, haja consciência política no sentido estrito e coletivo da palavra demo-mocracia….!!!

    Um baraço
    FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO.
    OAB/RN. 7318.

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