Não me interessa mais/
que horas são./
Nem quais são as orações/
de cada hora.
Não poderei dizer/ com Khalil Gibran/
que “ninguém nunca ouviu minha boca pronunciar uma oração”./
Muitas foram pronunciadas/
numa reza sem qualquer convicção./
Terços debulhados/ para salvar almas/
ou espantar fantasmas inexistentes./
Tudo perdido num relógio do sol,/
marcando a perda do tempo./
Mas se o tempo não se recupera/
a reza também não./
Fica tudo pronunciado/ na anunciação do desperdício,/
que é o destino da oração./
Gibran Khalil Gibran, “Jesus, o filho do homem:”/
“Vossos filhos vêm de vós, mas não são vossos”.
Quanta oração jogada ao vento,/
e quanto vento a jogar orações/
no despenhadeiro de ouvidos moucos./
Não me interessa que horas são./
Nem qual seja a oração da hora certa./
François Silvestre é escritor
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