Dia amanhece agitado em Natal.
Tem roubo a caixa eletrônico na sede da Federação das Indústrias do RN (FIERN), em Natal. Mais um crime dessa modalidade no estado.
“Dez homens encapuzados invadiram a Fiern no final da noite dessa segunda-feira (12) e arrombaram o caixa eletrônico do Banco do Brasil instalado na recepção. De acordo com o tenente Soares, oficial de operações do 5° BPM, os suspeitos revelaram aos vigilantes do prédio que há seis meses observavam a movimentação no local”. (do Portal Nominuto.com).
Temos também prisões (e busca e apreensão) de envolvidos em quadrilha que estaria adulterando combustíveis, promovendo sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e realizando distribuição irregular de álcool/gasolina.
A informação é passada pela própria Assessoria de Imprensa do Ministério Público Estadual. A “Operação Drible”, como é denominado esse trabalho, acontece desde as primeiras horas da manhã de hoje.
Polícia Rodoviária Federal (PRF), Secretaria Estadual da Tributação (SET) e Polícia Civil também participam da operação.
Quatro mandados de prisão e 16 de busca e apreensão são levados a termo em Natal, São Gonçalo do Amarante, Extremoz, São José do Mipibu e Taipu.
O MPE promete detalhar a operação ainda hoje.
Mais um caixa eletrônico.
A continuar assim este serviço deixará de ser prestado pelos bancos.
Antigamente existia uma tal de campana (não é o Lula falando), que a polícia fazia e que dava excelentes resultados. Hoje, com o advento da telefonia celular a campana ainda ficou mais fácil de fazer. Basta colocar alguém no janela de um prédio próximo ao local onde exista TAA. Observou a movimentação de algum bando, liga e a tropa de enfrentamento chega logo em seguida.
Estes bandidos levam mais de 15 minutos na operação de roubo a um TAA.
Será que é tão difícil fazer isto?
Se colocar a polícia para trabalhar de forma preventiva este quadro muda.
E nas pequenas cidades, onde não há efetivo militar para uma ação de enfrentamento, tão logo o bando comece a agir, policiais de outras localidades começarão a se deslocar a fim de reforçar o efetivo existente no local do roubo, além de providenciar o bloqueio das estradas.
As cidades sedes de regiões, como Mossoró, Caicó, deveriam contar com helicópteros.
Mas isto já e sonhar.
Helicoptero…
Carlos Santos
SÓ PUBLIQUE SE ACHAR CONVENIENTE.
/////
COMO O ASSUNTO É ROUBO, AÍ VAI UMA CRÔNICA QUE PUBLIQUEI NO LIVRO ESTÓRIAS MARANHENSES.
///
O FURTO DO TELEFONE DO BISPO
Inácio A. Almeida
Ter assunto importante para aquele dia, até que Luís Pedro tinha. Mas o Editor tinha proibido tocar em determinadas matérias. A recomendação tinha sido clara. Nada acerca de acúmulo de aposentadorias. Nem uma mísera notinha. Quem se aposentou como deputado sem nunca ter apresentado um projeto, como professor sem nunca ter dado uma aula, como funcionário público sem nunca ter ido numa repartição; mil felicidades. Quem estivesse acumulando todas estas aposentadorias e outras mais, que ficasse tranqüilo. Havia, como bradava o editor-chefe, o direito adquirido. E, repetia enfaticamente: Direito é direito e tem que ser respeitado.
Luís Pedro sabia a razão daquele entusiasmo todo. O editor já ia na quinta aposentadoria e trabalhava para conseguir a sexta.
Quando passava defronte a garapeira do Guará dá de cara com o Lopes. O Bom Boêmio papeava com o Buiú. E como sempre fazia, toda vez que encontrava o Lopes, procurava puxar papo. Sabia que ele era o cara mais bem informado de São Luís. Afinal, confessionário, balcão de bar e casa de jogo são locais onde não existem segredos. Muitos “furos” já tinha conseguido dar graças as informações recebidas do Lopes.
-Quais são as novidades?
– De importante, que a gente possa comentar, nada. E olhou para os dois lados.
– Nadinha? Nada, nada?
– Apenas roubaram o telefone do Bispo. E não olhou para lado algum.
Lopes falou tranqüilamente. Não compreendia a importância da informação que estava acabando de fornecer a um jornalista desesperado até por um mísero atropelamento de cachorro.
– Roubaram o telefone do Bispo?!
– E você ainda não sabe? Toda a cidade já está cansada de saber que hoje de manhã invadiram o palácio episcopal e levaram o telefone do Bispo
– Já descobriram o autor do furto?
– Balançando a cabeça num gesto de censura, Lopes, num tom quase paternal, respondeu:
– Já, já, seu jornalista bem informado… E eu estou indo agora para a Central de Polícia. Quero ver a cara do cara que fez esta presepada. Buiú me falou que foi o Zé Doidinho, aquele que só vive na Rua da Palma.
– Eu vou com você
Em frente ao prédio da Central de Polícia era gente que saía pelo “ladrão”. Luís Pedro pensou em desistir. E não fosse o Lopes…
– Você é da imprensa. Imprense este povo! Mostre a sua carteira de jornalista que você consegue chegar lá e falar com o homem que roubou o telefone.
Enquanto o Luís Pedro, com a carteirinha levantada, ia empurrando a um e a outro, o Lopes ria e pensava o quanto ia mal a imprensa.
– Doutor, eu sou jornalista. Quero falar com o homem que roubou o telefone do Bispo.
Luís Pedro falava e, acintosamente, exibia a carteirinha. O Delegado, um tipo baixinho e gordinho, mais prepotente do que o dono da verdade, após ignorar propositadamente a carteira que lhe estava sendo mostrada e de medir o jornalista de cima abaixo, mais para cima do que para baixo devido aos quase dois metros do Luís Pedro contra o metro e meio da autoridade, petulantemente assentiu com um gesto de cabeça.
Não se deu ao trabalho de falar.
Um tipo com aspecto famélico e com um surrado chapéu de palha estava deitado no chão da cela. Lembrava tudo, menos um ladrão de palácio episcopal…
– Meu amigo, eu sou jornalista. Eu estou aqui para lhe ajudar. Por que você fez isto? Por que você roubou o telefone do Bispo?
Passado algum tempo, Luís Pedro repetindo sempre a mesma pergunta, talvez cansado pela cantilena do jornalista, o homem resolve falar:
– Seu Doutor, ontem deram em mim lá na zona e mandaram que eu fosse me queixar ao Bispo. Aí, seu Doutor, eu fui me queixar ao Bispo. Aí, seu Doutor, o Bispo tava muito ocupado para ouvir eu. Aí, seu Doutor, enquanto eu esperava para ver se ele ia me ouvir ou não, comecei a pensar pra quem o Bispo se queixa. Se eu apanho na zona mandam eu me queixar pra ele. Aí, seu Doutor, eu resolvi levar o telefone do Bispo só pra ver para quem o Bispo se queixava. Aí, seu Doutor, eu descobri que quando o Bispo se queixa toda a polícia se dana a trabalhar. Aí, seu Doutor, eu fui logo preso. Agora, seu Doutor, eu fico pensando como seria bom se todo mundo fosse Bispo. Era seu Doutor, só se queixar na polícia. Eu, seu Doutor, nunca mais apanharia de ninguém lá na zona. Seu Doutor, não seria muito bom se todo mundo fosse Bispo? Seu Doutor…
Luís Pedro não aguentou mais ficar ouvindo aquela ladainha. Por pirraça, não se despediu do Delegado.
Em companhia do Lopes, voltou para o Bar do Buiú. Na rua, pessoas passavam apressadas, desinformadas e desprotegidas…
////
Se o rádio que roubaram do Piromba tivesse sido roubado de uma pessoa importante não já estaria o ladrão preso?
Fica a pergunta.