A revista “Newsweek” publicou esta semana sua última edição em papel, com data de 31 de dezembro de 2012, depois de quase 80 anos de publicação semanal. A partir de agora, a revista só existirá no formato digital, on-line. É a primeira revista de grande circulação a deixar a mídia tradicional de papel, segundo o “Wall Street Journal”.
Na capa da revista, que começou a circular na véspera de Natal, está uma foto de seu velho escritório em Manhattan com o hashtag #lastprintissue (#último número impresso) por cima.
A direção da revista avisara em outubro que iria se tornar só digital, tornando-se parte do site de notícias e comentários The Daily Beast, que também é chefiado por sua editora Tina Brown.
A migração da “Newsweek para o ciberspaço demonstra como a mídia impressa tradicional (especialmente a internacional) tem sofrido com a crescente preferência de leitores e anunciantes pelo mundo on-line, cada vez mais ubíquo nas vidas cotidianas, ainda mais com a mobilidade de smartphones e tablets. Há sete anos a circulação da publicação vem minguando, caindo de 1,5 milhão de exemplares semanais para 750 mil, enquanto a publicidade caiu 80%. As perdas anuais chegaram a US$ 40 milhões.
As assinaturas da versão digital da revista, que se chamará Newsweek Global, custarão US$ 4,99 por edição, ou US$ 24,99 por ano. O preço unitário é o mesmo da versão impressa que se encerra. Mas a Newsweek Global terá a ajuda do Daily Beast — que é gratuito — para se promover. A audiência do site cresceu 36% no ano passado, segundo a comScore, chegando a 5 milhões de visitantes únicos mensais.
A primeira edição da revista (fundada por Thomas J. C. Martin, ex-editor de assuntos internacionais da “Time”) saiu no dia 17 de fevereiro de 1933 e custava apenas US$ 0,10. Na época, a assinatura anual era de US$ 4.
Comprada no início dos anos 60 pela Washington Post Co., a “Newsweek” foi vendida em 2010 por US$ 1 para o milionário Sidney Harman, que fez sua fortuna com equipamentos eletrônicos de áudio. Harman posteriormente fundiu a revista com o The Daily Beat, controlado pela IAC/Interactive Corp. Ele faleceu no ano passado.
A saída da “Newsweek” do mercado tradicional de mídia deixa sozinha sua grande rival, a “Time’, com circulação de 3,3 milhões de exemplares semanais.
Segundo a editora Tina Brown, que esteve recentemente no Brasil, a nova Newsweek digital já começa a circular nos primeiros dias de 2013 com 400 mil assinaturas e crescerá a partir disso. Brown diz que, no novo formato, a Newsweek terá mais “tempo e recursos” para investir no que ela realmente acredita ser o futuro deste tipo de mídia: “um leitor globalizado e qualificado”.
Nota do Blog – Impossível resistir à realidade dos fatos. O impresso pode ainda sobreviver durante dezenas e centenas de anos, mas por puro romantismo.
Usando uma metáfora, é como você ter uma Ferrari e um Fusca e desejar sair do seu bairro para o centro da cidade. Os dois têm condições de fazê-lo, mas qual terá melhor desempenho, dinamismo, segurança, agilidade etc?
Até hoje uma arma que foi criada a milhares e milhares de anos sobrevive em savanas, florestas e clubes esportivos por todo o mundo: o arco e flexa. Mas será que tem condições de competir com um fuzil AR-15 ou AK-47.
Essas duas comparações, em sentido figurado, que costumo usar em palestras sobre mídia no ciberspaço, na infovia, dão a dimensão didática do que ocorre mundo afora.
Nada e ninguém estão imunes a essa revolução. Resistir é estupidez.
A midia impressa desaparcerá nos próximos dez anos.
Isto se conseguir resistir todo este tempo.
Mais cinco anos e quase todos terão computadores.
Em dez anos será mais fácil uma casa não ter um telefone celular do que um computador.
E quem irá pagar pelo que pode ter de graça?
Os blogs que se firmarem tem um futuro muito promissor.
Dez anos.
No máximo.