A recente decisão dos Estados Unidos de aplicar uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados para o mercado americano, com implementação prevista para 1º de agosto, amplia significativamente o risco de inadimplência entre empresas exportadoras brasileiras e suas fornecedoras, alerta Silvano Boing, CEO da Global, maior recuperadora de crédito B2B do Brasil.
O mercado financeiro reagiu rapidamente ao anúncio das tarifas, com quedas nas bolsas e alta do dólar, refletindo as dificuldades esperadas para empresas brasileiras expostas ao mercado norte-americano.
Segundo o executivo, uma tarifa em patamar tão alto compromete seriamente a receita e o fluxo de caixa das exportadoras brasileiras. “O aumento da tarifa para 50% gera um choque direto no capital de giro das empresas exportadoras nacionais, que precisam escolher entre reduzir preços e perder margem ou sair do mercado americano”, explica Boing.
“Isso provoca um efeito em cadeia: empresas fornecedoras de insumos, transportadoras e serviços logísticos enfrentam atraso nos recebimentos, com forte pressão sobre o caixa operacional.”
“Setores de commodities têm a possibilidade de redirecionar vendas para outros mercados, mas bens manufaturados e agrícolas podem sofrer com perda de espaço nos EUA, gerando excesso de oferta interna e pressão sobre os preços no Brasil”, explica Boing. “O capital de giro das empresas exportadoras será pressionado pela redução de receita, aumento de estoques e possível cancelamento de contratos.”
Efeito cascata
Uma quebra de contratos de exportação pode virar calote aos fornecedores locais, transmitindo o choque a múltiplos elos da cadeia produtiva. Empresas de transporte, por exemplo, que contavam com fretes para os EUA podem ficar sem receber; produtores de matérias-primas ficam com pedidos cancelados e pagamentos atrasados.
Os EUA representam o segundo maior destino das exportações brasileiras, absorvendo cerca de 12% dos produtos vendidos pelo Brasil, o equivalente a aproximadamente US$ 20 bilhões no primeiro semestre de 2025. A nova tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos afeta setores brasileiros de forma desigual, mas alguns segmentos têm exposição maior e são mais impactados, especialmente siderurgia, aeronáutica, agronegócio e indústria de transformação.
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