O Governo Federal, o Governo Lula (PT), tem oportunidade de transformar o Rio Grande do Norte num laboratório para o enfrentamento eficaz ao “estado paralelo” e federalizado, do crime organizado. As facções criminosas são um fenômeno não apenas local, disseminado praticamente em todos os municípios, mas uma metástase nacional.
Desde o dia 14 último, a luta para frear ataques criminosos da facção nativa Sindicato do Crime (SDC) passou a consumir somas multimilionárias. Ainda é expressivo o engajamento de diversas forças de segurança públicas federais, de outros estados, bem como dos próprios meios do Governo do RN.
Só a Polícia Rodoviária Federal (PRF) anunciou que deslocara agentes de 14 estados para essa jornada, representando mais de 700 policiais, 170 viaturas terrestres e um helicóptero. Pará, Paraíba e Ceará enviaram policiais militares e veículos.
Informações oficiais são desencontradas, porém fala-se de pelo menos 1,5 mil agentes da segurança, incluindo Força Nacional, Polícia Federal, a própria PRF e Secretaria Nacional de Políticas Penais (SENAPPEN), atuando nessa operação de guerra, num reforço ao que o Governo do RN dispõe.
A cada dia com lista de prisões, apreensões, mortes de bandidos e contensão de atentados, há uma exaltação ao êxito, que mistura propaganda com realidade. O Estado mostra sua força e tenta dar uma resposta à sociedade, assustada e acuada com o império do crime.
Mas, e quando esse duelo do bem contra o mal passar? Qual seu legado? Como continuar esse combate? Os investimentos prometidos pelo ministro da Justiça e da Segurança, Flávio Dino, devem ficar em R$ 100 milhões. Contudo, só cerca de 25 milhões serão consumidos apenas pela Força Nacional nessa sua estada emergencial em território potiguar.
Somente com suas forças regulares, o RN não tem como garantir a normalidade e virar a chave na luta contra a SDC e outras facções. Isso está provado pela própria convergência de forças de inteligência, científica, militar, prisional e civil disponibilizadas nesse momento, derivada de estados próximos e da União.
Se o Governo Lula não pensar em impor um combate sem tréguas, a partir de agora, ao estado paralelo, os bons resultados serão apenas temporários. Servirão à propaganda e terão validade muito curta. O estrago causado no Sindicato do Crime não significa seu fim. O RN não tem como dar conta sozinho do que virá, com déficit colossal de pessoal nas polícia Civil e Militar, por exemplo.
E tem mais: estamos falando apenas da ponta do iceberg desse drama, aquilo que é visível. Recrudescimento de punições – dentro da lei – a faccionados e investimento em políticas públicas sociais, não estão fora desse prélio.
Nem tudo vai se resolver com fuzil e penitenciárias novas.
O recrutamento de jovens para o crime não para, uma militância barata que a ausência do Estado colabora na formação, de forma indireta, por sua incapacidade de promover o bem-estar social. São filhos do seu desleixo.
A caso do RN pode ser apenas o começo de outro estágio do crime, vindo ainda mais forte e talvez unido, mais adiante.
O problema está longe de uma solução.
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