Por Marcos Ferreira
Hoje acordei assim, com saudade dos amigos. Isto não quer dizer que me esqueceram, que estou abandonado e muito menos me sinto para baixo, melancólico. Não. Significa apenas que o relógio, o calendário e a geografia têm jogado contra nós nos últimos tempos. Alguns estão a quinze, vinte, trinta minutos de distância. Outros, a muitos quilômetros, em cidades e estados por este país afora.
O telefone também parece sem muita eficiência no estreitamento dos laços. Não toca desde a sexta-feira. Exceto pelas chamadas entre mim e Natália, o silêncio é predominante. Não duvido de que as operadoras, por má vontade e atentando contra o próprio faturamento, tenham formado um conciliábulo para favorecer a deslembrança e prejudicar a memória.
Assumo minha responsabilidade em cinquenta por cento pela falta de comunicação. E não estou agora culpando ninguém por nada. Existem dias, semanas e meses em que os compromissos aprisionam a gente.
Hoje, então, penso nos amigos. Desejo que todos, apesar da correria, dos afazeres, estejam em paz e com saúde. Porque não existe, como sabemos, nenhum patrimônio mais importante do que saúde e paz. O resto é o resto.
Há pouco escutei a simpática vizinha da casa 30, bem aqui do lado, cantando uma música do Benito Di Paula. A mulher não é uma profissional do ramo, claro, no entanto possui uma alma de passarinho feliz. Acompanha a letra vinda de uma tal de Alexa.
Interage com esse equipamento enquanto realiza as suas tarefas, e o resultado é extraordinário. Pois uma pede o que deseja ouvir e a outra obedece com notável precisão. Aí fico com essa ideia boba de que às vezes temos melhor relação com certas máquinas e menos afinidade com a nossa complicadíssima espécie.
Percebo que sobrei na curva, capotei para outro assunto. Perdoem minha digressão. Estou certo de que mais cedo ou mais tarde estaremos juntos. Um aperto de mão e um forte abraço matarão a saudade.
Vai ser bom.
Marcos Ferreira é escritor
Não me sinto só; estou rodeado de amigos.
Moro só, uso pouco rede social e telefone.
Um abraçaço
Meu amigo, tomo a liberdade de o chamar assim por afinidades e o respeito construído por décadas. Desde a POEMA na década de 1990, dos escritos no Jornal O MOSSOROENSE.
Com as tecnologias, o diálogo ou ao menos um OI ficou tão mais fácil entre aqueles que sentem a vontade de tá próximo do outro.
Pois amigos são irmãos que não possuem nossos sangue, mas são por vezes, mais próximos do que os que carregam nosso sangue!
E grato demais pela sua amizade!
Abração e Deus o abençoe sempre!
É só vir tomar aquele café da tarde, continua saindo todos os dias naquele mesmo horário…
Desse saudosismo ninguém escapa , estamos todos fadados a viver de saudades , memórias , dejavus e felizes devires . Não se sinta constrangido por isso pois essa saudade de amigos é a parte boa e que nos humaniza. Eu acho muito bom e digo como diz o poeta recordar e viver.
Bom dia, poeta amigo.
A gente nunca esteve tão longe apesar de morarmos tão perto.
A correria desenfreada nos coloca na contramão dos encontros…
Apesar dos pesares vamos vivendo dessa glória humilde da saudade e reservando um espaço para um futuro encontro…
E isso vale mais que um abraço.
Boa tarde, meu caro amigo!
Também sinto muita saudade, amigos verdadeiros são o único tesouro que deixamos aqui na terra, ao fazermos aquela viagem sem volta a que todos estamos fadados.
Estou um pouco distante porque encontro-me praticamente morando em Grossos com minha mãe, que tem 94 anos. Chagas não pode vir morar conosco, então de 15 em 15 dias vou a Mossoró passar um final de semana. Espero que, numa dessas idas e vindas, possamos nos reencontrar.
Um grande abraço!
Eu comungo desse mesmo sentimento: saudade dos amigos. Com o passar dos anos foram diminuindo em quantidade mas continuam em qualidade. São pessoas que demoro a ver mas com quem compartilho coisas importantes que me acontecem; acho que, contando nos dedos, não chegam a dez. Preservo demais a privacidade dessas pessoas e acabo parecendo distante. Acho que é o reflexo do tempo corrido que as pessoas vivem de agenda lotada. Sempre sou a pessoa a fazer ligações; quando percebo que demandei muito, me aquieto. Depois aguardo que a outra pessoa tome a iniciativa, o que poucas vezes acontece; então faço a minha leitura de que não faço falta; daí, pra não aumentar a frustração, dou um tempo. A evolução das comunicações aproximou os distantes e distanciou os próximos. E assim vou vivendo! Sinto saudade do tempo em que era fácil encontrar alguém disponível para uma conversa!
Saudade faz bem, só não pode vir sucessivamente uma atrás da outra…
A máquina (robô) é mais empático que a humanidade. Nós trocamos amigos reais por virtuais. E com esses virtuais é como se estivéssemos conversando com o robô.
Apesar que alguns amigos da Net sejam mais compreensíveis, sensíveis aos nossos problemas que certos amigos reais.
Na vida vez por outra estamos rodeados por conhecidos e nos sentimos só, pois a solidão do coração e da alma dói bem mais que aquela aonde vemos as pessoas, mais nos sentimentos distantes.
Parabéns grande Marcos Ferreira, o artigo em tela tem um bocado de mim também.
O amigo que é amigo, pode até ficar ausente mas, não esquece o amigo, mesmo estando distante.