Sorriso suspenso
Protético, CÃcero garante que tem pelo menos dez votos seguros em São Miguel para dar ao seu candidato. Ele não precisa nem aparecer, avisa autoconfiante. Tudo amarrado pela “boca”.
Banguela, “seu” Zé só faz um pedido para assegurar dez votos que tem em casa ao candidato do protético.
Combinado. CÃcero topa a troca: uma perereca fornida, novinha em folha, pelos dez votos.
Apuração concluÃda, na seção que o eleitor sorridente tinha prometido aquela quantidade de votos, não apareceu um sequer. Nadica de nada.
Enfurecido e envergonhado, CÃcero não se conforma com a quebra da palavra e jura vingança à altura. A chance de dar o troco aparece num encontro casual à calçada de uma mercearia movimentada da cidade:
– Seu Zé, como vai? Deixa eu ver se a dentadura que eu botei no senhor está boa, bem-encaixada, homem!
Mesmo titubeando, o velho não encontra saÃda: escancara a bocarra, espreme o chapéu de palha na cabeça e fecha os olhos. Não quer nem ver o que o aguarda.
Num sopapo, CÃcero suprime as chapas e ruge:
– Agora véi, você só vai sorrir de novo daqui a quatro anos; se quiser!
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