A zona do Padre Mota
O padre Luiz Ferreira Cunha da Mota, "Padre Mota", que administrou Mossoró durante nove anos e três meses, a partir de 1936, era um político afeito a tiradas inteligentes.
O bom humor recheava sua vida pessoal, política e sacerdotal. Mesmo em algumas situações, sua verve causava atordoamento. Ruborizava carolas de plantão.
Conversando à calçada com um rol de amigos, ele acompanha – apenas com o olhar – um veículo que se aproxima lentamente, "recheado" de algumas jovens de "origem suspeita". Suspeitíssima, que se diga.
Em cochichos começam a surgir algumas deduções em meio à confraria.
Barrigão protuberante, mãos agarradas aos braços de uma vigorosa cadeira de balanço, pontinha dos dedões quicando o chão, para dar impulso ao vaivém, Padre Mota não se manifesta. Apenas ouve as conjecturas.
– Acho que eles vêm da zona rural – tenta contemporizar um circunstante.
O político-sacerdote não perde tempo. Não alivia no verbo.
Vendo a "arrumação", ele dispara uma avaliação definitiva:
– Vem mesmo é da zona "rolau!"
São inúmeros os “causos” hilariantes protagonizados pelo saudoso PADRE MOTA, filho do Apodiense VICENTE FERREIRA DA MOTA, conceituado e opulento comerciante da praça de Mossoró. Contam que um gaiato desenhou um órgão genital feminino na cabeceira da barragem do centro da cidade, identificando-a com os seguintes dizeres: “Esta é a b….. de Branca”. Ocorre que esta Branca era uma das principais beatas acostumadas a frequentarem a missa todos os dias, e muito ligada ao então Padre Mota, Cura da Catedral e prefeito da cidade. Não tardou para que a dita beata tomasse conhecimento do inusitado fato, o que a levou a pedir a adoção de providências saneadoras imediatas, ao Padre Mota. Após ouvir um corolário de lamúrias da beata,eis que padre Mota chama o seu Secretário-Imediato Bodoca, da família dos Calistrato, recomendando-o nos seguintes termos: “Ô Bodoca, pegue uma colher de pedreiro e vá rapar a b….. de Branca, lá na barragem do centro!”.