Por Odemirton Filho
No último domingo, o editor deste Blog publicou uma crônica sobre a visita de um oficial de Justiça em sua residência (veja AQUI). Segundo ele, à época da publicação do texto, estava acostumado a receber esses servidores públicos em sua casa, o fazendo com a educação que qualquer pessoa merece.
Pois bem. Lembrei-me do dia a dia do nosso ofício, dos perrengues que atravessamos para cumprir algumas diligências. Há, infelizmente, uma falsa ideia que o oficial de Justiça somente leva notícias ruins. Todavia, apenas cumprimos as determinações judiciais para fazer valer o que foi decidido pelos magistrados. Quem “ganhou a ação” fica feliz com nossa visita, quem a perdeu, não. É natural.
Entretanto, nesta crônica, pretendo falar sobre alguns causos e diligências. Aqui ou acolá acontecem situações que depois nos fazem rir. Eu, por exemplo, já tive que fechar rapidamente uma porteira de uma fazenda, pois um boi “cismou” e veio em minha direção. Outro dia, uma senhora conhecida por ser “desbocada”, disse-me que não tinha bens para serem penhorados, e mandou que eu penhorasse as suas partes íntimas.
Existem aqueles que pedem para eu dizer que não os encontrei. Já subi dunas, andei por ruas enlameadas, atolei o carro, percorri assentamentos de difícil acesso, tive que empurrar o carro da polícia que “deu o prego”, com um preso sendo conduzido na viatura.
Às vezes, algumas pessoas ao serem abordadas perguntam “o que estão devendo à Justiça”, fazendo cara de poucos amigos. Há pessoas que “passam mal”, ficam nervosas, quase sem voz. Em alguns casos, já aconteceu dos intimandos serem levados de ambulância para o hospital.
Contudo, bom que se diga, nem sempre é tranquilo. Dia desses, um colega oficial de Justiça foi agredido, tendo que se abrigar em uma casa próxima enquanto esperava a polícia comparecer ao local para acompanhá-lo. Há, também, diligências mais complexas e delicadas, como a reintegração de posse de um imóvel, a busca e apreensão de veículos, a penhora de bens e a guarda do filho menor de idade, por vezes, sendo necessário retirar a criança dos braços do pai ou da mãe.
Recentemente, uma senhora fechou a cara quando me viu chegar a sua casa. Porém, quando eu lhe disse que era uma intimação para receber uma quantia em dinheiro, por meio de um alvará judicial, abriu um sorriso e me ofereceu até café com bolachas.
Existem outras situações hilárias que aconteceram comigo e outros colegas. Quem sabe, volto a mencionar em outra oportunidade. Além disso, há os bons e maus profissionais, como em toda e qualquer atividade. Faz parte.
Enfim. Mas feliz, feliz mesmo, é o colega oficial de Justiça Otacílio, sempre recebido com todo apreço pelo editor deste Blog.
Valeu, Carlos Santos!
Odemirton Filho é bacharel em Direito e oficial de Justiça
Por falar em oficial de justiça me veio a lembrança o fato que desde a quarta-feira de cinza não mais esculto a comemoração do São João antecipado.
Fogos de artifícios nesta urbe.
Porque será?
Um abraçaço
Obrigado pelo comentário, caro Amorim.
Um forte abraço.
Ótimas história, Odemirton! Até nos, que somos do ramo, vez ou outra tomamos susto com um meirinho!
Meu querido amigo, Bruno Ernesto.Tô sentido falta do nosso bate-papo lá no Café de Rafael. Apareça.
Valeu pelo comentário, abração!
Boa, boa meu Caro Odemirton, como todas as profissões e ofícios a vida, a imprescindível atuação do Oficial de Justiça, claro tem seus perrengues e atribulações de toda ordem, especialmente quando sabemos ser uma espécie digamos de “CARTEIRO” temido e nem sempre visto com bons olhos pela grande massa, porventura individualmente citada ou intimada.
Carteiro esse, que não só leva boa e más notícias, mais ainda, impõe ao peso da vara do Estado Juiz obrigações por vezes espinhosas e onerosas tanto material quanto imaterialmente aos destinatários da chamada missiva oficial.
Vossa senhoria com seus indiscutível talento para escrita, quem sabe, ponto futuro, quiçá não tenha como projeto um Livro sobre esse contexto profissional e do labor diário (COM SEUS INÚMEROS CASOS E CAUSOS, EM AMBIENTES POR VEZES HILÁRIOS, TORMENTOSOS, INSALUBRES E PERICULOSOS) dos Oficiais de Justiça que alguns juízes e Promotores, jocosamente por vez chama de Meirinhos…?!?
Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Sempre respeitei os oficiais de justiça. Trabalhando em Banco, sempre recebia Alvarás pra bloquear saldos, informar à justiça, valores em contas de clientes. Quando o Banco era parte citada no Alvará, havia uma pessoa específica para receber. Geralmente era o gerente. Na ausência dele, alguém era designado, formalmente, a receber tais documentos. Reconheço que não era figura que todos gostassem de receber. Tinha gente que tinha verdadeira aversão. São os ossos do ofício. Temos missões a cumprir! Boa semana!
Pois é, minha cara Bernadete Lino, como bem disse, são os ossos do ofício. Mas vamos em frente, tentando fazer o nosso melhor, com dedicação e respeito.
Que tenhamos uma semana abençoada.
Caro Fransueldo, quem sabe um dia o livro com esses e outros casos possa ser publicado.
Muito obrigado pelo comentário.
Grande abraço.