Por François Silvestre
Essa é uma questão que levantei há tempos. Se nós somos mesmo a humanidade, decorrente da evolução dos nossos ancestrais primatas. Que viemos daí não há dúvida, pois qualquer outra tese levará à explicação criativa pelo sopapo. Faça-se isso e isso está feito. De tão infantil, não trato disso.
Nos últimos cinquenta anos nós evoluímos em tecnologia mais do que nos últimos quinhentos anos. E num compasso dialético nós regredimos em convívio com a Natureza, maltratando-a, nos últimos cinquenta anos mais do que nos últimos cinco séculos.
Essa conta a Natureza cobra.
Quando Edward Jenner, no Século Dezoito, observou na ordenha das vacas, que as mulheres acometidas das mesmas feridas que matavam pessoa na cidade, ao contato com a varíola bovina, imunizavam-se da peste urbana, nascia a vacina, de vacum, vaca.
Era original a descoberta de Jenner? Para o Ocidente, sim. Porém, os chineses há dois séculos antes já haviam descoberto a vacina.
Contra a mesma doença. O que faziam? Trituravam a casca da ferida seca de um doente e sopravam, num canudo, o pó dessa trituração no nariz de um sadio.
Ele estava imunizado.
Mas essa não é a discussão a que me proponho. Repito a pergunta: Somos a humanidade? Cumprimos o papel evolutivo que sacrificou a existência dos nossos ancestrais? Posto que desapareceram para dar lugar a nós. Não somos descendentes dos macacos existentes, descendemos de parentes deles que deixaram de existir para que ocupássemos seus lugares na Terra.
Para a evolução darwiniana, tudo aconteceu num processo natural de adaptação, superação e sobrevivência. Para o conhecimento deísta não fanático, da escola do Pe. Teilhard de Chardin, no seu fantástico Fenômeno Humano, foi assim que aconteceu, evolutivamente, sob a arbitragem de Deus.
A pergunta é: Somos a humanidade? Qualquer delas. A dos deuses gregos, moradores do Olimpo?; dos deuses caldaicos, quando a deusa Istar, do amor, ameaçou Anur, deus do tempo, de suspender por um segundo a sinfonia do erotismo universal?. De Tupã, nosso pobre deus dos Tupis?. A humanidade dos loucos, dos sábios, dos santos, dos gananciosos?
Não. Não somos ainda a humanidade. E nem sabemos se daremos a ela a chance de existir. Nós, pré-humanos, estamos de marcha batida para evitar o nascimento da humanidade que anseia por nascer. Infectamos diariamente o nosso útero. Diferentemente do que fizeram nossos ancestrais, sacrificados para que nascêssemos.
François Silvestre. Brilhante opinião. Confusa fiquei com Teilhard de Chardin porque ele passou por minha vida na época do colégio. Não era da turma do Homem de Pequim ? Pois bem, meu colégio era católico apostólico romano. Mas eu lembro de uma freira jovem falando entusiasmada sobre Chardin. Nessa época ele ainda não fôra reabilitado no catolicismo. Intrigante.
Ante-ontem me esforcei tanto para lembrar o nome de quem me apresentou a Teilhard de Chardin. Hoje, veio o sopro.
Salve, Mère Inês! Com certeza descansa em paz porque mostrou uma igreja atenta à cultura.
Quero colar o texto que se refeea a pergunta mas não consigo. COMO FAÇO? Reedito.
Quero colar o texto que se refeea a pergunta mas não consigo. COMO FAÇO? Reedito.