Ele quebra o conceito aristotélico, lá da antiguidade, que colocava o indivíduo diferenciado numa medida que tolerava o lado “b”, ou seja, talvez até o mal: “A virtude está no meio”. A moderação com Francisco Ferreira Souto Filho, o “Soutinho”, é diferente.
Não há nele essa composição para fazê-lo alguém “normal”. Soutinho é exageradamente do bem.
Discreto, trabalhador infatigável, polido, leal e acima de tudo decente. É assim o perfil inquestionável de Soutinho, que hoje aniversaria. Chega aos 83 anos.
Como antes, num passado de maior envergadura econômica de banqueiro e industrial, ele não se abre ao deslumbramento. Fecha-se no seu eu. Repete-se numa obviedade que mesmo assim não o faz comum. É acima de tudo um homem de bem, como fora à época em que muitos só o viam pela lente do ter. Pelos bens.
A frivolidade e a pompa nunca desmancharam sua espinha dorsal. Impassível sem se permitir passivo.
O poder, paixões e o radicalismo da política, que viveu ao lado da amada Edith, também não conseguiram desfigurá-lo na manada de contendores, Verdes contra Encarnados. Continuou assim: “souto”. Aqui o sobrenome é tratado intencionalmente como substantivo, extraído de sua origem latina, que significa “bosque espesso”.
Soutinho também não é diminutivo. Parece mesmo um aglomerado florestal. Uníssono, fonte de vida, multiplicador e base de um ecossistema que pode se renovar a partir de sua existência profícua, no sentido mais sublime desse termo, ou seja, a seiva moral.
Revela-se imperecível, inquebrantável, atemporal e umectado de honradez.
Imagino que alguém simultaneamente à leitura desta crônica se pergunte o porquê da homenagem que faço. É simples. É-me uma questão de crença.
Continuo devotado ao humano, não obstante deslealdades, ingratidões e leviandades comuns à natureza do bicho homem. Soutinho é um indivíduo real, em meio a postiços e tartufos, diante da ralé ou do aristocrata.
Recorro a Fernando Pessoa para enxergá-lo no todo, sendo apenas o que é: “Para ser grande, sê inteiro”. Só isso.
BRAVO!!! BRAVO!!!! BRILHANTE CARO CARLOS SANTOS. QUERO SALIENTAR QUE MESMO A DESPEITO DOS NOSSOS POSICIONAMENTOS POLÍTCO-IDEOLÓGICOS, DEVEMOS ENXERGAR A NATUREZA EXISTENCIAL DO HOMEM SOUTINHO, QUE DURANTE TODA A SUA VIDA PAUTOU AS DEMANDAS EMPRESARIAS E OS RELACIONAMENTOS INTER-PESSOAIS DIGNIFICADOS DE UMA COERÊNCIA E DE UMA SIMPLICIDADE AFETA A POUCOS HUMANOS. EXEMPLOS NÃO FALTARAM DURANTE TODA A SUA TRAJETÓRIA, MESMO SENDO ELA, PODADA E TORPEDEADO POR INDÍVIDUOS DA CHAMADA CASTA MONÁRQUICA MOSSOROENSE, QUE DENTRO E A FRENTE DE SUAS EMPRESAS O TRAIRAM O ROUBARAM E O SACANEARAM POR DIVERSAS VEZES, REPISE-SE, MESMO DIANTE DE TODOS ESSES ACONTECIMENTOS, SOUTINHO TRILHOU O CAMINHO DA DISCRIÇÃO E DA HOMBRIDADE QUE SÓ ALGUNS POUCOS CONSEGUEM EXERCITAR.
MAIS UMA VEZ CARO CARLOS, OBRIGADO PELAS SIMPLES, OBJETIVAS E BRILHANTES COLOCAÇÕES A RESPEITO DE SOUTINHO.
Caro amigo/jornalista Carlos Santos. Com exceção de Amâncio Leite, meu avô materno, não conhecí outro HOMEM com tanta honradez quanto Soutinho. Pessoa simples, humilde, que respeitava, e ainda respeita, creio eu, os funcionários que com ele trabalha, independente da posição laboral, dentro de suas empresas, principalmento no antigo Banco de Mossoró, do qual fui, com muito orgulho, funcionário de 1984 até o fechamento da agência local, em outubro de 1996. Jamais, em momento algum, presenciei Soutinho, mesmo sendo presidente das empresas que controlava, reclamar ou “levantar” a voz contra qualquer subordinado, desde diretores ao mais simples empregado. Foi traído, apunhalado pelas costas e, mesmo assim, é um exemplo vivo de empresário, mostrando a alguns reles que o substituiu em suas ex-empresas, que o vil metal não é tudo, e que, um dia, a razão mostrará a verdadeira face de quem tem conhecimento e, acima de tudo, capacidade de conduzir empresas, em um período que Mossoró respirava progresso. Hoje, respira falsidade. Espero que os futuros administradores mossoroenses tomem, como exemplo, a ilustre e honesta figura humana que é FRANCISCO FERREIRA SOUTO FILHO, Soutinho. Parabéns Carlos! Sou a favor de se prestar homenagem quando em vida, como voce o fez neste momento porque, depois de morto, todo ser humano “vira santo”.
Texto maravilhoso Carlos. Soutinho é um ícone para o setor salineiro que o trata como presidente de honra com muito orgulho. Apesar de meu contato com ele limitar-se aos interesses empresariais eu sempre o admirei pela postura cordata e discreta. Por sua aparência franzina e singela quem não o conhece não imagina o quanto sua história se mistura com a história de nossa cidade sem nunca ter tido o seu nome envolvido com negócios escusos. Mossoró deve muito a ele. Soutinho fez muito pelo desenvolvimento mossoroense, mas infelizmente, talvez por interesses políticos divergentes, não foi, até o momento, devidamente reconhecido.
Pra rir:
Sabedores de que o patrão SOUTINHO era torcedor fanático do Flamengo,alguns dos seus funcionários mais bajuladores,em uma decisão do campeonato carioca entre Vasco x Flamengo,resolveram fazer uma visitinha ao patrão,para talvez,fazerem uma corrente e com certeza pegarem uma godela,começado o jogo,muita torcida e Soutinho na dele,volume da tv bem baixinho,daí,um deles pediu ao patrão para “aumentar a televisão”,ele disse que,não precisava não,pois ele conhecia os jogadores do Flamengo e a partir daí,começou a nominá-los a cada vez que estes pegavam na bola;uma aula de Flamengo e uma ducha fria na cabeça do babão.
Foi dito, por um famoso pensador, que estaríamos vivendo um tempo em que seria necessária uma lupa para encontrarmos, em plena claridade do dia, um homem de bem. Gostaria de possuir meios para respondê-lo dizendo que, em Mossoró, sem maiores dificuldades, talvez sentados em um dos bancos da praça Vigário Antonio Joaquim, ao assistirmos Soutinho sair tranqüilamente de sua casa, encontraríamos um homem que superaria, sem a menor sombra de dúvidas, os requisitos exigidos para a qualificação procurada.
Parabéns pelo texto.
Abraços
David Leite