(…) Este é o exemplo da vida,
para quem não quer compreender:
Nós devemos ser o que somos,
ter aquilo que bem merecer.
(Estrada da Vida, Milionário e José Rico, letra de Jair Cabral)
Impossível não desabar em lugares-comuns no último dia do ano. Em qualquer direção que olhamos nos deparamos com obviedades.
E daí?
Que seja óbvio, desde que sincero.
Já fui preso ao dogmatismo do alheamento, o “tô nem aí”, “tanto faz”, “é um dia como outro qualquer…”
Mas já flertei também com a conversão à data. Vesti-me de branco, fechei os olhos e, compungidamente, pedi “saúde e paz, Senhor!”
Fiz planos e mandei o ano velho “vazar”. Chorei, confesso. Perdi o fôlego. Vi gente sumir. Olhei pro céu infinito e agradeci.
O que sou hoje?
Um pouco disso tudo, fruto de uma vivência que oscila entre os extremos para chegar à moderação.
Não foram os livros de auto-ajuda, um volver na direção de minha fé ecumênica ou alguém que transformou a visão desse tudo, que tenho agora, neste 31 de dezembro de 2010.
Há uma carga de vida vivida, vida louca, vida intensa; vida por viver. Há falta, tenho lacunas. Há vida a preencher.
Nesse pedaço de dia, filigrana na linha do tempo histórico, não há o que satanizar ou incensar. Mesmo assim não estou sentado, vendo a banda passar – “tocando coisas de amor”, como diz Chico Buarque.
Começo o inventário do ano. Borbulham planos. Rabisco metas. Nem otimista nem pessimista: realista. Cartesiano.
Iemanjá, não espere minhas oferendas.
Vem aí o primeiro dos melhores anos de nossa vida.
Feliz 2011!