Por Marcos Ferreira
Tenho para mim que o nosso poeta Aluísio Barros já disse tudo de prosaico e honroso. Refiro-me a uma merecida e bonita homenagem ao senhor Paulino Duarte Morais, que Mossoró conhecia (continuará a conhecer) pela notória alcunha de Paulo Doido. É isso mesmo. Acredito que Aluísio escreveu uma bela página em memória de Paulo. O texto foi publicado, se não me engano, no Facebook.
Paulo, cuja natureza de loucura sempre me pareceu um misto de urbanidade, inocência e pacatez, deixa um vazio irremediável. Pois, em relação a um louco deveras autêntico e benquisto, estamos gravemente desfalcados.
Duvido que exista ou tenha existido outro como ele. Claro que não conheço a história de Mossoró como, por exemplo, Marcos Pinto, Rocha Neto, Bruno Ernesto ou Odemirton Filho. No meu ponto de vista, portanto, nunca tivemos um doido oficial do calibre e estima do já saudoso Paulino Duarte Morais.
Ao contrário de mim, ressalto, Paulo era um doido legítimo. De tão liberto, de tão expansivo em suas doidices inofensivas, nem sei dizer se tomava remédios, se frequentava algum alienista deste mundo louco em que vivemos. Talvez o Dr. Roncalli Guimaraes, profissional do ramo, saiba alguma coisa a esse respeito. Mas acho que não. Paulo não tinha jeito de quem fazia uso de psicotrópicos.
Era livre, estável e feliz com sua loucura andarilha. O Centro de Mossoró, sobretudo, apesar dos esforços do prefeito Alysson Bezerra, que tem caprichado na ornamentação junina, agora está um negócio meio morto.
Por acaso, mexendo ontem em textos mais antigos, descobri que em 2021, precisamente no dia 4 de julho, foi publicada aqui no Blog Carlos Santos uma crônica minha intitulada “O portão”. Nesse ensejo, de relance, faço uma breve referência a Paulo Doido. Foi a primeira e única vez, salvo engano, que escrevi algo sobre o personagem em destaque. Agora, com atraso, vêm estas linhas póstumas.
E agora? O que será de Mossoró e de sua fria sanidade sem a loucura mansa e risonha de Paulo Doido? Não quero nem imaginar.
Marcos Ferreira é escritor
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