sexta-feira - 20/03/2020 - 08:42h
Brasil

Dois analfabetos ignorantes

Por François Silvestre

Bolsonaro e seu Raimundo Cocada. Bolsonaro nunca leu um livro, não sabe o que é filosofia, nem teologia. Duvida dos movimentos dos astros e não acredita que o homem foi à lua. Eleito, não sabe sair da campanha e mantém o país em pastoril permanente; ele numa barraca, a do Azul, arrematando num leilão maluco e provocando a outra barraca, a do Encarnado, que incompetentemente aceita o jogo bruto.

Seu Raimundo Cocada também nunca pegou num livro. Não acredita que o homem foi à lua, nem que a terra gira. “Tudo mentira. Se a terra rodasse, eu acordava cedinho e pegava café barato quando São Paulo passasse puraqui”. E ainda completa, “A lua né grande não. É do tamãe duma arupemba“.

Ele é um dos últimos, se não o último, que ainda carrega água para casa num jumentinho com ancoretas. Vai todo dia à cacimba, na fonte da Marizeira.

Analfabeto e ignorante, igualmente ao presidente do Brasil. Mas há um adjetivo dessa ignorância aboletado em Bolsonaro, que não habita em seu Raimundo.

Seu Raimundo não é irresponsável. Ele torce por sua barraca, no pastoril da Padroeira. Briga, arremata, desfaz dos torcedores da outra barraca, mas passada a festa, a amizade volta, o convívio normal.

Durante a festa, nem se falam.

Quando informaram a ele sobre essa epidemia, ele passou a levar para a cacimba um pedaço de sabão. Antes de abastecer as ancoretas ele lava as mãos com sabão. quando chega em casa, repete o gesto. E ainda obriga todos da casa a fazerem o mesmo, após acordarem.

Seu Raimundo é analfabeto e ignorante, mas, diferentemente de Bolsonaro, não é irresponsável.

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Categoria(s): Crônica
domingo - 15/03/2020 - 20:31h

Fuja dos extremos

Por François Silvestre

Promover aglomerados, num momento de cuidados sanitários, em que se pode espalhar doenças, seja por vírus ou bactérias, é um extremo. Um extremo irresponsável e criminoso.

Ponto.

Impedir reunião de pessoas assintomáticas, em escolas, clubes ou ambientes abertos, impedindo aulas ou trabalho, é um extremo. Um extremo paranoico e promotor de pânico.

Fuja dos dois.

O primeiro extremo fere a saúde pública. O segundo, fere a sobrevivência pública.

As pessoas precisam aprender, trabalhar, transitar. Nenhuma doença é mais grave do que a incapacidade de sobrevivência.

Se você não sobrevive sem salário, sem trabalho, sem escola; pra que sobreviver à doença e morrer de fome?

Disse um líder chinês na metade do Século passado: “O capitalismo é um tigre de papel”. Pois é.

Taí o celofane se rasgando.

E vem da China a rasgação do tigre.

François Silvestre é escritor

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Categoria(s): Artigo
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sexta-feira - 06/03/2020 - 16:28h
Brasil

Bazar de ilusões

Por François Silvestre

É uma quermesse que a política usa e abusa e sempre encontra freguesia. Agora mesmo alguns produtos foram vendidos, com defeitos de fábrica, e os consumidores só podem lamber os dedos. Ou escovar a raiva. Isto é, os que acreditaram.Primeiro produto: Reforma trabalhista.

Vendida como panaceia para resolver o problema do desemprego, desafogar o empregador e garantir direitos dos empregados. Kkkkkkk. O desemprego continua nas alturas, a informalidade disparou, o empregador continua falindo e o trabalhador jogado à incerteza.

Reforma previdenciária: Promessa de alavancar a economia, reduzir o deficit previdenciário e garantir segurança aos segurados. A economia patina feito vaca em lama, o deficit previdenciário não deu sinais de recuperação e a insegurança dos segurados disparou. Virou zorra, com aposentadorias e benefícios encalhados na burocracia e burrice oficiais. Cegos em tiroteio.

Câmbio flutuante e liberalismo financeiro. O dólar disparou, o ministro diz que é bom, mas o Banco Central torra reservas para segurar a moeda, que continua subindo. O Banco Central desmente o ministro e a moeda caga para o Banco.

O PIB virou foguete de quintal, subiu meia parede e nem vê o outro lado da rua. Qual a saída? Vender novos produtos:

Reforma tributária e Reforma administrativa. São as novas ilusões da quermesse.

Na primeira vão criar novos impostos, dizendo que abolirão os velhos. Papo. Virão os novos e os velhos ficarão. Na segunda vão prometer fim de privilégios e melhoria de serviços. Papo.

Os privilégios continuarão intocáveis, os pequenos serão punidos e o serviço público continuará uma porcaria. Tudo como dantes, no quartel de Abrantes. Sem precisar de Napoleão invadir Portugal.

Aposta? O PIB é o do público ou da privada?

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domingo - 01/03/2020 - 20:10h

O fanatismo e a idade

Por François Silvestre

Na juventude, o fanatismo pode ser ingenuidade ou lavagem cerebral.

O da ingenuidade se cura com o amadurecimento.

O da lavagem cerebral se gruda à mente feito tatuagem, e deságua no fundamentalismo.

É assim o fanatismo da mocidade.

Na idade adulta, o fanatismo nasce decorrente da esclerose intelectual. Não tem cura.

O único jeito é evitar o contato, que não produz contágio mas enche o saco…

François Silvestre é escritor

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Categoria(s): Artigo
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sexta-feira - 28/02/2020 - 19:40h
História

Ainda sobre militares

Lott: candidato derrotado (Foto: arquivo)

Por François Silvestre

Pra se ter uma ideia da politização nas Forças Armadas, até a década dos anos sessenta, basta observar o quadro eleitoral da redemocratização após o Estado Novo, não houve uma eleição presidencial, de 1945 a 1960, em que não estivesse na disputa um militar general.

Em 1945, foram dois. O General Eurico Dutra contra o Brigadeiro Eduardo Gomes. Brigadeiro é o general da Aeronáutica. E só nessa eleição ganhou um militar. Dutra.

Em 1950, novamente o Brigadeiro Eduardo Gomes disputou a Presidência, tendo sido derrotado pelo ex-ditador Getúlio Vargas.

Em 1955, o General Juarez Távora foi o candidato da UDN, tendo sido derrotado pelo candidato do PSD, Juscelino Kubitschek.

Em 1960, o candidato do PSD foi o General Henrique Teixeira Lott, que foi derrotado por Jânio Quadros.

Depois disso, veio a escuridão. Vinte anos de Ditadura, com a presidência transformada em carreira militar.

Leia também: O quartel não me assusta.

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Categoria(s): Artigo / Política
quinta-feira - 27/02/2020 - 06:44h
Opinião

O quartel não me assusta

Por François Silvestre

(Texto dedicado aos amigos irmãos Alex Medeiros e Honório de Medeiros)

O que me assusta é ler opinião de amigos de bom caráter, de boa instrução, convalidar essa estultice bolsonariana.

O quartel eu conheço. Servi no Exército, sou reservista de primeira categoria. Recruta e preso político no mesmo quartel onde servi. No Regimento de Obuses, ali nas proximidades de Santos Reis. E ali fiz amizade com oficiais que me prenderam, com sargentos, com recrutas.

Alguns ainda encontro vez ou outra, muito raramente. Também fui preso no 16/RI, ali na Hermes da Fonseca.

Esse Exército ao qual servi não era um. Eram dois. Um, vindo dos anos Vinte, à esquerda, liderado por Estilac Leal. Outro, à direita, sob a orientação de Canrobert Pereira da Costa.

O de Estilac, mesmo após sua morte, apoiou os governos democráticos da redemocratização. O outro, de Canrobert, à direita, aliou-se ao lacerdismo para golpear a decisão das urnas. E viveu de golpes. E quando chegou ao poder, sem golpe, com Jânio Quadros, frustrou-se com a renúncia do maluco que apoiara. Pois é.

De quartel entendo.

E o Exército de hoje não é um clube militar com vocação política. Nem politizado como os liderados de Estilac e Canrobert. Tenentes dos anos Vinte, coronéis dos anos Quarenta e generais dos anos Cinquenta.

Há uma lição militar fundamental. O que diz?

Não tema do seu inimigo o que ele quer contra você, tema o que ele pode. E os militares nada podem contra a Democracia. Ponto.

Os de pijama tossem. Os dos quarteis não se metem nessa aventura.

As Forças Armadas merecem respeito. E o respeito merecido decorre do respeito à Democracia.

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segunda-feira - 24/02/2020 - 18:22h
Opinião

A lição do Carnaval

Por François Silvestre

As ruas estão cheias. Onde chove ou onde não chove. Em todas as cidades a festa do povo derrete em cinzas a máscara da hipocrisia.

O Brasil tem tão poucos evangélicos assim?

Pergunto porque com tantas igrejas fanáticas, vendendo milagres, era de se esperar um país recolhido ao retiro. (aqui, excluo da crítica os evangélicos luteranos, das igrejas protestantes que merecem meu respeito, trato das “igrejas” empresas da picaretagem dos Malafaias, Edir Macedo, Romildo Soares, Valdomiro e et caterva.)

Mentiram. Tem retiro nenhum.

Ou “evangélicos” de mentira no meio da esbórnia. Onde estão os evangélicos do poder? Farreando nos escombros.

Quantos blocos ou movimentações de ruas são movidos por “artistas” vinculados ao fascismo? Ou ao humor? Quantos? Nenhum.

Por quê? Porque o fascismo não tem graça.

É uma nojeira fantasiada de ordem, de sossego, de união. Sem ordem legal, sem sossego pessoal, sem união social.

Isso é o fascismo.

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quarta-feira - 19/02/2020 - 10:14h
Brasil

Que governo?

Por François Silvestre

Primeiro foi o Moro. Disputando prestígio com o chefe, gerou ciúmes no chefe, teve quase pra sair. Aí um dos generais pijamados do governo alertou o chefe: “se o Moro sair o governo acaba”.

Agora foi o Guedes (veja AQUI). Disputando com o chefe quem diz mais asneiras, besteiras e achincalhe, e sem saber o que fazer com a economia, quase se desfenestrou. Aí alguém lhe disse: “se vocês sair o governo acaba”.

Tá ou num tá um moinho de moer piadas?

Como danado pode alguma coisa que não existe acabar. Só acaba o que existe. Não há governo. Há um bando destrambelhado de analfabetos em educação, economia, meio ambiente, relações públicas, diplomacia e o escambau usufruindo do poder na condição de inquilinos de uma massa falida.

A coisa tá tão avacalhada que até um juiz federal, encarregado de julgar políticos corruptos, aparece pinotando num camarote momesco com o “presidente” da república. E os chefes dos outros poderes ficam de bico calado ou com o rabo entre as pernas, feito cão guenzo em casa caiada.

A irmã da rapariga do cabo tem mais compostura do que o “presidente” da república. E os acólitos formam a troupe mambembe de uma burlesca encenação de horrores.

A comparação remete a um fato ocorrido em Patu, meados do século passado, quando um pequeno circo acampou na cidade. Os meninos que acompanhavam o palhaço na divulgação da função recebiam uma marca de tinta no braço, era o ingresso gratuito.

À noite, o porteiro, que era o palhaço, identificava cada um para permitir a entrada. Nisso, chega uma jovem e tenta entrar sem o ingresso. O porteiro avisa que a entrada é paga. “Eu num priciso pagar”.

Indagada por que, ela responde: “Sou irmã da rapariga do cabo”.

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quinta-feira - 06/02/2020 - 19:38h
Reflexão

Ouçam Lobão

Por François Silvestre

Não sou ouvinte musical de Lobão. Aliás, em matéria de audição não tenho ouvido nem os compositores do meu agrado. No carro, na estrada, prefiro o silêncio. E em casa também. Sem paciência para o ruído. Mesmo de belas canções.

Lobão foi voz isolada (Foto: Keiny Andrade/UOL)

Lobão nunca compôs belas canções, para meu gosto. Mas acompanhei sua trajetória de infância complicada e mãe dominadora. Seu rompimento com a timidez aguda não deixou que virasse crônica. E saiu do casulo para o confronto.

Rompeu com admirações antigas. Brigou com ídolos estratificados, intocáveis. E não poupou ninguém, nem estabeleceu limites nesse rompimento.

Foi voz isolada inicialmente, depois apareceram outros. Tudo muito tímido. Menos ele, que trocou a timidez pelo escracho. E escrachou abertamente.

Agora, após a vitória da escuridão, Lobão acende uma chama. E chama a atenção para o obscurantismo estabelecido. Com a isenção e a insuspeita de ter apoiado o poder agora estabelecido.

Não é petista, não é de esquerda. Exatamente por isso sua fala vai causar estrago no miolo do fascismo.

Ouçam Lobão.

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domingo - 02/02/2020 - 10:14h

Um dos melhores romances potiguares em oportuna reedição

Por Tácito Costa

Não poderia haver momento mais oportuno do que o atual para a reedição de “A pátria não é ninguém”, do escritor François Silvestre. Não apenas porque o livro está esgotado e tenha intrínseca qualidade, mas, sobretudo, devido a tenebrosa conjuntura política brasileira, que faz com que tudo ganhe assustadora urgência.

A primeira edição veio a lume em 2002, pela saudosa Editora A.S Livros, e foi muito bem recebida por críticos e leitores. A leitura causou-me forte impressão à época. É livro obrigatório em qualquer antologia ficcional que se faça no Rio Grande do Norte. Eu, que conheço relativamente bem a literatura potiguar, o coloco sem medo entre os dez melhores.

Com projeto gráfico primoroso (a capa, linda, é de Raíssa Tâmisa), a nova edição sai pela editora Sarau das Letras. Tem apresentação do escritor, crítico e integrante da ANL (Academia Norte-rio-grandense de Letras), Manoel Onofre Júnior, e prefácio do escritor e editor Clauder Arcanjo.

“Esta obra, no meu modesto entender, afigura-se importante pelo seu caráter de documento – painel das trevas – mas também pelos aspectos formais, reveladores de um artesão da palavra, no pleno domínio do seu ofício”, afirma Manoel Onofre Jr.

Em seguida, ele comenta a estrutura da obra: “A ação romanesca desenvolve-se em três planos distintos, sem preocupações de ordenamento cronológico: 1- os horrores da era Médici; 2 – a distensão ‘lenta, gradual e segura’, vale dizer, a ditadura agonizante; 3 – a infância sertaneja do narrador, no sertão pernambucano.”

“Neste livro de François Silvestre, os capítulos narram acontecimentos entre 1977 e 1982. Entrelaçados com intersecções, nem sempre em ordem cronológica, num intrincado tecido de memória, relato-reportagem e ficção”, escreve Clauder Arcanjo.

Ainda no prefácio, Clauder alerta o leitor que não irá encontrar somente “a reportagem de um período em que o medo imperava, e a tortura mostrava suas garras e sua fúria covarde nos locais eleitos pelos militares golpistas e seus áulicos-babões pra debutar maldades em cada vez mais desumanas maquinarias e procedimentos. Haverá de encontrar isso, mas verás, também que François não foge à luta de narrar tudo como uma crônica de época, madura e inventiva”.

Por decisão do autor não haverá lançamento desta nova edição de “A pátria não é ninguém”. O livro está à venda na Livraria Independência, em Mossoró, e na Cooperativa Cultural, no Centro de Convivência, da UFRN.

Senti uma vontade enorme de relê-lo, o que farei depois de acabar “Os irmãos Tanner”, romance de outro craque, o suíço Robert Walser.

Tácito Costa é jornalista e escritor

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domingo - 02/02/2020 - 06:32h

Hoje não é um palíndromo…

Por François Silvestre

..é uma capicua….é uma capicua. A combinação de palavras que podem ser lidas de trás pra frente e frente pra trás é um palíndromo. Quando essa combinação se dá com números é uma capicua.

Isso não me motivou pelo fato do 02/02/2020 (hoje, domingo). Não. Mas por conta de algumas discussões no mundo restrito onde eu navego na net, com poucas e selecionadas pessoas, e veio-me a lembrança de um belo e estranho romance.O Avalovara de Osman Lins, que me foi presenteado por Vicente Serejo, após eu lhe pedir o presente. Ele viajara e eu pedi o livro. Aliás, esse adjetivo estranho ao romance foi dele.

Pois bem. Osman Lins começa o livro partindo de um quadrado e uma espiral. O quadrado é formado por cinco palavras sobrepostas, uma em cima da outra. De onde sai uma espiral infinita.

São cinco palavras do latim arcaico. Sator/ Arepo/ Tenet/ Opera/ Rotas. Ponha essas palavras, cada uma sobre a outra, que formam um quadrado. E você vai lê-las de todas as formas.

De baixo pra cima, de cima pra baixo, da direita pra esquerda, da esquerda pra direita. Há uma discussão acadêmica de que a palavra Tenet foi um arranjo. Bizantinice. Ela consta da linguagem primitiva latina na atividade agrícola.

O significado delas também acolhe várias versões. Porem, o sentido acaba dando no mesmo leito. Que é: O condutor mantem o arado nos sulcos que ele escolhe. É o domínio de quem conduz sobre o conduzido.

Esse enigma foi proposto por um escravo, desafiado por seu amo, que lhe daria a liberdade caso não o desvendasse. Não o desvendando, o senhor do escravo convenceu outra escrava a conquistar o colega. Apaixonado, ele contou o segredo do enigma à amante.

E ela entregou a descoberta ao amo. E o escravo genial perdeu a liberdade por uma noite de amor.

Mas eu falava de quê? ah! Palíndromo e capicua.

François Silvestre é escritor

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sábado - 01/02/2020 - 19:38h
Violência

Segurança é mentira oficial

Por François Silvestre

Diz o governo federal que é mérito seu a redução da criminalidade no BrasilMentira. Não é culpa do governo atual essa violência mas é sua responsabilidade a continuação dela.

Diz o governo estadual que reduziu a violência no EstadoMentira. Não deu causa, mas é ineficiente no combate à mesma. Mentem os dois governos. A “redução” ou diminuição de atos violentos dá-se por várias causas, e nenhumas dessas causas têm nos governos o protagonismo alardeado.

O acirramento ou redução da violência cumpre um ritual de fluxo e refluxo, com determinantes fora do controle oficial. O único controle oficial eficiente é o jogo de números e estatísticas.

Da mesma forma como manipulam dados de inflação e outas mogangas. Algumas prisões emblemáticas, transferências de presos, brigas internas de facções, táticas do estado paralelo, mortes de alguns bandidos, isso tudo produz uma redução momentânea da violência.

Só momentânea. Por quê? Porque não se vislumbra uma política de inteligência policial eficiente. Nem ações preventivas que evitem a sua deflagração.

A exemplificação empobrece o raciocínio abstrato, mas às vezes ela se impõe. Ontem estouraram a agência do Banco do Brasil em UmarizalA terceira vez. Quantos dos assaltantes das duas vezes anteriores foram presos? Quem assaltou? Ninguém sabe. Sabe-se que foram os mesmos. Só pode ser.

A próxima será Martins. Falta um assalto pra empatar com Umarizal. Quem estourou duas vezes a de Martins? Ninguém sabe. Sabe-se que foram os mesmos. Hoje, a estrada de Pau dos Ferros deve estar cheia de policiais revistando carros e pedindo documentos.

A bandidagem estoura o banco e a polícia no dia seguinte estoura a paciência das pessoas comuns, que trafegam nas estradas por onde os bandidos trafegaram tranquilamente no dia anterior. Onde está a mão oficial na redução do violência?

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segunda-feira - 23/12/2019 - 09:34h
Reflexão

Rio, do verbo rir…

Por François Silvestre

Não posso evitar, e rio. De rir e não de Grande do Norte ou de Janeiro. Mas é engraçado. Notícias do ocorrido são seletivas, dependendo da opinião do noticiante. Jornalismo? Pode ser, pois tudo agora pode ser.

Queiroz aconteceu, Flávio 01 também. Até pescaria em angra, coisa de rico. Num lado, alarde, mais que notícia. No outro, silêncio, ignorando a notícia.

Noticia-se a possível candidatura de Moro. A prefeito? Não. Vereador? Não. A vice-presidente.

Mas a próxima eleição é para presidente? Não. Só daqui a três anos. Pois é. Bolsonaro lança Moro provável candidato a vice, pra daqui a três anos, e vira notícia. Futurismo do fanatojornalismo.

Desvio de atenção do real. Papa na boca dos bestas. Mesmo assim, rio.

Nem do Norte, nem do Mês. do verbo rir de como riem as hienas.

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domingo - 15/12/2019 - 09:10h

Fora do casulo… Greta Thunberg

Por François Silvestre

É um sopro de brisa na escassez do vento.

Uma luz de lamparina no fogão sem lenha.

Um cantar da mãe-da-lua no silêncio da madrugada.

Um ranger de carro de boi, após a morte dos bois.

Um olhar de incômodo na cegueira do tempo.

Uma pirralha que ralha e incomoda o canalha.

Um desassossego tão novo futuca o sossego dos velhos.

Um rosto suave incomoda o focinho da pústula.

Uma casca de vida chafurda a ferida do pus.

Não foi lagarta, nem morou no casulo,

É borboleta nascida no coito da paz.

Uma menina da idade da terra, faz-se Universo mais velha que ele.

E brilha e brilha… estrela cadente.

François Silvestre é escritor

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segunda-feira - 09/12/2019 - 20:50h
Passado e presente

Resultado do Pelourinho

Sérgio Camargo: polêmica (Foto:Web)

Por François Silvestre

O sujeito nomeado para a Fundação Palmares – Sérgio Camargo (veja polêmica AQUI) – disse que a escravidão foi uma coisa triste, só isso, triste, mas foi muito boa para os descendentes africanos nascidos no Brasil. “Nós somos mais felizes do que nossos irmãos filhos de livres na África”.

Tá qui pariu.

Isto é, “se meu bisavô foi torturado e minha bisavó foi amarrada nua no pelourinho, surrada com cipó de boi na presença do meu avô adolescente, foi triste.

Mas eu vivo melhor do que se tivesse nascido na África”.

Sacaram?

Que os avós e bisavós tenham se fodido é apenas triste, mas o resultado foi bom.

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segunda-feira - 02/12/2019 - 18:38h
Brasil

Ovo chinês

Espetinho de ovo; que delícia! (Foto: Web)

Por François Silvestre

A China Comunista, de partido único, põe o capitalismo ocidental de joelhos. E caga na cabeça de Trump e dos bajuladores do Tio Sam.

Agora mesmo abocanhou a carne bovina brasileira, e a classe média capitalista do Brasil vai se virar no franco com ovo.

Ocorre que a Arábia Saudita vai comprar frango do Brasil. Então a classe média capitalista brasileira vai ter de comer galinha. E sem galinha, não terá ovo.

O jeito será o criadouro de galinha chinesa. Encher os terreiros e as granjas dessa espécie pequenina de galináceo. Não dá pra comê-las porque são minúsculas, mas com dez ovinhos chineses faz-se um omolete para uma pessoa.

É só uma questão de paciência. E paciência é o que pede o Guedes.

Classe média longe dos açougues, dólar nas alturas e gasolina a preço de ouro. Turismo para o exterior? Dê por visto. Vinhos importados? Dê por visto.

Champanhe? Nem pensar. Bacalhau? Só se for sahite ou traíra escalada. O jeito, em Natal, é procurar os herdeiros de Bastos Santana e encomendar uma cesta de natal São Cristóvão.

Né não, Simonal?

Hein, Giliard?

E aí em Mossoró, como vão os capitalistas?

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segunda-feira - 02/12/2019 - 09:36h
Política internacional

Não interessa a cor do gato

Por François Silvestre

Teve de tudo, até agora, a decantada “amizade” de Trump com Bolsonaro.

Teve continência do capitão de Pindorama para o general do Tio Sam.

Teve até um “I love you” de Bolsonaro para Trump, cujo registro em público acentuou o ridículo.

Em justificativa, o capitão cantou vantagens. O Brasil seria incluído no clube fechado dos países com privilégios econômicos. Não foi. Inclusive assessores de Trump informaram que Bolsonaro mentiu, pois Trump nunca prometera tal prestígio ao capitão.

Agora, fedeu.

Trump restabeleceu as taxas tarifárias de aço e alumínio contra o Brasil e a Argentina. Trump acusou os dois países de desmoralizarem as próprias moedas. O que produz, segundo ele, prejuízo para os americanos.

Para Trump os presidentes do Brasil e Argentina merecem o mesmo tratamento; isto é, desprezo.

Tudo papo.

Esse é mais um estrago que a China impõe aos capitalistas desse lado do mundo. Para Trump quem se chega à China magoa o Tio Sam. Para a China “não interessa a cor do gato, interessa que ele pegue o rato”.

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domingo - 24/11/2019 - 16:10h

A Diana de Miro Teixeira

Por François Silvestre

O ex-deputado federal pelo Rio de Janeiro Miro Teixeira (Rede) oferece uma sugestão interessante. Mudança na legislação que estabelece o segundo turno para as eleições majoritárias, incluindo o pleito para presidente da república.

Qual seja? O segundo turno seria disputado pelos três candidatos mais votados. Isso diluiria essa coisa do radicalismo intolerante de torcida de futebol nas eleições.

Já no primeiro turno, argumenta ele, os radicais seriam contidos pelo medo de serem derrotados por uma alternativa moderada que estaria presente no segundo turno.

É uma proposta interessante que merece reflexão e aprofundamento no debate para quem não é filiado aos dois grupos de ódio mútuo que tentam polarizar entre si e só para si os destinos da política no Brasil.

O país não é um pastoril de barracas inflamadas. Com apenas dois cordões. É bem verdade que os chefes da quermesse preferem a continuação do embate entre eles.

Miro Teixeira sugere uma Diana para dar chance à Democracia.

Leia também: Contra a polarização.

François Silvestre é escritor

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Categoria(s): Artigo
  • Repet
domingo - 17/11/2019 - 14:36h

Sabiá ou jegue?

Por François Silvestre

“Cessem do sábio Grego e do Troiano/ as navegações grandes que fizeram;/ Cale-se de Alexandre e de Trajano/ A fama das vitórias que tiveram;/ Que eu canto o peito ilustre Lusitano,/ A quem Netuno e Marte obedeceram:/ Cesse tudo o que a Musa antiga canta,/ Que outro valor mais alto se alevanta”.

Camões inicia duas aventuras épicas. A intencional: de responder a Homero que fincara nos versos a aventura dos gregos, e a Virgílio, que cumprira papel semelhante na origem da aventura latina.A segunda não foi intencional: estruturar o esqueleto de um idioma. A “última flor do Lácio, inculta e bela”; do dizer de Bilac. Que responderia à pergunta do tempo: “ora direis ouvir estrelas”.

Era o português uma algaravia, desde 1139, (Sec. XII) que se confundia com o galego, a linguagem da Galícia. Ganhou contorno morfológico com a obra teatral de Gil Vicente e o Cancioneiro de Garcia de Resende, (Sec. XV). Porém, foi a épica camoniana (Sec. XVI) que teve o mérito de criar o arcabouço sintático da língua que nos define e nos fotografa.

Os Lusíadas, muito mais do que a louvação heroica das aventuras marítimas, é uma fábrica de metáforas. O forno que modelou uma forma de compor versos, na língua nascente.

A metáfora consegue remodelar o conteúdo opaco para fazê-lo brilhante, na forma recriada. Não fosse ela, a poesia seria apenas uma repetida composição de rimas. Sonoridade vocálica, pobreza poética.

A rima, nos Lusíadas, é pobre. Combinando mais das vezes desinências verbais. A metáfora, não. E é delas que ele tira a tintura dos versos para engrandecer pequenos atos. Ao dar-lhes feição maior do que o gesto.

A aventura grandiosa da circunavegação Lusitana vai se desenrolando ao apelo metonímico da mitologia. Com a cumplicidade de Vênus e Marte, sofrendo a oposição de Baco e Netuno.

A metáfora produz poesia. Ela é a rainha das figuras na composição do estilo. Dando nós onde há linha lisa e alinhando a linha onde há nós. Mesmo que seja poesia de pedra, rústica ou polida. Afagando o ouvido ou a leitura.

Dante, Shakespeare, Neruda degustaram metáforas. E deram vida à poesia nossa de cada dia. O resto não é resto, é metáfora do que resta da sobra. Onde se escondem os verbos nos porões da zeugma ou se omitem os nomes, nos escaninhos da elipse.

Aí não se pode esquecer a política nossa de cada noite. No Brasil de hoje, só a língua, mesmo maltratada, ampara a Pátria.

Só que a metáfora na política é a tentativa de esconder a verdade, muitas vezes feia, para vender a mentira falsamente bela. E o povo, metáfora da abstração, deixa-se enganar concretamente na mesma cumplicidade da metafórica democracia de faz de conta.

Na circunavegação da falsidade, institucionalmente estabelecida, senhora dos poderes e controles, o embuste ético humilha a língua de Camões.

A repetição deste texto dá-se pelo abuso com que a televisão, os blogs e twitters, na ausência do jornalismo impresso, assassinam diariamente o que ainda resta da língua que unificou a nossa linguagem cultural.

A falar a língua do povo, no dia a dia, é uma coisa. Outra coisa é usar o texto escrito para enterrar a língua portuguesa. O que há de “sábios”, que entendem de tudo, usando a língua que desconhecem no mais elementar da sua estrutura, é de se imaginar que estão a criar uma “nova língua”. Ou edificar o seu sarcófago.

Uma língua inculta e feia, próxima da ortografia do rincho, com desculpas ao nosso jumento, inculto e belo.

François Silvestre é escritor

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Categoria(s): Artigo
sexta-feira - 08/11/2019 - 14:56h
Crônica

Tá faltando um leiloeiro?

Por François Silvestre

Chico de Regina era o leiloeiro oficial da paróquia de Martins, nas festas da Padroeira. As barracas distribuídas na Praça Almino Afonso disputavam as preferências do Azul ou Encarnado.

Ele segurava um copo de cerveja quente e com o polegar prendia no copo um pedaço de linguiça enfiado num garfo. “Quanto me já dão por esse copo de cerveja do Aero Bar de seu Genaro e um pedaço da linguiça de Raimundo Baliza”?

Alguém gritou: “Um cruzeiro, pra Borreguim”. Chico repetia: “Um cruzeiro, pra Borreguim, dou-lhe uma”.

Luciano Nicotina, já bêbado, gritava: “Dois cruzeiros, pro cão”. O leiloeiro anunciava: “Dois cruzeiros, dou-lhe duas”. Nicotina gritava de pé: “Tem que dizer pro cão”. Chico corrigia “dois cruzeiros, pro cão”, mas dizia o “pro cão” bem baixinho.

Luciano cobrava: “Tem que dizer alto, ou eu não pago”.

Aí Chico de Regina, irado, gritava: “Dois cruzeiros, pro cão. Dou-lhe três, CÃO”.

Tá faltando um Chico de Regina nos leilões de Bolsonaro, que têm merecido o desprezo total dos seus decantados “aliados” internacionais, nessa história do pré-sal.

Cadê EEUU, Israel, Arábia Saudita, China…?

Talvez Guaidó seja um bom leiloeiro.

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Categoria(s): Crônica
  • Repet
domingo - 03/11/2019 - 06:38h

A moeda e o medo

Por François Silvestre

“Quatro rios há nos espaços tenebrosos e subterrâneos dos Infernos: o Estige, o Aqueronte, o Cocito e o Flegetonte ou Piriflegetonte. Os três primeiros levam suas águas lentas, através de marnéis, pântanos e volutabros infectos, cobertos de tristes plantas aquáticas, a gargantas estreitas, onde o ruído das águas se torna espantoso. O quarto rola ondas de enxofre e fogo, arrastando no seu curso rochedos retumbantes”.

“Às bordas do Estige vêm dar as sombras dos que deixaram os corpos na região das luzes. Sobre a onda imóvel desliza, sem cessar, sem ruídos, uma barca com a madeira podre, suja, dirigida por horrenda criatura”. É Caronte, o barqueiro do inferno.É assim que Tassilo Spalding inicia o verbete que define e expõe à visão gráfica a figura símbolo do que seria o capitalismo na mitologia.

E informa que o filho de Érebo e da Noite, desconhecido de Homero e de Hesíodo, era um deus ancião, mas imortal. Velho, repugnante, intratável e avaro.

Para realizar a travessia dos mortos à outra banda do Estige ou do Aqueronte, cobrava três óbolos, a menor das moedas, que valia uma sexta parte do dracma.

E só carregava os que tinham merecido a honra do sepultamento. Cujas almas, desligadas, tinham a posse das moedas que lhes garantiam a travessia.

As despossuídas vagavam pelas margens dos rios citados, até que um dia conseguissem o pagamento da travessia.

A descrição de Caronte e suas atribuições compõem o mais perfeito retrato do capitalismo e suas navegações pela história humana, a cobrar de cada um os óbolos de sua ganância e devolver a cada um a travessia no barco podre de Caronte.

Quando vejo um rico perdulário ou muquirana, esbanjador ou mealheiro, enojar-se com a palavra comunismo, eu compreendo. O que não compreendo é ver um pobre esganar-se de admiração pelo capitalismo.

Caronte não recebia seres vivos na sua barca. O capitalismo não recebe seres livres nos seus negócios. Todos são livres, no capitalismo, para servirem aos capitalistas. Fora daí, a liberdade é apenas uma figura retórica. Onde se avolumam nas margens dos rios podres as almas despossuídas de óbolos.

Caronte pagou com a perda de função, durante um ano, por ter transportado Hércules, ainda vivo, e o fizera movido pelo medo.

Aí estão os dois instrumentos do aparato capitalista: a moeda e o medo. Sem a moeda e sem o medo, a exploração fracassaria.

Posta indevidamente nos ombros da ganância capitalista a bandeira das liberdades fundamentais, pelo falso comunismo, o antagonismo do mal se transformou no estandarte justificador do próprio mal.

François Silvestre é escritor

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Categoria(s): Crônica
domingo - 20/10/2019 - 07:00h

Capitalismo de quintal

Por François Silvestre

O capitalismo brasileiro é pré-feudal, o socialismo brasileiro é pré-burguês e a política do Brasil ainda cisca no terreiro da caverna.

Tudo no contorno infindável da promiscuidade público-privada, estuário institucionalizado da trampolinagem e demagogia. Horta fértil de cujo estrume brotam “salvadores da pátria”.

A dialética, no Brasil, não tem tese. Só antítese, sem síntese.

Desordem institucional, desonestidade administrativa e farsa de controle.

O único governo que tentou reformas de base, inclusive agrária, foi João Goulart, um latifundiário. E caiu por isso. Imprensado no meio da guerra fria, travada pelo império capitalista americano contra o império militarista da burocracia soviética.

A pátria dos quartéis vendeu-se.

A pátria dos políticos prostituiu-se.

O povo recebeu a sucata da pátria, cujo conserto, hoje, atropela-se na dialética da mediocridade.

Só a vontade coletiva poderá romper o fracasso.

Uma seita não faz oposição, propõe canonização.

Um conluio fascista não faz reformas, arruma rifa entre amigos.

Só a consciência coletiva, se ainda tivermos, apontará um Norte. Seja da estrela Polar ou do Cruzeiro do Sul.

François Silvestre é escritor

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Categoria(s): Artigo / Política
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