Do Canal Meio e outras fontes
Apenas quatro dias após ter seu passaporte apreendido pela Polícia Federal, em meio às investigações de tentativa de golpe, Jair Bolsonaro (PL) passou duas noites na Embaixada da Hungria em Brasília, onde não poderia ser preso, pois a lei internacional classifica representações diplomáticas de um país como território daquela nação. Segundo imagens das câmeras de segurança obtidas pelo New York Times, o ex-presidente ficou na representação diplomática entre 12 e 14 de fevereiro, acompanhado aparentemente por dois seguranças, sendo recepcionado pelo embaixador húngaro, Miklós Halmai, e sua equipe.
No dia 12, ele postou, às 20h34, o vídeo em que convocou seus apoiadores para um ato em sua defesa, em 25 daquele mês, na Avenida Paulista, e, às 21h37, entrou na embaixada. Segundo o jornal americano, a permanência na representação diplomática sugere uma aproximação com o premiê da Hungria, Viktor Orbán, numa tentativa de escapar da Justiça brasileira. Os dois políticos são próximos há anos, tendo em comum a agenda de extrema direita. (New York Times e Folha)
Bolsonaro admitiu a Igor Gadelha que ficou na embaixada. “Não vou negar que estive na embaixada, sim. Não vou falar onde mais estive. Mantenho um círculo de amizade com alguns chefes de Estado pelo mundo. Estão preocupados. Eu converso com eles assuntos do interesse do nosso país. E ponto final. O resto é especulação”, afirmou. Em nota, sua defesa disse que “o ex-presidente brasileiro conversou com inúmeras autoridades do país amigo atualizando os cenários políticos das duas nações”. (Metrópoles)
O Itamaraty não gostou e convocou Halmai para explicar a situação. A reprimenda foi transmitida pela secretária de Europa e América do Norte, embaixadora Maria Luisa Escorel de Moraes. Por cerca de 20 minutos, o embaixador ouviu as queixas e tratou os pernoites como corriqueiros. Na conversa, ela reiterou os problemas de Bolsonaro com a Justiça e que ele tem amplo direito de defesa. (Globo)
Já o ministro Alexandre de Moraes deu 48 horas para que Bolsonaro explique a visita. A Polícia Federal vai investigar o que ocorreu. (CNN Brasil)
Sem motivo para prisão
Eliane Cantanhêde: “Sempre tão implacável, Xandão está numa semana que não chega ao extremo de ser paz e amor, mas de esclarecer circunstâncias e reduzir confrontos e tensões. Informou a seus pares no Supremo que não dá bola para o ‘asilo’ de Bolsonaro, não vê elementos para prisão preventiva por risco de fuga e obstrução de Justiça. Confirma-se a previsão de que Bolsonaro só será preso se for condenado e depois do trâmite em julgado, sabe-se lá quando”. (Estadão)
João Paulo Charleaux: “Nos dois dias em que esteve abrigado na embaixada, Bolsonaro estava inalcançável pela Justiça de seu próprio país. Se a Justiça foi atrás dele nessas 48 horas ou não, isso é apenas um detalhe. No que diz respeito à oferta de proteção internacional, ela ocorreu na prática.” (Folha)
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