Literalmente, “a montanha pariu um rato”. Nada além de um alarido, manchetes e mais manchetes na imprensa, estresses nos bastidores e… e nada.

A propalada crise envolvendo a Assembleia Legislativa e o Governo Robinson Faria (PSD), que pipocou no início do mês passado, não se sustentou por alguns dias. Não deu um mês de “validade”.

José Dias: desabafo (Foto: Eduardo Maia)

Se é que realmente chegou a existir.

Na Assembleia Legislativa, o assunto é caso encerrado. Outros acontecimentos estão se sobrepondo ao episódio.

Na prática, o desabafo (veja AQUI) do deputado José Dias (PSD), se dizendo traído pelo governador no processo de escolha da mesa diretora da Casa, não causou racha ou desnutrição da base governista.

O governismo fez as contas e sabe: tem maioria. Vai crescer mais ainda nos números.

Ricardo Motta

Sabe-se que apenas o próprio Dias pediu o “boné” da bancada governista e do círculo de amizades do governador. Faz parte do Exército de um homem só, apesar de ter recebido “solidariedade” de praticamente toda a Casa.

Nem mesmo o ex-presidente Ricardo Motta (PROS), que não conseguiu se reeleger e contava como certo esse feito, resolveu comprar briga e abrir uma fenda entre os poderes. Agiu com fidalguia até, além de espírito conciliador.

P.S – O ditado popular “A montanha pariu um rato” tem origem numa frase do poeta romano Horácio: “parturient monte nascetur mus”.

Depois La Fontaine, em mais uma de suas fábulas, faz narrativa congênere quando diz : “Uma montanha em trabalho de parto fazia tão grande escarcéu, que todos, acudindo ao alarido, supunham que daria à luz uma cidade maior do que Paris. Ela deu à luz um rato”.

A cultura popular fez disso um provérbio, nos ensinando que não é prudente criar grandes expectativas em relação a certos assuntos.

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Na primeira sessão ordinária na atual legislatura, da Assembleia Legislativa do RN, o deputado José Dias (PSD) voltou a remoer hoje assunto que o próprio considera desagradável: o porquê de sua distância político-pessoal do governador Robinson Faria (PSD).

José Dias disse que é um “Episódio que espero encerrar”.

“Não há nenhum sentimento de perda por não estar ao lado do rei”, definiu, numa referência à Robinson.

“Quando estava na planície, eu fiquei ao lado dele”, ilustrou.

Afirmou que ouviu do governador uma declaração que o encheu de confiança, para depois frustrá-lo:

“Não declararia, mas ajudaria Ricardo (Ricardo Motta-PROS, então presidente e pré-candidato à presidência da AL). Dissesse a ele que teria uma eleição fácil”.

José Dias contou, que foi questionado quanto à declaração do governador: “Cheguei a dizer: a palavra de Robinson é sagrada como a minha”. E se ele não cumprir? Vocês esperem a minha reação”.

A reação foi imediata. Distanciou-se do governante.

O racha político (AQUI) e, tudo indica, também pessoal, entre o deputado estadual José Dias (PSD) e o governador Robinson Faria (PSD), foi definido como “lamentável” por outro protagonista do conflito.

O quadro foi pintado pelo ex-presidente da Assembleia Legislativa Ricardo Motta, em entrevista à jornalista Anna Ruth (Rádio Globo do Natal).

Ele falou à noite dessa segunda-feira (2), dentro do programa Panorama Político, apresentado por ela.

Cobriu José Dias de elogios, mas confinou qualquer outra manifestação no tocante a Robinson.

Amigos e aliados no passado, os dois tiveram profundo esgarçamento dessa convivência, a partir do final de 2011. Robinson anunciou dissidência do Governo Rosalba Ciarlini (DEM) e Motta ficou em posição diametralmente oposta.