Nesta tarde longa, sem fim, que se vai preguiçosamente, fecho o livro que torna suportável este confinamento necessário, necessário, mas sacrificante, extremamente sacrificante.
Busco no meu Whatsapp notícias. Notícias que parecem ser de ontem ou de um mês atrás. Sempre a fuxicaria da politicalha e da corrupção. Sempre a mesmice dos políticos que esquecem as promessas e quebram as juras feitas nos palanques.
Busco fugir procurando no Whatsapp alguma coisa interessante para ver.
E achei.
TAMBORES DA MORTE.
Um faroeste que vi no PAX nos anos 50.
Revendo o filme e na minha cabeça lembranças e saudades se misturando com tanta força que aos poucos fui deixando de lado o filme sem nem mesmo perceber que o revólver do mocinho atirava e as balas nunca acabavam. Nem as balas nem os índios que ele matava para que a gloriosa conquista do Oeste se tornasse realidade.
Naquela noite em que vi este filme no PAX chovia. Lembro-me que o filme terminou e ficamos dentro do cinema. As ruas alagadas. Era a Mossoró antiga.
Quando consegui chegar em casa, todo molhado e com os sapatos nas mãos já passava da meia noite. Mas em momento algum senti medo. E não existia nenhuma razão para ter medo. Era uma época em que se podia colocar cadeiras na calçada e ficar conversando até a noite findar e a madrugada, com sua brisa agradável, chegar.
Tiros e mortes só nos filmes do PAX.
Só percebi que TAMBORES DA MORTE tinha terminado porque o clássico beijo do mocinho na mocinha e a palavra END apareceu na tela do Whatsapp.
Fiquei a matutar acerca dos desafios que o avançar do tempo nos traz.
No filme a ocupação do Oeste americano exigiu a matança, verdadeiro genocídio de uma raça. Tudo em nome da criação de uma grande nação.
Hoje, em nome deste mesmo desenvolvimento, milhões são mortos, não só por tiros, mas, principalmente, por total falta de condições de sobreviverem a uma injustiça social que mata de uma forma mais cruel.
Os cara pálidas de hoje, menos de 10% da população, abocanham, por vias lícitas e ilícitas, toda a riqueza de um país tão rico que tem 90% do seu povo mergulhado na miséria e no atraso.
Com a miséria vem o desespero, cresce a criminalidade, agiganta-se a insegurança. A qualidade de vida decai e os que provocam toda a desgraça não perceberam ainda que estão se condenando a viverem em eterno confinamento.
Interessante é todas estas reflexões surgirem após ver um velho filme de bang-bang.
Mas que nesta tarde senti muitas saudades e lembranças dos filmes do Pax, senti.
Percebi que perdemos muito da ternura que havia em nossos corações.
Mais do que o tempo, mudamos nós.
Estamos condenados por um pragmatismo que nos tira toda sensibilidade.
Só me resta ver mais uma vez TAMBORES DA MORTE e me sentir dentro do PAX.
Inácio Augusto de Almeida é jornalista e escritor
Ao crônista Odemirton o meu muito obrigado pelo envio desta matéria ao Carlos Santos para publicação.
Não tenho mais saúde para ficar sentado frente ao computador para preparar a transmissão do que escrevo no Whatsapp.
DEUS SEMPRE MANDA ALGUÉM.
Meu caro, é um prazer ajudá-lo. Estou às ordens.
Saúde!
Que beleza! O nosso Inácio voltou a nos brindar com seus
maravilhosos escritos.
Bem-vindo de volta, mestre.
Me lembro muito bem ….
ia pra catedral … missa ;;;;
Depois ia assistir no PAX a sessão de 10: 00
ia pra casa almoçar ´´´´ em seguida ia para o nogueira assistir o POTIBA …
Mossoró com meu melhor momento ….. e eu não sabia
Pois é, o Saudoso Padre Américo Simonetti foi o “responsavel” por ano de atrazo na minha carreira de estudante, justifico.
Pô, eu era criança quando prestei o Exame de Admissão.
O tema da Descricão era: O que deseja ser ?
Ora! À época só assistia filmes como Durango Kid, Roy Rogers e seu cavalo Silve, Zorro etc.
Fiz minha discrição discorendo que queria ser “pistoleiro” prá botar órdem no sertão!
Fui reprovado, reza a lenda que ele rasgou minha prova!
Kkkkkkkkk
Um abraçaço
Ps. Tenho e tive muito respeito pelo sacerdote.
Mas que fui “vítima” de gozação, fui!
Deve ser devido a essa desigualdade que a America Latina nunca se desenvolve! Esse será o século da Ásia em termos de desenvolvimento. O Chile que é considerado o pioneiro no liberalismo vai promover uma nova constituinte, estão vendo que o antigo modelo não se sustenta mais. As conseqüências disso não são somente internas com a violência e queda na qualidade de vida, mas também externas na qual a imigração ilegal está descontrolada na Europa e nos Estados Unidos!
Caro Fábio
Você entendeu perfeitamente o grito de alerta contido na crônica.
Uma coisa temos como certa:
DO JEITO QUE ESTÁ NÃO CONTINUA.
Obrigado pela leitura.
Parabéns, Sr.Inácio. Parabéns, prof. Odemirton, por digitar a lembrança do amigo. Não podemos esquecer os bons momentos de outrora, assim como os bons homens do passado que tanto contribuíram para a nossa cidade.
Tradução da crônica do Inácio:
‘A gente era feliz e não sabia’.
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Sétima Arte.
Uma boa estréia para você assistir nessa segunda-feira de rigoroso inverno 🐧 brrrrr….brrrr..
SALA 1 – ‘ O Pistoleiro e o Vigário’ (Comédia, aventura e ação).
Starring: Amorim
Co-starring: Américo Simonetti
Trilha sonora: ‘Cavaleiros do Céu’, by Carlos Gonzaga.
SINOPSE:
‘O Padre e o Pistoleiro’ é um filme baseado em uma história real vivida por Amorim, um jovem estudante do curso primário, que cismou em ser um pistoleiro do oeste com a missão de exterminar a violência em Moçorocity.
Ao sabe das intenções do aluno, o vigário (Américo Simonett) resolve intervir tomando-lhes os dois Colts 45, o chapéu, o cavalo, os arreios e a sela, e ordenou-o a desfazer a encomenda de dezenas de caixões que havia encomendado na Funerária São Pedro.
Reza a lenda que, inconformado por ter perdido as ferramentas de um trabalho promissor, e pelo carão que levou, o ex candidato a pistoleiro sanguinolento deu outra cismada e, só de ruim, resolveu virar um ET. Até hoje ninguém foi capaz de impedi-lo da nova cismada.
Nunperdam esse imperdável bang-bang tupiniquim.
E continua em cartaz:
‘Caguei de novo; e daí?’
Starring: Jair Bolsonaro.
Co-starring: General Mourão.
Trilha sonora: ‘Joga Merda na Geni’, by Chico Buarque.
É repugnante! É intragável! É bosteante! É defectível!
Nunperdam.
Há tempos que riu muito desta história.
Obrigado querido Cláudio pelo roteiro.
Um abraçaço!
Inácio, aqui vai um plagio da musica do Roberto Carlos, que se encaixa muito bem nesse seu comentário: Eu me lembro com saudade o tempo que passou o tempo passa tão depressa mais em mim deixou jovens tardes de domingo tantas alegrias velhos tempo belos dias.
Parabéns pela inteligência brilhante.
Neste COMENTÁRIO só saudades do tempo que passou…
Obrigado pela leitura do COMENTÁRIO.