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sexta-feira - 07/03/2008 - 08:16h

Testemunho sobre uma relação doentia

Argh! A cabeça chacoalha menos, mas ainda está fora de prumo. Zune. Parece que a turbina de um B-52 funciona em seu interior. Em alguns momentos sibila. Sobrancelhas contraídas, olhos que queimam e teimam em não encarar nada adiante… 

Até algumas passadas parecem uma tortura.

Tenho a nítida impressão de estar no convés de alguma caravela portuguesa, no "Cabo das Tormentas". Não descrevo o hipotético.  Após anos, essa minha parceira volta a remexer e remoer minha vida.

Somos velhos conhecidos, sem nunca nos bicarmos. Convivemos ou coabitamos o mesmo espaço, numa relação carregada de dor.

Será que nascemos um para o outro? Creio que não. Já a expulsei de minha existência durante longos anos. Toc, toc, toc… Ela está aqui, teimosamente me pedindo para ficar. Ao seu jeito, claro. Renitente, recidiva de histórias sempre conturbadas. 

Pôs-me a chorar em inúmeras situações, de forma impiedosa.

Combalido, quase sem forças para pelo menos ficar de pé, mergulhei nas drogas e adotei rituais naturalistas em momentos distintos. Pensei que tivesse finalmente me livrado dessa louca. Ledo engano. Confesso o que está na cara: ela não sai de minha cabeça.

Impiedosa, não revela um pingo de compaixão. Tanta tortura às vezes me obriga ao exílio forçado. Fecho-me numa reclusão que parece infindável.

Essa última noite, outra vez ao travesseiro, latejou as mesmas maldades e parecia avisar que nascemos um para o outro, numa relação doentia – visto que é sádica. Vou sair dessa. Prometo.

Estou sobrevivendo a mais uma crise de sinusite.

* Crônica em homenagem a milhões de pessoas que, como eu, sofrem com essa doença.

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Categoria(s): Nair Mesquita

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