De onde estava eu via a beleza do mar e dos coqueiros. O vento balançava as varandas da minha rede, armada no alpendre da casa dos meus pais, na qual desfrutei a juventude dos meus dias. De vez em quando caía uma chuvinha gostosa. Eu sentia o cheiro da maresia.
Os sinos da Capela de Santa Terezinha repicavam, convidando para a missa. Eu via poucas jangadas navegando. Na minha infância era um desfile de velas brancas.
Sim, eu estava em Tibau por esses dias. Na praia do meu ontem. Do meu hoje. Por isso, vem à lembrança o meu tempo de menino.
O banho de mar; o jogo de bola na areia da praia com os meus primos e amigos. Pena que a pedra do chapéu vai ruindo aos poucos.
Depois, na adolescência, eram as festas. Os porres de virar a perna. Os arroubos da mocidade. Antônio Maria, cronista doutros tempos, escreveu: “o adolescente é inteiramente só. Faz todas as viagens sem sair de sua casa, sem fazer outro caminho senão o do grave caminho da volta do colégio. Qual teria sido o primeiro dia da adolescência? A procura é ainda mais difícil que a do último dia da infância”.
Desculpe-me, caro leitor, escrever sobre Tibau aqui ou acolá. Mas, para mim, Tibau é Lembrança. Saudade. Recarrega as minhas baterias para enfrentar o ano novo. Mais um veraneio pra conta. De tantos. Rogo a Deus que possa desfrutar outros ao lado dos meus, no alpendre da velha casa dos meus pais.
Pois é. O tempo andou apressado. O menino cresceu. Traz no coração algum machucado, mas muitas alegrias. Quando eu estava em Tibau caminhando na beira do mar, molhando os pés na água salgada e sentindo uma brisa suave no rosto, lembrava daquele menino sonhador. De poucas palavras. De muitos conhecidos, poucos amigos. Eu navegava nas minhas lembranças; nas minhas saudades.
Ontem, era a Tibau dos “morros vermelhos”, na qual faltava energia quase todas as noites. Hoje, é a Tibau dos condomínios luxuosos.
Eu vivi a Tibau de ontem, da minha primeira infância, e continuo a viver a Tibau de hoje, da maturidade dos meus dias.
Não importa. O que vale é “viver, beber o vento e o sol”, diria a poetisa Florbela Espanca.
Odemirton Filho é bacharel em Direito e oficial de justiça
Como outrora Jorge Amado
Na Bahia dava o grau,
Odemirton é versado
Nas histórias de Tibau.
Inspirado Caro MF.
Gosto de ver o mar
Gosto de Tibau
Saudades eu tenho
Mais nao posso ir por lá
Além do mais
A água é salgada
Cola no meu corpo
Difícil de tirar.
Sou caído, né não?
Abraçaço
NR. Cabido
Passa da hora de Tibau agradecer ao cronista Odemirton a divulgação dessa que é uma das mais belas praias do mundo.
Ilhéus, Itabuna, Salvador, souberam agradecer, como souberam, a Jorge Amado.
Tibau está se tornando mais conhecida em todo o Brasil graças a estas belas crônicas dominicais do cronista Odemirton.
O que Tibau está esperando para conceder o título de cidadão tibauense a Odemirton?