domingo - 18/08/2013 - 08:41h

Tucídides e a peste

Por Franklin Jorge

Tucídides, historiador e comandante naval que viveu em 460 antes de Cristo sobreviveu à peste e a descreveu, objetiva e subjetivamente, como depoimento pessoal e como testemunha ocular dos fatos narrados em curto e contundente relato.

Assim pode escrever que, enquanto homens morriam como mosquitos, à sua volta, “nenhum temor às leis divinas os refreava”. Era cada um por si e pela hora da morte.

Escreveu e pôs em palavras a própria experiência que desde então dá uma descrição da peste.

Como uma presa da epidemia que avassalou Atenas, sentiu Tucidides em seu íntimo – como os seus demais companheiros de infortúnio – que uma sentença bastante mais severa lhes fora, irrevogavelmente, proferida e esta anulava decretos e costumes humanos. E, antes que a sentença se cumprisse, queriam todos ainda extrair algum prazer da vida.

Ora, a ordem do mundo se inverte tão logo a peste é reconhecida, adverte-nos Elias Canetti [1905-1994] em sua obra magna de pensador provocado pelo fenômeno das massas, quando ele se reporta em um denso e curto ensaio sobre o horror que reina sob o domínio da peste. Sabe-se já que a peste não desaguará em outra coisa senão na morte conjunta de todos, e isto, por si, explica toda descrença e revolta.

Na iminência do extermínio físico, os vínculos morais entre os homens são extintos e prevalece como padrão a ânsia e o instinto de sobrevivência que faz o homem, ainda que agonizante, lutar pela vida até o último suspiro. Eis, pois, o que a peste tem em comum com o terremoto: a aniquilação total, segundo a síntese de Tucidides que a vivenciou na alma e na própria pele.

Em sua ação cumulativa, parece ter a peste sobre os homens o efeito de um cataclisma.  No começo da peste, poucos são os apanhados. E no fim do ciclo pestilencial – que pode durar meses e até um ano inteiro -, poucos são testemunhas de uma grande mortandade, como nos terremotos.

Por um processo semelhante ao da peste, sorrateiramente, um partido da mais alta periculosidade, encapuzado de PT, infiltrou-se por toda a parte contaminando com o vírus deletério da corrupção a máquina do Estado e, de maneira contundente desconstruindo os costumes, urdindo em surdina a dissolução da família e estimulando conflitos raciais e de fé entre brasileiros que antes não se digladiavam e viviam em paz.

E, como resultado desse processo de desmonte da nação, instituições abaladas; corrupção e impunidade como faces de uma mesma moeda em que se transformou, aos olhos do mundo, o país de Macunaíma regido pelo lullupetismo.

Foi o que aconteceu no último decênio que solapou a paz pública sob a bandeira de um partido – ou facção partidária – oriunda do sindicalismo e amamentada de ideias marxistas e gramscianas, em uma permanente luta pelo poder através da doutrinação e do aparelhamento do estado por hordas de militantes dispostos a tudo.

O Brasil tornou-se um subproduto dessa ideologia que aspira ao totalitarismo. A república da esbórnia, do crime e duma pseudo democracia, isto é, do populismo irresponsável e incontinente, para ludibriar incautos.

Nenhum partido terá produzido entre nós uma herança mais deletéria. O PT, do qual resultou esse caldo de culturas socialistas que contaminou e infeccionou a democracia, fazendo do país o que é sob o desgoverno petista.

Mancomunados com dirigentes das mais execráveis tiranias – como as que integram o Foro de São Paulo -, armou o PT uma teia criminosa e tem tentado em todas as ocasiões controlar e amordaçar a imprensa e a internet, privando-nos a todos da liberdade de opinião, dos principais pilares de uma democracia firme.

Promoveu a cultura dos trabalhadores que, como sabemos, prega o ressentimento, separa e confronta, acirrando a luta de classes.

A participação de membros do governo ou dele beneficiários em confrontos de rua, agindo como vândalos, tenta desacreditar um movimento que brotou da indignação dos brasileiros. Todo esse descalabro sem nome sedimentou-se e expandiu-se ao longo desses últimos dez anos sem que nos déssemos conta da sabotagem do PT contra a democracia e o seu empenho incansável em domesticar a opinião e manietar a imprensa, sempre em seu ansiado projeto de transformação do Brasil em um gulag bolivariano.

Em resumo, o PT tem sido uma peste em nossas vidas. E, se Hannah Arendt tivesse conhecido essa realidade que todos de alguma maneira vivenciamos a cada momento, diria: Quem sobreviver ao lullismo viverá entre ruínas.

Franklin Jorge é escritor e jornalista

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Categoria(s): Artigo

Comentários

  1. Carlos André diz:

    Concordo em gênero, número e grau, o PT tem se utilizado de todas as maneiras para implantar uma cuba no Brasil, só que como alguns deles já demonstraram, inclusive a presidente, que São capazes de pegar em armas em nome de uma tirania, sou eu também como muitos outros capaz também de pegar em armas, e derrubar alguns petistas para defender meu livre arbítrio, ora se DEUS, que os petistas não acreditam, meu concedeu livre arbítrio, quem são eles para quererem me amordaçar?

    Petistas se manquem não são só vcs que lutam por um ideal, outros também tem seus sonhos e te-em coragem de lutar por sua liberdade de escolha.

  2. jb diz:

    Diante de quadro tão funesto descrito pelo Sr. Franklin Jorge, só tenho uma alternativa:

    Vou-me embora pra Pasárgada
    Lá sou amigo do rei
    Lá tenho a mulher que eu quero
    Na cama que escolherei…

    Manuel Bandeira

  3. FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO diz:

    As viúvas do FHC, definitivamente saindo do armário e manifestamente mostrando o quão na verdade são UDENISTAS de carteirinha.

    Como se infere do artigo do dito intelectual, os floreios, as citações e as pretensas futurologias catastróficas muito bem delineadas não só nas entrelinhas do artigo em debate, bem demonstram o profundo mal estar que as transformações sociais, políticas e institucionais estão verdadeiramente a causar a estes senhores, que no mais vezes vivem como vivem… Na escuridão de seus intelectos a exalar a falácia e o pedantismo quando da observação dos fatos sociais e políticos que dizem respeito a maioria.

    Como diria um conhecido desafeto do FRANKLIN JORGE… digo franguinho jorge, nem sempre a leitura de muitos livros e a carapuça de intelectual, livram certos seres do ranço do reacionarismo e da manifesta e irrefreável tendência a querer, que de fato, nada mude em nosso rincões tupiniquins.

    Não é a toa que temos cinco séculos desde o descobrimento, onde praticamente nada mudou em nossas plagas, além dos nomes: ilha de Vera cruz, Terra de Santa Cruz, Reino do Brazil do Reino Unido de Portugal, Brazil e Algarves, Império do Brazil, Estados Unidos do Brasil E FINALMENTE…UFA…República Federativa do Brasil.

    COM ISSO, CLARAMENTE CONSTATAMOS O QUANTO A CULTURA DO IMOBILISMO SOCIAL E POLÍTICO ESTÁ DEVERAS INCRUSTADO NA ALMA NACIONAL, INCLUSIVE E, SOBRETUDO DAQUELES QUE TIVERAM OPORTUNIDADES DE SE INFORMAR E SABER COMO E PORQUE TEMOS UMA HISTÓRIA TÃO MARCADA PELO COMODISMO POLÍTICO E PELA INTANGÍVEL TENDÊNCIA AOS ACORDOS POLÍTICOS, PARA QUE AO FIM E AO CABO…TUDO CONTINUE COMO DANTES NO QUARTEL DE ABRANTES.

    Eles que sempre beberam e lambuzaram nas tetas do Estado, eles que servem e no mais das vezes sempre serviram aos monopólios de comunicação e da informação da nossa “pátria mãe gentil”, eles que sempre oportunizaram apoiar grupos políticos que na verdade sempre privatizaram o Estado brasileiro.

    Agora Vejam só, essa figuras impolutas tem a fleuma e o desplante e a cara de pau em vir afirmar estarem preocupados com a doutrinação e o aparelhamento do Estado e com a verdadeira tirania, que nas palavras deles, assacou e assaca diariamente o povo brasileiro.

    Realmente, temos muito que rir prá não chorar, ante afirmações tão disparatadas e em dessintonia com a nossa atual realidade social e política. Mesmo porque, essas figuras, na verdade estão conscientes de que o processo de mudanças sociais e políticas tendo a frente o PARTIDO DOS TRABALHADORES nesta quadra da nossa história É de fato inexorável e verdadeiramente em nada serve aos anseios de manutenção do STATUS QUO tão flagrantemente recortado nas entrelinhas do artigo do dito intelectual Franklin Jorge.

    Como se constata, nesse desiderato, grande parte dos ditos intelectuais, seja por ignorância, covardia e muitas vezes por uma tendência quase mórbida ao oportunismo e a insensibilidade social e política, se prestam e se guardam de maneira efetiva a ser guardiãos do status quo que efetivamente já dura cerca de 5000 (QUINHENTOS ) anos.

    Baraço

    FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO.
    OAB/RN. 7318.

  4. Marcos Pinto. diz:

    Como me entristece ter um amigo com visão política tão tacanha e medíocre. As suas assertivas não encontram ressonâncias no contexto da filosofia política, vez que envereda pela insana tentativa de querer defender o indefensável, ou seja, só faltou mesmo o amigo Franklin defender abertamente o nefasto e ignóbil período da Ditadura Militar. Querido amigo, tome sizo !.

  5. Gilmar diz:

    Franlin Jorge com suas grandes analogias políticas. Es vero, meu caro, pois os Petegildos que conheço de-bem-pertim e que assumiram pastas administrativas nas instituição públicas são verdadeiras células cancerígenas. Têm comportamento viral (disfarçado, dissimulado, hipócrita …). Desmascarados, sabendo que seus colegas os conhecem muito “bem”, mesmo assim, falam ao público sem o menor pingo de vergonha na cara. Devem agora estar transitando pra outras legendas – uma nova máscara para velhas artimanhas. É mister que seja assim, Franklin, é a tal capacidade de resiliência.

    • Gilmar diz:

      Diga-se de passagem que a corrupção não é legado e nem um atributo apenas do PT, mas devido ao advento da comunicação computadorizada via redes, tudo que tava ou tá encoberto vem à tona inexoravelmente.

  6. naide maria rosado de souza diz:

    Carlos.
    É madrugada. Fui impelida a escrever pq, por acaso, ontem recebi um e-mail com texto de João Ubaldo Ribeiro. Li, também, o de Franklin Jorge. Enquanto meu netinho não dormia, a cabeça começou a trabalhar. Já havia ficado em meditação com o texto de João Ubaldo. Senti uma espécie de acanhamento eis que não li nada que não fosse verdade. Vou tentar resumi-lo ao máximo.
    ” PRECISA-SE DE MATÉRIA PRIMA PARA CONSTRUIR UM PAÍS”
    ” O problema está em nós, Nós, como povo.
    Nós como matéria prima de um país onde a “ESPERTEZA” é a moeda que sempre é valorizada, tanto ou mais que o dólar”
    ” Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família, baseada em valores e respeito aos demais.”
    ” Pertenço a um país onde a gente se sente o máximo porque conseguiu “puxar” a tevê a cabo do vizinho, onde a gente frauda a declaração de imposto de renda para não pagar ou pagar menos impostos.”
    “Um país onde a falta de pontualidade é um hábito. Onde diretores das empresas não valorizam o capital humano…onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e depois reclamam do governo por não limpar os esgotos… onde o povo saqueia cargas de veículos acidentados nas estradas, dirige após beber bebida alcoólica, pega atestado médico sem estar doente, só para faltar ao trabalho…Comercializa objetos doados nessas campanhas de catástrofes, compra produtos pirata com a plena consciência de que são pirata…”
    ” E quer que os políticos sejam honestos.”
    “O Brasil reclama de quê, afinal?…nossos congressistas trabalham dois dias por semana para aprovar projetos de leis que só servem para afundar o que não tem, encher o saco do que tem pouco e beneficiar só a alguns.”
    ” Pertenço a um país onde as carteiras de motoristas e os certificados médicos podem ser “comprados”, sem fazer nenhum exame.”
    Onde pessoas idosas e mulheres com crianças no colo, inválidos, ficam em pé nos ônibus “enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não dar o lugar.”
    ” Um país onde fazemos um monte de coisa errada, mas nos esbaldamos em criticar nossos governantes.”
    ” Como “Matéria Prima” de um país, temos muitas coisas boas, mas nos falta muito para sermos homens e mulheres de que nosso país precisa.”
    ” Esses defeitos, essa ” Esperteza Brasileira” congênita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até converter-se em casos de escândalo, essa falta de qualidade humana, mais do que Collor, Itamar, Fernando Henrique ou Lula, é que é real e honestamente ruim, porquê todos eles são brasileiros como nós,
    ELEITOS POR NÓS.
    O próximo presidente “terá que continuar trabalhando com a mesma matéria prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos.”
    ” enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá… não esperemos acender uma vela a todos os Santos, a ver se nos mandam um Messias…somos nós os que temos que mudar.”
    “E o que sempre digo.” O Governo somos nós, os políticos nem tanto assim.” Paulo Busko
    MEDITE
    ” e eu acrescento o que nos falta é EDUCAÇÃO.”
    O texto de Franklin Jorge tem base, estrutura. O de João Ubaldo, vem com a verdade insofismável de que a culpa desse desmantelo brasileiro é nossa.
    Um abraço .
    Naide.

  7. Iris Maia diz:

    Que absuuuudo. viva a democracia do seu blog meu caro jornalista Carlos Santos. Mas ainda ser preciso dizer que há mais de 10 anos que a Polícia Federal, o Ministério Público trabalha neste pais o que sabemos muito bem que não havia mais tapete suficiente para encobrir tanta sujeira. Sinceramente senhor escritor e jornalista desconhecer os avanços que o Brasil teve nestes últimos anos, tenha santa paciência.

  8. Pedro Victor diz:

    Desculpe-me, mas esse texto dá um sono… Nem o lí até o final. É como se o PT fosse a raiz de todos os males do Brasil. Antes do PT, vivíamos no paraíso, não havia roubo, desvio, os políticos eram honestos, o Brasil era de 1o mundo, etc.

    “Não era tudo isso, mas era bem menos ruim!”. Mentira. Os numeros da educação, IDH, economia e etc mostram muito bem que melhoramos pra caramba. Não que hoje sejamos perfeitos, mas dizer que o PT é a peste que dizima o Brasil… aí é escrever contando com o total desconhecimento do leitor.

    Texto partidário, parcial, míope, e que infelizmente lí na sua coluna, Carlos Santos.

  9. FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO diz:

    Meu Caro Pedro Victor, por favor, não peça desculpa nenhuma. Mesmo por que os escritos do dito intelectual é que na verdade são um desrespeito e um monumental menocasbo ao povo brasileiro, àquele que diariamente levanta às 5:00 …6:00 horas da manhã, para por mão na massa e trabalhar…produzir e transformar o Brazil num país e numa nação não do futuro mas sim do presente.

    Ele o dito intelectual FRANKLIN JORGE é que deveria refletir e tentar se redimir sobre o seu “belíssimo” texto partidário, parcial, míope e sofismático, pedindo desculpas ao povo brasileiro sobre a afronta sobretudo aos irmãos brasileiros mais humildes, àqueles que não sabem nem como nem porque os ditos intelectuais se lambuzam e amesquinham tentando ludibriá-los com a desfaçatez do chamado jornalismo de encomenda e a chamada barbárie da informação que teima em tentar desconstruir a realidade para claro favorecer à meia dúzia de sempre.

    No caso, cabe informar ao dito Intelectual FRANKLIN JORGE, que já estamos nos distanciando dos dois BRASIIS, QUE ALGUNS TECNOCRATAS NUM PERÍODO não distante apelidavam de BELINDIA, ou seja BÉLGICA a a parte dita rica e ÍNDIA, REFERIA-SE CLARAMENTE A GRANDE MAIORIA DOS EXCLUÍDOS `E´POCA, E QUE ATUALMENTE DIA-A-DIA DIMINUEM E SE INCLUEM NO UNIVERSO DA CIDADANIA BRASILEIRA QUE O DITO INTELECTUAL CLARAMENTE IGNORA DE MÁ FÉ, DIGO DE MÁ FÉ , PORQUANTO CONHECIMENTO NÃO LHES FALTA.

    uM abraço

    FRANSUÊLDO VIEIRA DE ARAÚJO.
    OAB/RN. 7318.

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