Por Paulo Menezes
O período carnavalesco teria início nessa semana. Mas, por conta dessa terrível pandemia que apavora a todos nós, para evitar aglomerações, pelo menos patrocinado pelos poderes públicos, não ocorrerá. Ajuntamento de pessoas só em campanhas políticas, tempo em que a Covid-19 sempre se encontra de férias.
De repente, com a memória ainda em ordem, afastado do fantasma do alzheimer, vem em mim uma lembrança com imagens fortes e cristalinas de um passado ditoso e feliz. Incontinenti, me transporto para os carnavais de outrora.
Pois em tempos que não voltam mais, infelizmente, o carnaval em Mossoró tinha inúmeros blocos de salão, confetes e serpentinas, arlequins, pierrôs e colombinas, corso automobilístico pelas ruas da cidade, blocos de rua onde se destacavam Salinistas, Pimpões e Baraúnas, o Homem do Chocalho, Rei Momo e Rainha do Carnaval, vários ursos, muita música e grande animação.
Nos clubes sociais ACDP e Ypiranga, os blocos eram anunciados como atração das festas de Momo. Havia assaltos carnavalescos em casas de amigos com agendas previamente programadas. Era um privilégio a casa escolhida para receber os foliões.
Os blocos de salão mais famosos da época eram: Hi-fi, Sky e Os Vips. A recepção era com muita bebida e salgadinhos de finos paladares. Não faltava também o “Lança-Perfume Rodouro”, aromatizando o ambiente e embriagando-nos ao tempo em que nos transportava para um mundo de sonhos e fantasias.
Um grupo de amigos que fazia parte de uma turma feliz e animada compunha Os Vips. Eu, Joãzinho de Neco Carteiro, Raul Caldas, Bira Menezes, João Vieira, Guga Escóssia, Rogério Dias, José Bezerra, Raimundo Nonato, Nitola, Emery e Elery Costa formavam esse time da alegria.
Desse pequeno grupo de doze amigos e foliões, cinco deles, lamentavelmente, já não estão entre nós.
Vivíamos um mundo fantástico, onde só o presente a nós interessava. E ele era bom. Sem a violência dos dias de hoje e sem pensar num amanhã que por certo chegaria.
Hoje, no meu devaneio que gosto de ter, relembro com imensa recordação daquele tempo vivido com muita intensidade, e que se pudesse, ah se pudesse, vivia tudo de novo. Não é à toa que um pensador anônimo afirmou num momento de inspiração: “a saudade é a maior prova de que o passado valeu a pena”.
Quanta saudade!!!
Paulo Menezes é meliponicultor e cronista
Mais um Boa crônica ,Paulo. Está se tornando um bom cronista
Obrigado amigo irmão.
Obrigado amigo irmão.
Pois é Paulo, hoje só lembranças… realmente me recordo dos assaltos nas residências de seu José Matias, pai de Joaninha Costa, a casa vizinha a de Chavinho ali na Cel. Gurgel, também na casa dovelho Lauro Monte pai de Laurinho e Lúcia Monte, em seguida na casa do Dr Gabriel Negreiros, ali recebidos pelos filhos Rafaelzinho, Nilton e Ione, outra residência assaltada era a do velho Juvenal, pai dr Kiko, e en seguida os blocos seguiam para o corso carnavalesco para disputar troféus patrocinados pela Comissão Organizadora di Carnaval – C.O.C. que montava palanque oficial defronte ao Cine Pax, local que abriga o prefeito da cidade, a época o grande alcaide Dix-Huit Rosado, que ao lado de dona Naide, primeira dama recebia os convidados como se ali fosse a sua residência, neste tempo que se foi, trabalhava na Emissora de Educação Rural e era convidado oficial para integrar a comissão julgadora que tinha a responsabilidade de eleger as melhores e mais animadas agremiações e blocos carnavalescos, hoje um filme de memória me remete ao um passado sadio aonde realmente vivíamos num outro mundo incapaz de ser vivido no tempo presente, aonde a violência, drogas, tragédias e outras intempéries é que fazem os noticiários do cotidiano.
Parabéns mestre Paulo, pelo retalho de uma história que tivemos o privilégio de vivê-lo.
Obrigado Rocha Neto. Você tem uma memória privilegiada. Parabéns.
Perfeita a sua crônica, seu Paulo Menezes!
Obrigado amiga Erione.