Por Marcos Pinto
“…Falar de coisas que só batem nos que
Conjugam a metáfora do peso dos anos”.
(José Sarney).
Nada mais impressionante na região do alto Oeste potiguar do que a fantástica serra do Martins, cuja denominação toponímica atrela-se ao seu fundador Francisco Martins Roriz. Suas matas nativas revelam mistérios circundantes, aromatizados por clima ameno, instigante e salutar, emoldurando misterioso e sepulcral silêncio.
As suas contagiantes belezas naturais tem proporcionado o surgimento de expressivas intelectualidades em todos os contextos dos valores humanos do país. Desde os primórdios, evidencia a rubrica de ser feudo e celeiro de intelectuais.
Sobressai-se como manancial de valorosos homens e indômitas mulheres, enchendo de vivas ações de acentuado cunho espiritual as páginas que marcam os anais da sua arraigada história. A sua vasta panorâmica sociocultural embeleza-se pela correção da linguagem a colorir os pensamentos do seu pacato e hospitaleiro povo. Revela-se numa tessitura simples e natural, ao todo desprovida de apelos eruditos. Sob estes matizes envolventes, surge a cativante e referencial figura humanista e icônica em intelectualidade, de nome Júnior Marcelino.
Homem de profunda fé e sólidas convicções religiosas, características peculiares que induziram os seus amáveis genitores a encaminhá-lo ao famoso Seminário Santa Terezinha, em Mossoró-RN, lá ele amealhou vastíssimos conhecimentos em Humanismo, Classicismo, Geografia Histórica e História local, Genealogia, Corografia, Ordenamentos Políticos e Jurisprudência. O renomado Seminário foi a fonte primordial e precípua da sua sua imensurável e respeitável erudição.
Nesta conspícua instituição eclesiástica foi aprovado com destaque e Grau Superior em todas as matérias: Latim, Leitura, Canto, Gramática, Missa e demais cerimônias. O Consuetudinário e metódico rigor aplicado no desenvolvimento espiritual dos notáveis Seminaristas incluía matérias de casos de consciência e dos sacramentos contidos na famosa Obra litúrgica denominado de “Breviário” e, também, o “Manual dos Confessores”, do Aspilcueta Navarro.
Pela sua acentuada desenvoltura intelectual, deve ter participado das percucientes e famosas “Visitações Pastorais”, do eminente e reverendíssimo Bispo Diocesano da sua contemporaneidade de admirável seminarista, época em que era comum o vestir-se com batina preta, o que imprimia uma circunspecta impressão visual litúrgica.
Apesar das culminâncias intelectuais e espirituais condensadas no seminário, o jovem seminarista não resistiu aos encantos de uma recatada e competente professora, visão alicerçada em seu espírito durante suas férias de final de ano, em sua amada e nunca esquecida Martins. O coração falou e calou mais alto.
Após longa explanação ao seu genitor quanto às razões de cunho sentimental, de certa forma inesperado, da sua firme decisão de desistir da sua iminente ordenação sacerdotal, teve incontinenti acolhida do seu compreensivo genitor. Desfecho com emblemático consórcio matrimonial com a ditosa e elegante mestra Perpétua.
Com simplicidade e modéstia, criou e instalou em sua residência um vultoso museu com relevante acervo de fósseis animais milenares, destacando-se como sendo o único do estado do Rio Grande do Norte que tem em seu acervo um osso fóssil constitutivo da mandíbula do Mamute, o ancestral do Elefante. Como intelectual polivalente, desfruta de largo prestígio em todos os segmentos sociais e administrativos do Estado do RN, e também em âmbito nacional.
Tudo em decorrência do seu arquétipo. Homem atuante, embora comedido. Liberal sem demagogia, tradicionalista sem fanatismo; construtivo sem imprudência.
Impelido por um ardoroso ânimo de trabalho, sabe aproveitar as oportunidades na consecução dos virtuosos propósitos. Sou testemunha da austeridade e probidade, perenes e inexpugnáveis em seu “modus vivendi”, repudiando tenazmente o chamado e detestável ‘culto à personalidade’, configurador de asqueroso vedetismo.
Nunca se deixou vencer pelas circunstâncias adversas, sempre vencendo as barreiras do desânimo. Como “cultor da história”, lança mão do que tem na memória para vestir suas ideias acerca do processo evolutivo da sua amada terra natal. A sua excepcional simplicidade de estilo desperta intensa empatia, dado o seu boníssimo coração.
O nobre amigo Júnior Marcelino contextualiza-se na assertiva de que é uma pessoa brilhante, discreto, justo, sempre intervindo com maestria nos momentos mais difíceis da pesquisa em vetustos documentos cartoriais ou eclesiásticos.
Visitar a inesquecível cidade de Martins e não procurar conhecer o icônico intelectual Júnior Amorim equivale a ir a Roma e não ver o Papa.
Habemus Junius Marcelinus!
Inté!
Marcos Pinto é advogado e escritor
Bela naratíva!
Gosto muito da cidade de Martins.
Caro mestre, me perdoe a obsevação: tive que parar a leitura, indo ao dicionário para ver algumas palavras do nosso vernáculo.
O que tem de bom, aprendi!
Um abraçaço.
Meu caro Amorim, Releve estes surtos de prolixismo deste ARUÁ de Pé -de-Serra de Apodi. Deve ser reflexo da minha inesquecível época em que lecionei as Disciplinas Português e História Gwral nos renomados Colégios Diocesano (Colégio Diocesano Santa Luzia) e Colégio Sagrado Coração de Maria (Colégio das Freiras). Você desvende do Português Clemente Gomes de Amorim, um dos fundadores de Portalegre-RN, mas radicado na Serra do Martins, geudo territorial tradicional da nobre família AMORIM. Abraçaço.
Em adendo ao primeiro comentário : Onde se lê desvende leia-se Descende. Onde se lê Geudo leia-se Feudo. INTÉ.
Sempre acompanho o Blog Carlos Santos aqui de Manaus, admirando-o pela imparcialidade da sua linha editorial.
Sou uma das muitas Webleitoras do erudito apodiense em terras manauaras. Que venham mais artigos do intelectual Marcos Pinto.
Meu caro conterrâneo, amigo de infância das peralrices no Jardim do quadro da rua, do patamar da igreja Matriz, como o tempo passou rápido e o fez grande escritor. Nao posso deixar de elogiar o culto, o pesquisador incansável da história, não só de Apodi, como da região Oeste norteriograndense. Mais uma vez, como sempre, com escrito plausível.
Do apodiense Nurim de Bugue.
Leia Peraltices e não peralrices.
Meu Grande amigo de infância e traquinagens na beira da Lagoa NURIM DE BURGUE DENTISTA . Corríamos rumo a água da Lagoa e pulando estilo bunda canastra, ou seja, correndo para protagonizar um salto olímpico virando por cima e caindo em pé já em profundidade da água a altura da cintura. Eita tempo bom.
Antes de eu morar em Umarizal, entre meus 10 e 12 anos, meu pai já falava muito de Martins. Principalmente de uma caverna com um abismo que parecia não ter fim.
Infelizmente ele nunca me levou para conhecer essa cidade, mesmo quando passamos a morar em Umarizal, bem ao lado. Um tio de minha mãe, se não me engano, João de Oliveira, veio de charrete nos levar para seu sítio que tinha por lá. A minha mãe deu uma desculpa que não poderia ir, e aí perdi a última oportunidade no final dos anos 80 de conhecer Martins.
O Museu particular do Senhor Júnior Marcelino é aberto ao público?