Por Marcos Ferreira
Aqui estamos mais uma vez neste blogue cheio de leitores e leitoras fidedignos. E eis que novamente é domingo. Os domingos conferem a este espaço ilustrado uma aura de arte e cultura que pouco se vê nos ordinários dias desta urbe. Aqui há colaboradores dos mais diversos naipes e estaturas intelectuais, a exemplo do cronista Taumaturgo Herculano. Vamos chamá-lo por esse nome parrudo.
Então, à maneira de outros escribas, esse beletrista é dono de uma escrita escorreita, com expertise em resenhas e ensaísmos. É preciso que se reconheça a voltagem verbal do cidadão Taumaturgo. Digo isto sem conhecê-lo pessoalmente e com a mais completa isenção. O homem é bom! Só não é melhor porque alguns (não todos) não conseguem vê-lo a olho nu. Nesse caso estamos diante de um típico, um grave caso de miopia literária. Porque o senhor Taumaturgo é um monstro, um craque em se tratando de arranjar palavras acerca de diversos autores e obras.
Seria necessário, portanto, que outro elemento deste reduto literário se desse ao trabalho de escandir, exaltar os predicados verbais dessa persona que tão abnegadamente se contenta em chover no molhado, em replicar a fama, a notabilidade dos maiores e até pouco populares vultos da literatura brasileira e universal. O leitor pode perguntar, com inegável razão, por que eu próprio não faço isso.
— Quem é o sujeito? — hão de indagar.
— Também não sei — eu lhes respondo.
Se não perceberam, apesar do criptônimo empregado para me referir ao verdadeiro Taumaturgo Herculano, estas linhas vêm justamente conferir alguma justiça ao trabalho de ourives do homem de letras em questão. Digo ainda que não tratamos de qualquer um enquanto escafandrista da obra de terceiros, mas também de um prosador íntimo da nossa enxovalhada língua portuguesa. Por essas e por outras, então, opino que o senhor Taumaturgo Herculano é o melhor ensaísta do Blog Carlos Santos. E se não digo o nome do santo é por não sabê-lo e não expô-lo à inveja.
É isto. A inveja, como uma bactéria, pode estar presente onde menos supomos. Sobretudo porque ela, assim como o nosso insigne literato, não é vista ou notada por nós outros com acuidade visual supostamente apurada. Tudo isso, enfim, é uma absurdez, um contrassenso. Onde já se viu uma coisa dessas: um gigante da ensaística como Taumaturgo Herculano não ser notado neste habitat!
É bem possível que neste exato momento, enquanto aqui produzo esta página dominical, o senhor resenhista também esteja concebendo mais uma de suas irretocáveis crônicas sobre notáveis expoentes da literatura. “Quem é esse sujeito?”, você insiste em me perguntar. Quem sabe seja um heterônimo de alguém famoso. Dessa maneira, portanto, não nos deixemos convencer pela legenda que consta no final de seus escritos. Isso, como tantas vezes já se deu em nossa literatura, pode ser um mero despiste. Diversos indivíduos assumiram outras identidades artísticas.
Agora transfiro a vocês a necessária tarefa de abrir os seus olhos e prestar bem atenção na escrita desse procurador de talentos alheios. Vale a pena se entregar a esse garimpo literário. De minha parte, enfim, seguirei conferindo, domingo após domingo, a rica produção desse “desconhecido”. Já quanto a esta crônica, reparem só, eu fico imaginando o senhor Taumaturgo se reconhecendo nela.
Marcos Ferreira é escritor
Admiro pessoas que, sem interesses outros, ajudam outras pessoas, de forma anônima. Pessoas que se realizam em ver a prosperidade do outro. Por outro lado, temo as pessoas vaidosas e invejosas. As primeiras querem aparecer de qualquer forma e até passando por cima dos outros; as invejosas são, igualmente, perigosas! Por falta de brilho próprio, não se conformam com o brilho do outro. Em vez de focarem no próprio progresso, tentam ofuscar e desmerecer as virtudes alheias. Bom manter distância de tais pessoas para não estimularem os seus sentimentos mais inferiores. Parabéns ao benfeitor, que busca enaltecer o que o outro tem de bom e, parabéns a você, Marcos Ferreira, por nos presentear com suas crônicas! Feliz em ter conhecido você através de um amigo especial, o João Bezerra de Castro. Continue escrevendo! Abraço!