Por Odemirton Filho
Aqui ou acolá, quando a preguiça permite, faço uma caminhada pelos arredores do bairro onde moro; sim, é preciso exercitar o corpo, faz bem à saúde, faz bem à alma. Ao caminhar, aproveito para observar o cotidiano, olhar em derredor. Outras pessoas também estão caminhando; cada uma fazendo o seu exercício, seja por prazer ou por obrigação.
Os galos-de-campina estão bicando alguma coisa pelas praças; dois bem-te-vis estão lado a lado, num fio de alta tensão; dois ou três gatos estão à minha espera, na calçada, esperando a ração que diariamente coloco para eles. Aliás, ultimamente, tenho visto muitos cachorros pelas ruas, creio que há alguma cadela no cio. Algumas pessoas passeiam com seus pets, porém, nem todas levam um saquinho para apanhar as “necessidades” feitas pelos bichinhos.
Muitas casas estão abandonadas; os seus proprietários foram morar em condomínios, à procura de segurança, já que o Estado não cumpre o seu papel. Nas praças, de raro em raro, vejo crianças brincando, andando de bicicleta ou jogando bola.
Aí eu lembro da minha infância, na qual inexistiam celular e internet. Vivia-se somente no mundo real, “ralando” os joelhos. Mas, nada de saudosismo, os tempos são outros, o mundo mudou, é preciso virar a página e seguir escrevendo mais um capítulo da vida, antes do ponto final.
Como é à tardinha, final de expediente, observo trabalhadores saindo do serviço, cada um tomando o seu rumo, com as suas alegrias, preocupações e tristezas. Num banco da praça um jovem casal, conversa; acho que são namorados. Quem sabe, troque juras de amor, faça planos para o futuro.
Não pense você que está lendo esta crônica que eu vou caminhar para “curiar” a vida dos outros. Não. Eu acelero e diminuo o ritmo dos passos, como recomendam. E aproveito o ensejo para pensar com os meus botões. Penso na vida, no passado, nos erros e acertos cometidos; penso no futuro, no meu primeiro netinho que vem por aí, eternizando a minha existência. Os netos são o amor em dobro, dizem; no íntimo do meu coração, sinto que são.
Depois de uns trinta minutos, boquinha da noite, encerro a minha breve caminhada. Volto pra casa, e vou regar as plantas do meu quintal. Amanhã, talvez, irei novamente. Afinal, amanhã é outro dia; e teremos mais uma oportunidade para começar ou recomeçar.
Odemirton Filho é colaborador do Blog Carlos Santos
Isso, sim, é saber viver. Poucos se atentam, mas essa é a verdadeira hora em que nos concentramos e refletimos sobre o sentido de nossa vida. Um forte abraço, Odemirton!
Exatamente, meu caro Bruno, um momento para refletir sobre o nosso eu.
Abração!
Parabéns pelo netinho que está por vir! Netos dão um sentido novo à nossa vida; são a perpetuidade da nossa existência! Com certeza você vai amar ser avô! Eu amo meus netos. Caminhar é saudável! Exercitar as pernas que nos levam aos lugares, é uma benção! Falo com conhecimento de causa: minha mãe teve sequela de Covid e se tornou cadeirante. Fez fisioterapia e não conseguiu retornar ao uso das pernas. Tomei consciência de que é importante caminhar. Costumo caminhar logo cedo, ao acordar. Igual a você, já criei meus hábitos. Quando vejo uma pessoa não levar saquinhos para recolher as fezes de seus animais, entendo que ainda temos muito a evoluir.
Pois é, minha cara Bernadete. Tenho certeza que o meu netinho será muito amado. Obrigado por compartilhar um pouco da sua experiência de vida.
Um abraço, uma feliz e abençoada semana.
Querido amigo Odemirton Filho, que texto bacana. Uma crônica aveludada, macia, leve, e com uma espécie de visgo que prende a gente desde a primeiro parágrafo até o fim. Parabéns! Mais uma ótima página para o seu livro de crônicas, que há de vir a lume em breve. Assim espero. Forte abraço e uma ótima semana.