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domingo - 28/01/2018 - 02:32h

Valdemar dos Pássaros “In concert” e muitas histórias

Por Carlos Santos

Meu domingo (27) foi especialmente agradável. Além de ótimo papo, a companhia de um artista incomum. Falo sobre seu Valdemar Gomes da Silva, 75.

Esse paraibano que adotou Mossoró ainda em tenra idade, é um showman.

Recém-chegado da Espanha, onde encaminha estudos de doutorado, o advogado-professor David Leite proporcionou-nos tal presente. Levou-o para uma reunião recheada de múltiplas alegrias.

A apresentação de “Valdemar dos Pássaros” foi no apartamento do advogado André Luís de Oliveira/bióloga Patrícia, em Mossoró. “Entrada” para o almoço.

Causos, músicas, imitações e seu jeito simplório no manuseio de instrumentos de fabricação própria encantaram a adultos e crianças. Fizeram nosso domingo muito maior.

Deu margem ainda à narrativa do próprio David sobre o sucesso de Valdemar há 20 anos, na estreia do “Domingão do Faustão”, da Rede Globo de Televisão.

Os bastidores nos levaram ao riso incontido.

Diante da Xuxa, Valdemar permitiu-se a um comentário mordaz à época: “Ela não é essas coisas toda não”.

Abraçado pelo cantor-compositor Gilberto Gil, logo após aparecer diante das câmeras, recebeu elogios:

– O senhor é um grande artista! Meus parabéns.

Olhar desconfiado, incomodado pelo abraço caudaloso, perguntou a David – que o acompanhava:

– Quem é esse neguim?

E completou, depois de não associá-lo à condição de estrela da Música Popular Brasileira (MPB): “Ele devia é apanhar algodão lá no RN”.

Antes de aparecer ao vivo no Faustão, em 1999, Valdemar teve direito a conhecer o Cristo Redentor e Copacabana, sob os auspícios da própria Globo. Foram pedidos pessoais.

No calçadão da praia poética e cartão postal do Brasil, deparou-se com o ex-governador Tarcísio Maia em caminhada mansa:

– O que você está fazendo por aqui, Valdemar?

Peito estufado, voz rouca inconfundível, nosso personagem bradou: “Vim me apresentar na Globo”.

Valdemar em disco gravado no ano de 1991

Despedindo-se do nosso artista e do acompanhante, David Leite, Tarcísio não ouviu seu desabafo. “Pensei que ele fosse deixar algum dinheiro. Miserável”, protestou.

– Eu achava que Valdemar sequer tinha conhecido doutor Tarcísio, pois às vezes divaga mesmo. “Num é o  governador, homem!?”, esclareceu ao próprio David, antes de resmungar da munheca fechada do ex-governador.

Antes mesmo de voltar a Mossoró, em avião, Valdemar ainda teve tratamento de pop-star na aeronave. Foi reconhecido por passageiros e tripulantes. Tocou e fez imitações em meio às poltronas, sob aplauso intenso. De quebra visitou a cabine de comando.

– O que você achou, Valdemar?

– É buracão grande! – exclamou, depois de se deparar com o céu sem fim ao lado de piloto e co-piloto.

Ao chegar a Mossoró, interpelado de como tinha sido seu encontro com Fidel Castro, que visitava o Memorial da América Latina em São Paulo, onde ele também fez show, titubeou. Desconhecia-o.

Alertado quanto a detalhes físicos do comandante da revolução cubana, Valdemar despertou com vivacidade:

– Ah, sim! Sei quem é. É aquele soldadão grande, né?!

Carlos Santos é criador e editor desta página

* Texto originalmente publicado no Blog Carlos Santos no dia 28 de setembro de 2009, às 12h10. É nossa singela homenagem a esse artista, falecido no último dia 22 (veja AQUI) em Baraúna.

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Categoria(s): Crônica

Comentários

  1. Mary Costa diz:

    lembro bem dele na casa do casal amigo e vizinhos da Benício Filho, Celeste Guimarães e Nazaré Davi.

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