terça-feira - 05/01/2010 - 22:38h

Vereador promove novo “massacre” étnico com projeto de lei

O município de São Carlos (SP) ganhou notoriedade nacional ano passado, em face de algo que poderia ser apenas polêmica paroquial: mudança do nome de uma de suas ruas. Mas a divulgação do caso logo se revelou especialmente necessária.

Moradores da "Rua Sérgio Paranhos Fleury" ganharam outra denominação para a artéria pública: "Rua Dom Hélder Câmara".

O projeto de lei que proporcionou a mudança foi do vereador e presidente da Câmara Municipal, Lineu Navarro (PT). Visou corrigir o “absurdo da denominação de uma rua homenagear o delegado que se notabilizou por haver comandado e também participado pessoalmente de sessões de tortura de presos nos porões da ditadura militar", assinalou.

Em seu lugar foi posto o nome de um religioso que teve papel combativo contra o aparelho de repressão e em defesa dos direitos humanos.

A narrativa que fiz acima, é para sustentar a necessidade de se respeitar a história, cultura e dignidade de um povo. Serve para ilustrar abordagem sobre o que está sendo perpetrado contra Natal. Mudar nomes de logradouros públicos ao bel-prazer, às vezes com base em interesses politiqueiros, é uma peste nacional.

O vereador Júlio Protásio (PSB), em segundo mandato, entendeu de substituir o nome da Rua Tororós por "Desembargador Wilson Dantas" (Veja AQUI suas explicações). Não tem apoio popular, mas a conivência boba da prefeita Micarla de Sousa (PV).

Vereadores em Natal ou em qualquer parte do país, deveriam priorizar o inverso: perenidade dos nomes de batismo em ruas, avenidas, praças etc. É uma forma de valorização da identidade telúrica de um povo. A troca injustificável é uma agressão, como se alguém estivesse sendo "desomenageado" por alguma mácula descoberta em sua biografia.

O que a etnia indígena dos Tororós fez, além de ser massacrada pelo colonizador europeu? É possível que não exista sequer um beco em Natal para ganhar o desembargador Wilson Dantas como patrono?

Em São Carlos, que baniu o abjeto Fleury de seu ambiente social, exumando o grande Dom Hélder Câmara, há uma lei que proíbe a alteração de nomes. Aprovou-se algo de caráter excepcional e com arrazoado consistente.

O que Protásio promove em Natal é outro massacre contra os silvícolas, mas sobretudo contra uma sociedade inteira, que teima em não ter memória e respeito por sua própria herança cultural.

Conheça melhor AQUI a questão de São Carlos e quanto à vida de Fleury e Dom Hélder Câmara.

Foto – Júlio Protásio e o senador José Agripino.

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Categoria(s): Blog

Comentários

  1. Rui Nascimento diz:

    Carlos, sempre tive o pensamente de que homenagens devem ser prestadas a pessoas que “causaram” bem a humanidade, seja em pequenos lugarejos dos confins desse Brasil ou em grandes e ricos municípios desta imensa nação. Essa insanidade de homenagear tiranos, carrascos, ditadores, é coisa de povo sem memória, sem cultura, é típico de nossa politicagem sem critérios. Mesmo presidentes da república, que tiveram seus nomes marcados na história por suas tiranias e desrespeito aos direitos humanos não deveriam receber homenagens, como é comum aqui em nosso país, nem mesmo em em galinheiros ou em chiqueiros de porcos, mas ao contrário, estes é que recebem as mais honrosas homenagens como: nomes de ruas, avenidas, bairros, estádios, ginásios, praças, escolas dentre outros logradouros públicos, numa verdadeira demonstração do quanto nossa sociedade é hipócrita.

  2. Francisco Vieira de Medeiros diz:

    Agripino Maia, é a borra dos piores politicos quer temos no Rio Grande do Norte…

  3. Valdeci dos Santos Júnior diz:

    A questão terminológica é apenas uma releitura dos fatos históricos. Na verdade todo o passado é fruto de uma reconstrução que fazemos no presente. Isso era muito comum nas dinastias faraônicas que faziam questão de apagar os nomes dos seus antecessores como forma de mostrar que o “melhor” é agora. O que torna uma pessoa “boa” ou “melhor”? É um questionamento que merece uma abordagem mais apurada para de repente não sairmos por aí “apagando” os nomes que “achamos” que não é bom ou não é o melhor, de acordo com as circunstâncias politicas atuais. Os fatos bons ou ruins aconteceram e essa memória deve ser preservada. O que muda é a releitura que fazemos constantemente desses acontecimentos.

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