Venho através do presente relatar uma situação intrigante pela qual passei na tarde deste domingo no Mossoró West Shopping.

Após a entrada em vigor da Lei Estadual n. 9.451/2011, que estabelece a dispensa de pagamento das taxas referentes ao uso de estacionamento cobrados por “shopping centers”, a Administração do referido shopping adotou uma estratégia totalmente contrária a qualquer lógica de mercado. O shopping possui dois guichês de pagamento da taxa de estacionamento. No entanto, quando me dirigi a um deles, fui informado que apenas o outro guichê (próximo da loja Americanas) é que pode realizar a dispensa do pagamento da taxa.

Pois bem.

Dirigi-me até o outro guichê e me deparei com uma fila enorme. Simplesmente tive que esperar 40 minutos em pé, para que fosse atendido. Neste intervalo de espera, observei um jovem que retirou uma criança de um carrinho de bebê, que era empurrado por uma mulher (provavelmente sua esposa), colocou a criança nos braços e disse que tinha direito a passar na frente de todos porque estava com uma criança nos braços (enquanto isso sua esposa esperava com o carrinho de bebê de lado, olhando para a fila desconfiada).

Outras senhoras também passavam na frente de todos, fazendo com que a fila não andasse. Nada contra as pessoas mais idosas, mas o jovem… não merece comentário. A fila andou assim, totalmente desorganizada, dando voltas no shopping, fazendo com que os clientes ficassem totalmente insatisfeitos com aquela situação. Um jovem que estava atrás de mim me informou que tinha passado uma hora esperando um prato que havia pedido em um dos estabelecimentos da praça de alimentação, e agora passava mais de 40 minutos esperando na fila do guichê.

O estratégia do shopping, ao que me parece, é a seguinte: “vencer pelo cansaço”. Acredito que eles acham que as pessoas, ao olharem aquela fila, não teriam paciência de esperar tanto tempo em pé, e iriam pagar a taxa no outro guichê, que agora quase não tem gente na fila.

Infelizmente a estratégia deu errado.

Vários clientes como eu, que iam ao Shopping almoçar aos finais de semana, deixarão de comer na praça da alimentação para ir a outros restaurantes da cidade, onde não se paga estacionamento e não há filas para sair. Eu mesmo não quero mais passar 40 minutos em uma fila em pé, depois de almoçar.

Ao chegar no guichê, o funcionário preenche uma espécie de formulário e nos pede para assinar. O jovem que estava na minha frente, totalmente indignado com a espera e o procedimento adotado, assinou este formulário com uma palavra de baixo calão.

Este preenchimento é uma das causas da demora na fila. Com esta atitude, não apenas os empresários dos estabelecimentos da praça da alimentação irão perder clientes. Depois de almoçar ou jantar, é costume dar uma volta no shopping, visitar as lojas, e quem sabe, realizar alguma compra. Assim, irão perder também todos os lojistas.

Será uma pena, porque eu adorava a comida do Restaurante Dona Têca. Mas terei que abdicar da saborosa comida dela por conta da atitude da Administração do Shopping.

Enquanto todos do mundo empresarial adotam estratégias para atrair clientes, para dar mais conforto e satisfação, o Mossoró West Shopping simplesmente adota um procedimento contrário a qualquer lei de mercado. Não sei se é o caso de uma visita do Procon para uma eventual fiscalização.

A lei estadual que regula a cobrança do estacionamento é muito genérica, e não trata destes pormenores. Mas com certeza, haverá uma queda nas vendas das lojas. Os empresários deveriam estar preocupados com isto e pressionar a Administração do Shopping para solucionar esta situação.

Atenciosamente,

Rodrigo Leite Webleitor e Professor de Direito

Ser governo é assim mesmo, uma permanente administração de conflitos, de interesses contrariados, de aspirações que se chocam.

Em Nova Cruz – veja postagem AQUI – Cid ficou amuado porque viu o prefeito Flávio Azevedo (PMDB), que também apoiou Rosalba, sair na frente em termos de vantagens de "espaços" no governo.

O mesmo deverá ocorrer em vários municípios.

Em Pau dos Ferros – veja postagens veiculadas ontem – os deputados estaduais Getúlio Rêgo (DEM) e Raimundo Fernandes (PMN) vivem queda-de-braço igual.  Faz tempo que começaram a arenga por cargos.

Há poucos dias, o prefeito Leonardo Rêgo (DEM) – filho de Getúlio – e o prefeito de São Miguel, Galeno Torquato (PSB), apoiado por Raimundo, não chegaram a acordo.

Reunidos na Secretaria da Articulação Política em Natal, para divisão de cargos em nome dos dois deputados, em Pau dos Ferros, não se afinaram.

Leonardo preferiu fazer sua lista à parte e entregar pessoalmente à governadora. Inesperadamente, depois foi informado de nomeações que contemplavam o grupo de Raimundo em Pau dos Ferros, à sua revelia e e do pai.

A vitória sempre tem muitos pais. E a derrota?

Dizia o presidente norte-americano John Fitzgerald Kennedy, que "a derrota é órfão". Em verdade, ele simplificava o que Napoleão já dissera bem antes, no século XIX:

– A vitória tem mais de uma centena de pais; a derrota, por outro lado, essa é órfã.

Apressado para sair de casa, o vereador Júnior Escóssia cobra de Nildinha, sua esposa, um "kit" elementar:

– Pegue uma camisa amarela, aquela bermuda que eu gosto e um "bonel".

Atento ao crime hediondo de lesa-gramática, o ex-prefeito e pai de Júnior, João Newton da Escóssia, resolve não ficar calado. Cobra-lhe zelo à lingua:

– Júnior, o que é isso, meu filho?! Não é "bonel"; o nome correto é "boné".

Sem baixar a guarda, Júnior procura justificar o deslize:

– Eu sei, papai. É que ás vezes eu confundo com pastel, tonel…

O delegado resolveu passar uma chamada no homem, e intimou-o a comparecer à delegacia.

O sueco era tímido, meio descuidado no vestir e pelo aspecto não parecia ser um importante industrial, dono de grande fábrica de papel (ou coisa parecida), que realmente ele era.

Obedecendo a ordem recebida, compareceu em companhia da mulher à delegacia e ouviu calado tudo o que o delegado tinha a dizer-lhe. O delegado tinha a dizer-lhe o seguinte:

— O senhor pensa que só porque o deixaram morar neste país pode logo ir fazendo o que quer? Nunca ouviu falar numa coisa chamada AUTORIDADES CONSTITUÍDAS? Não sabe que tem de conhecer as leis do país? Não sabe que existe uma coisa chamada EXÉRCITO BRASILEIRO que o senhor tem de respeitar? Que negócio é este? Então é ir chegando assim sem mais nem menos e fazendo o que bem entende, como se isso aqui fosse casa da sogra? Eu ensino o senhor a cumprir a lei, ali no duro: dura lex! Seus filhos são uns moleques e outra vez que eu souber que andaram incomodando o general, vai tudo em cana. Morou? Sei como tratar gringos feito o senhor.

Tudo isso com voz pausada, reclinado para trás, sob o olhar de aprovação do escrivão a um canto. O sueco pediu (com delicadeza) licença para se retirar. Foi então que a mulher do sueco interveio:

— Era tudo que o senhor tinha a dizer a meu marido?

O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevimento.

— Pois então fique sabendo que eu também sei tratar tipos como o senhor. Meu marido não é gringo nem meus filhos são moleques. Se por acaso incomodaram o general ele que viesse falar comigo, pois o senhor também está nos incomodando. E fique sabendo que sou brasileira, sou prima de um major do Exército, sobrinha de um coronel, E FILHA DE UM GENERAL! Morou?

Estarrecido, o delegado só teve forças para engolir em seco e balbuciar humildemente:

— Da ativa, minha senhora?

E ante a confirmação, voltou-se para o escrivão, erguendo os braços desalentado:

— Da ativa, Motinha! Sai dessa…

Fernando Sabino (1923-2004) – Cronista e escritor mineiro