Bem, num universo de 1.460 dias que estão previstos para o mandato da atual governadora Rosalba Ciarlini (DEM), ou seja, quatro anos, 100 aparecem como uma ninharia.
No mínimo é preciso tolerância para ouvi-la, avaliar o inventário desse tempo e o que está posto para os dias que virão.
Os 100 dias em verdade têm uma simbologia, mas não é oficialmente um tempo para "fazer acontecer", como propagou seu slogan de campanha.
Rosalba e sua equipe insistem num discurso de transferência de culpa para o governo antecessor. Na verdade, a ladainha é comum entre adversários que se sucedem no poder. É da arte da retórica na política.
Entretanto é claro que essa estratégia tem prazo de validade. Não vai resistir por muito mais tempo e a própria governadora afirmou isso em seu discurso hoje, quando admitiu que daqui para frente será mais cobrada – com razão:
– A partir de agora, a cobrança será em cima da gente. Não podemos mais olhar pelo retrovisor.
O início de governo, nesses pouco mais de três meses, tem sido muito baseado na guerra de propaganda e contra-propaganda. Por isso que o nome do ex-governador Iberê Ferreira (PSB) é tão recorrente.
Ninguém deve esperar medidas impactantes e programas revolucionários um pouco adiante. Se a governadora confirmar o que foi sempre seu perfil gerencial, converterá os primeiros meses de dificuldade num tempo futuro de maior equilíbrio nas finanças públicas.
Esse é um ponto em que os administrados podem apostar. Ela vai fazer acontecer.
Difícil mesmo é mudar essa configuração social, política e econômica de décadas, que criou dois RN´s. Um que vai de Natal a "Reta Tabajara" na BR-304 e outro que segrega o restante do estado à condição de "primo pobre", à espera de migalhas e sobras da Grande Natal.