domingo - 19/07/2020 - 11:38h

As cidades têm capacidade de oferecer algo a todos

Por Zildenice Guedes

Qual a importância de espaços públicos para as cidades? O que podemos entender como espaços públicos? Os espaços públicos podem se configurar como representativos do tipo de vida que há na cidade? São essas e muitas outras perguntas que norteiam e embasam a discussão que proponho através desse artigo.

A leitura que trago da cidade é o lugar do encontro, como já falei nos artigos anteriores. A expressão de vida nas cidades é identificada através das suas ruas e dos seus bairros. Esses são a maior expressão do tecido social que compõem o espaço urbano. Este artigo tem como referência a obra Morte e vida nas grandes cidades, da autora Jane Jacobs (2011).

A compreensão que temos dos espaços públicos são as ruas, as praças, os parques, as igrejas, as bibliotecas, mercados, feiras, museus, e muitos outros. Os espaços públicos urbanos numa visão de interesse público constituem elementos de desenho urbano decisivos para a produção da cidade na medida em que é nestes espaços que se manifesta a vida e animação urbana e onde se processa grande parte da socialização dos seus utilizadores.

Uma vez que reconhecemos o potencial dos espaços públicos para a dinamização da vida urbana, é importante ressaltar que falamos de espaços verdes, bibliotecas, museus, teatros, espaços desportivos, áreas para lazer e estímulo a atividades recreativas como pintura e diversas expressões de arte.

E por que precisamos de uma cidade com espaços públicos vivos e eficientes para a população? Quando a cidade dispõe de equipamentos urbanos as crianças são favorecidas com locais para brincar, aprender e interagir. Os idosos que são fundamentais para a formação dos jovens e crianças se sentem também acolhidos e importantes para esses espaços e esses momentos. E esses locais precisam ser perto das suas casas, não faz sentido disponibilizar opções de lazer e sociabilidade para as pessoas em regiões ou bairros distantes de seus locais de moradia e pertencimento. Em todo momento, o que a autora quer nos dizer é que há uma vida pulsante na cidade que é composta pelas pessoas, são os laços humanos que vitalizam as estruturas físicas.

E esses espaços públicos precisam ser propostos em uma lógica inversa. Não são eles que conferem vida e representação aos bairros e a cidade, é o contrário, são as pessoas que dotam essas áreas de vida pulsante. Trata-se assim de pensar na cidade em sua combinação de usos e não usos separados, como afirma Jacobs:

A principal responsabilidade do urbanismo e do planejamento urbano é desenvolver – na medida em que a política e a ação pública o permitam – cidades que sejam um lugar conveniente para que essa grande variedade de planos, ideias e oportunidades extra-oficiais floresça, juntamente com o florescimento dos empreendimentos públicos. (JACOBS, 2011, p.166).

O planejamento e acesso a espaços públicos pode ainda ser considerado um indicador dos valores democráticos que há nessa sociedade. Ou seja, quanto mais diversificados, vivos, expressivos forem os esses locais, mais representativos da sua população eles serão. Ou seja, as pessoas estarão nas ruas quando essas forem mais seguras, e essas serão mais seguras com as pessoas presentes, é uma via de mão dupla.

MUITOS DOS PROBLEMAS que são identificados nas cidades, e que percebemos que é uma tendência em outros países do mundo, inclusive no Brasil, está relacionado a um processo de urbanização e planejamento que desconsidera as diversidades na cidade, tais como: vocações e identidades dos bairros, processos de zoneamento (parcelamento do solo urbano) que desapropriam moradores para áreas mais remotas que dentre muitos problemas, ocasiona aumento no processo de periferização e marginalização do espaço urbano, e um elemento importantíssimo, que é quando as ruas passam a ser desocupadas, muitas vezes indicando o quadro de insegurança pública.

E os projetos de moradia em conjuntos habitacionais? Na maioria dos casos o seu insucesso também está relacionado a uma lógica do planejamento urbano que apenas transfere as pessoas para outras áreas que na maioria das vezes não dispõem minimamente de equipamentos públicos essenciais, tais como, creches, escolas, hospitais, transporte público e etc. Ora, estamos falando de pessoas reais e normais que são desalojadas dos seus locais de moradia e pertencimento, e alocadas em áreas muito distantes de seus laços afetivos e a que se sentem pertencer. E os trabalhos e ocupações? Ficam a quilômetros de distância dos seus locais de moradia. Sob esse aspecto, a autora apresenta a fala de uma moradora sobre como se sente em seu novo local de moradia:

Quem foi que pediu o gramado? ” Por fim, certo dia uma moradora mais bem articulada que os outros disse o seguinte: “Ninguém se interessou em saber o que queríamos quando construíram este lugar. Eles demoliram nossas casas e nos puseram aqui e puseram nossos amigos em outro lugar. Perto daqui não há um único lugar para tomar um café, ou comprar um jornal, ou pedir emprestado alguns trocados. Ninguém se importou com o que precisávamos. Mas os poderosos vêm aqui, olham para esse gramado e dizem: ‘Que maravilha! Agora os pobres têm de tudo!'” (JACOBS, 2011, p. 21).

E em nossa cidade? Como estão nossos espaços públicos? O que eles estão dizendo a respeito da nossa vida urbana? No próximo artigo traremos algumas análises, pois entendemos que é a sociabilidade, o prazer de estar com o outro, que estabelece em definitivo a diferença urbana (Jacques Le Goff).

Zildenice Guedes é professora-doutora em Ciências Sociais pela UFRN


[1] JACOBS, J. Morte e vida nas grandes cidades. São Paulo, 2011, p.164.

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domingo - 19/07/2020 - 11:04h

Projeto Umari precisa de apoio para fortalecimento econômico

Por Josivan Barbosa

O Governo do RN precisa de um olhar diferenciado para apoiar o Projeto Umari.

O Projeto Umari disponibilizará água através de três eixo sendo o principal o leito do rio Umari, além de dois outros canais menores; cuja  vazão proposta é de 1,50 m³/segundo permanente de Janeiro a Junho e de 1,50 m³/segundo intermitente de julho a dezembro. A previsão é de que  a água será disponibilizada para uso múltiplo das populações beneficiadas, contribuindo para o desenvolvimento sócio-econômico e ambiental, o que promoverá o fortalecimento das atividades como a fruticultura irrigada, pesca e a pecuária.

O ponto forte Projeto Umari é evidenciado pela disponibilidade de água, diminuições dos custos das atividades e na eficiência dos processos produtivos, além de fortalecer a produção de alimentos, em processos produtivos diversificados, gerando trabalho, renda e emprego às famílias de trabalhadores rurais dos três Municípios.

Umari é um dos reservatórios mais importantes dos recursos hídricos do estado (Foto: Sâmya Alves)

Projeto Umari II

O projeto tem como premissa básica a proposta de integração das bacias do rios Apodi e Umari. A perenização seria feita por gravidade num trecho de cerca de 45 km do Vale do Apodi. A perenização seria formada por canais naturais, através do rio Umari e dois córregos, incrementando a  oferta hídrica a mais de 200  propriedade rurais da agricultura familiar, bem como a garantia e sustentabilidade com perenidade hídrica nos açudes do Apanha Peixe, Carrilho, Pacó e Miradouro que se localizam a meia distância dos municípios de Apodi, Caraúbas e Felipe Guerra.

Projeto Umari III

As entidades representativas da sociedade civil do Vale do Apodi já avançaram muito na articulação política desse projeto, mas ainda, não foi o suficiente para sensibilizar um parlamentar do Estado a colocar uma emenda de Bancada no Orçamento do Estado para a elaboração do projeto básico de engenharia. Sem o projeto de engenharia, não há como avançar. Portanto, esperamos que esta etapa seja objeto de preocupação por ocasião da aprovação do orçamento do Estado para 2021.

As principais entidades envolvidas no projeto são as colônias de pescadores dos três municípios, as associações de agricultores familiares e a Fundação para o Desenvolvimento do Vale do Apodi. O projeto tem recebido atenção de toda a  população do Vale do Apodi.

Frutos temperados

O gerente de fruticultura do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), engenheiro agrônomo Franco Marinho Ramos, com excelente folha de serviços prestados ao desenvolvimento da agricultura irrigada do Polo de Agricultura Irrigada RN – CE, articulou e trouxe pesquisa com frutos temperados para a microrregião de Apodi através do projeto Fruticultura do qual é gestor.

Outra pesquisa que foi incrementada pelo Sebrae para diversificar a produção de frutas na microrregião foi com a cultura da uva de mesa. A consultoria para a implantação da uva na chapada de Apodi também foi através do projeto Fruticultura do Sebrae.

Iniciado com a consultoria do Dr. Django Dantas (ex-aluno da Ufersa). Atualmente há dois projetos com uva em Apodi em parceria com os produtores Marcio Valdevino e o Sr. Cesar da Germina Agrícola.

A Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) responsável direto pela pesquisa é o Centro Nacional de Pesquisa do Semiárido com sede em Petrolina, cuja proposição inicial era implantar a pesquisa em Mossoró e Apodi.

De acordo com Franco Marinho, há ainda a possibilidade de instalar o projeto também na região de Mossoró.

Em Mossoró (Ufersa) já foram produzidas sob a responsabilidade do pesquisador Vander Mendonça as mudas de pereira (cultivo da pera). Há, também, a possibilidade de instalar áreas de pesquisa com maçã, mirtilo e cacau.

O projeto em nível de Embrapa é coordenado  pelo pesquisador Paulo Roberto Coelho.

Novos caminhos à castanha

Após a ameaça de encerramento da atividade no RN da Usibras (Dunorte) e transferência das instalações para o vizinho Ceará, vem uma boa notícia para os produtores de castanha de caju da nossa região.

Produção industrial tem nova luz (Foto: arquivo)

A Greenlife adquiriu a fábrica de castanha de São Paulo do Potengi que já pertenceu à OLAM Brasil e a Iracema. A empresa fará investimentos da ordem de R$ 33 milhões, movimentando incrementando a cadeia produtiva da cajucultura do Semiárido.

A indústria, que deverá iniciar suas atividades a partir do segundo semestre, terá capacidade de processar 30 toneladas de castanha in natura por dia, totalizando mais de 17 mil toneladas por ano.

RN com nota D

A situação dos regimes de previdência dos servidores públicos de 20 governos estaduais está complicada, sendo que nove deles demonstram de forma mais clara dificuldades para honrar o pagamento de aposentadorias e pensões, por exemplo, caso não sejam implementados ajustes em seus sistemas. Isso é o que mostra o Indicador da Situação Previdenciária de Estados e municípios, divulgado pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia.

O indicador classifica os regimes de previdência próprio com notas de “A a D”, sendo que uma nota D aponta maior possibilidade de não honrar suas despesas. Como já era de se esperar o nosso RN sem sorte ficou com a letra D.

Agricultura irrigada

Na última quinta-feira tivemos o prazer de ministrar uma palestra para os produtores de melão e melancia que trabalham com a exportação para os mercados do Mercosul, União Européia e Estados Unidos.

O conteúdo da palestra foi disponibilizado para o Comitê Executivo de Fruticultura do Rio Grande do Norte (COEX) e qualquer empresa ou grupo de empresas interessados em outra edição da palestra pode nos contactar.

O título da palestra é: Melão: Tecnologia Pós-colheita e Qualidade.

É direcionada para todos os colaboradores envolvidos na cadeia produtiva de frutos tropicais para atender os mercados externo e interno.

Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA)

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Categoria(s): Artigo
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domingo - 19/07/2020 - 10:18h

Sobre escrever

Por Odemirton Filho

Há mais de 02 (dois) anos escrevo, semanalmente, para o Blog Carlos Santos, ou para o “Nosso Blog”, como carinhosamente chamamos.

Escolher um tema atual, conseguir prender a atenção dos leitores e se fazer entender não é tarefa fácil.

Discorrer sobre diversos assuntos em artigos e crônicas é desafiador. Os temas jurídicos, por exemplo, precisam ser repassados de forma clara, sem o “juridiquês” tão comum nos artigos sobre Direito.De nada adianta um texto incompreensível e extenso. Apesar do discernimento dos leitores, é preciso enxugar o artigo ou a crônica, fazendo-os simples.

Poucos conseguem conciliar objetividade e clareza nas ideias. Para isso é preciso tempo e prática.

Tenho a honra de dividir este espaço com François Silvestre, Honório de Medeiros e o editor deste Blog, Carlos Santos, que conseguem, com precisão, transmitir as suas mensagens.

Sem esquecer, é claro, dos meus professores do curso de Direito, Paulo Linhares e Marcos Araújo. Além dos artigos de Josivan Barbosa, das crônicas de Paulo Menezes e dos textos de colaboradores eventuais. Com todos, sem exceção, aprendo.

Entretanto, faz-me falta os escritos do estimado Inácio Augusto de Almeida que, por motivos pessoais, não escreve mais neste espaço. Recebi valorosos ensinamentos de sua parte, mostrando-me, principalmente, que a beleza do texto está na simplicidade. A ele um agradecimento especial.

Há, ainda, os inúmeros comentários que são importantes para amadurecer o entendimento sobre um determinado assunto, concordando ou não com o que escrevemos, pois, a divergência de ideias, de forma respeitosa, é sempre salutar. Existem aqueles comentaristas que qualificam o texto, como diz, de forma acertada, Honório de Medeiros.

Em um país que a intolerância e o ódio estão a fazer parte do cotidiano é preciso coragem para escrever e expor o que pensamos. Ainda bem que este Blog tem como linha editorial fazer Jornalismo com Opinião (não só do seu editor, mas de todos e qualquer um).

Porém, faltava agradecer a companhia e a paciência dos leitores. Não o fiz antes, mas o faço agora, acompanhado de um singelo pedido de desculpas por eventuais erros e desagrados.

Vamos em frente. Até a próxima, se Deus quiser.

Odemirton Filho é bacharel em Direito e oficial de Justiça

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Categoria(s): Crônica
domingo - 19/07/2020 - 09:30h

Até que a pandemia vos eleja

Por Phabiano Santos

Derna priscas épocas, como diria o mestre Dorian Jorge Freire em seu Cadernos de Domingo, ouço dizer que de barriga de mulher, urna e cabeça de juiz tudo pode vir à luz. A tecnologia derrubou a primeira a primeira das três pilastras da sabedoria popular, as pesquisas de opinião pública e o pragmatismo têm ajudado no desvendar antecipado da segunda e a terceira segue ao sabor das controvérsias. Mas, por obra da natureza, o axioma em torno da urna perdeu forças nos tempos de hoje.

E 2020 vai impor incertezas às suas eleições com o advento da pandemia. O Covid-19 vai marcar o pleito com tamanha imposição que é impossível cravar favoritismos seja qual for o ambiente eleitoral.O Covid-19 mexeu com a técnica e a arte delas.

A partir da mudança do calendário eleitoral, com a PEC 107, quando vai tornar elegível alguns inelegíveis em face da prorrogação. E isso muda a atmosfera, altera o quadro. Eleições em 15 e 29 novembro, e caso o Covid-19 insista em seguir acuando algum município pode o prefeito sugerir ao Congresso Nacional maior prorrogação via Decreto, sendo que o prazo é de 27 de dezembro.

Maior mudança virá do voto do eleitor, impondo aos atores maior cuidado no trato dessa arte. É certo que o humor das pessoas vai ditar o voto e o velho Índice de Satisfação Municipal é um balizador, e um dos vetores é a imagem que pandemia desenhará do gestor municipal.

É possível que as quase 80 mil mortes do Covid-19 repousem no colo dos gestores, em todos os níveis, e isso mudará sensivelmente a avaliação destes. É notório que de alguma forma eles erraram na estratégia de combate à pandemia e abriram as veias do sucateamento na estrutura de saúde, a partir do município.

A falta de investimento, do pessoal aos equipamentos, ficou às claras, discutida em todo grupo social com veemência, justo numa área em que dinheiro não falta. Cada eleitor vai ter uma história para contar em desagrado a alguma morte, seja na família, no ambiente de trabalho, na amizade.

Depois, penso, outros vetores serão muito fortes.

AOS OLHOS DO ELEITOR transitará a tecnologia das plataformas e quem dela melhor utilizar. A construção da identidade do candidato e os meios de comunicar-se apresentando projetos municipais consequentes vão ter grande prevalência. Com ele a atração, o engajamento das pessoas ao projeto e a motivação de leva-lo a urna, uma vez que não será fácil tira-lo de casa, principalmente se não houver vacina nem índice beirando a zero na transmissibilidade do vírus.

A mulher-candidata, com projetos consequentes e de presença política na comunidade, tende a agradar mais a escolha eleitoral. Sensível, tende a ser mais confiável, afinal simboliza os cuidados com a criação a partir da maternidade como mister de comportamento. Se há problema na saúde a mulher zela mais eficiente. O exemplo está dentro de casa.

O voto tenderá a ser mais racional. O voto emocional, que tem marcado as eleições brasileiras, produziu tudo isso, da corrupção a falta de zelo com a coisa pública. Chegamos a ter 62% do eleitorado votando pelas cores, pela paixão, em nome de alguém ou de alguma que roubava a sua razão.

Com ele descerão pelo ralo votos de grupos que o representavam, como o da política tradicional e seus símbolos.

A temática será municipalista. Levar para o palanque a disputa de correntes incoerentes da política nacional será erro grave. O povo quer resolver o problema que ronda a sua casa.

Haverá uma vantagem para quem fez política e criou reputação positiva na comunidade. É a sua memória remota aliada à virtual.

É a eleição da incerteza e de quem melhor traduzir a alma humana marcada pela descrença e pelo medo.

Phabiano Santos é jornalista, publicitário e advogado

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Categoria(s): Artigo / Política
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domingo - 19/07/2020 - 08:02h

A tcheca

Por Honório de Medeiros

Nossa guia, em Praga, a quem tínhamos contratado desde o Brasil, via internet, para acompanhar nosso pequeno grupo – éramos nove – sorri algumas vezes, brinca outras, e é bastante acessível, o que a tornava diferente, aos meus olhos, da maioria dos seus compatriotas, bastante carrancudos.

Perguntei-lhe a razão desse estado de espírito. “O clima”, responde, em tom de brincadeira. Decerto aprendeu a brincar no Brasil, onde morou por seis anos, principalmente em Salvador, amou, casou, teve um filho com um baiano, e, em assim sendo, não poderia escapar incólume. Ela confirmou.Em português com pouco sotaque, embora às vezes errado nas declinações mais complexas dos verbos, ela atribui parcela considerável desse estado de espírito do seu povo à transição do comunismo para o capitalismo, e à fragmentação das expectativas dos tchecos em relação à Democracia.

“Antes”, diz ela, ajeitando os óculos “nerd” no nariz delicado, “nós não tínhamos liberdade para decidirmos nossas vidas, mas havia tranquilidade quanto ao presente e futuro: saúde, educação, moradia, trabalho…”  “Penso que as gerações anteriores sonharam com um mundo melhor no qual a ‘quase’ igualdade permanecesse, mas houvesse uma melhoria para todos nas condições gerais e, ainda por cima, liberdade”.

“O tcheco, de uma forma geral, é invejoso”, continua, assumindo um pouco o “physique du rôle” da antropóloga que disse ser, com diploma fornecido pela mais prestigiosa instituição universitária de seu País. Faço um parêntese para observar que escutei essa mesma observação, em Lisboa, feita por um português em relação a seus compatriotas.

“Mas é um invejoso justo: ele inveja o que o outro tem, querendo que todos tenham igual.” “Com o capitalismo, aos poucos está surgindo uma sociedade acentuadamente de classes, sem que os problemas mais antigos fossem resolvidos.”

Anete, esse é, em Português, o nome da nossa guia, espana a neve que vai caindo, minúscula, lentamente, por sobre seu elegante casaco azul escuro, nos diz que “no comunismo a divisão de classes era de outra forma, ou seja, a elite partidária possibilitava aos seus acesso à burocracia que lhes assegurava um status diferenciado.”

Já tínhamos feito um círculo em torno de Anete e a escutávamos atentamente. “Havia um contraponto natural à elite partidária comunista: os, digamos assim, intelectuais, que assumiram o controle após a queda do comunismo, e que se disseminavam, por exemplo, nas universidades secretas, onde se debatiam livros proibidos e se propunham alternativas para o modelo político existente.”

“Hoje há muitos saudosistas do comunismo. A Revolução de Veludo, na opinião deles, tirou as vantagens do comunismo e não acrescentou nenhuma do capitalismo…”

NÃO HÁ TEMPO PARA MUITA CONVERSA. Anete tem um trabalho a fazer, e o fez com competência, demonstrando conhecer, com profundidade, a história do seu povo. Levou-nos a lugares muito interessantes e nos contou, detalhadamente, o passado de cada um deles. Mas há sempre a hora de ir.

Quando os dias terminam, ela se vai pegar seu filho levando essa estranheza comovente de ter vivido em um País tão exótico, para os tchecos, quanto o Brasil. É assim que eles nos vêm.

Não somente. Além de ter vivido no Brasil, Anete amou um baiano de Salvador, e, do fruto desse amor, teve um filho que carrega consigo, uma mistura exótica de sangue brasileiro e tcheco, pelas ruas da República Tcheca. É estranho e comovente. Eu gostaria de lhe ter perguntado acerca de como aconteceu sua história de amor. Melhor não, pensei, e me contive.

Entretanto ainda lhe fiz uma última pergunta: você voltaria a morar no Brasil? “Não”, me disse. “O Brasil é muito bagunçado.” “Além do mais, este é meu povo, esta é minha história.” “Vou voltar lá muitas vezes; não quero que meu filho cresça sem conhecer suas raízes.” “Mas, não.” “Eu não voltaria.”

Seguiu Anete, após as despedidas, levando nossos cartões, pois nos disse que viria no final do ano ao Brasil, para as festas de aniversário do seu ex-sogro. Entrará em contato? Duvido. Entretanto, tudo é possível neste mundo de meu Deus. Afinal não aconteceu de uma tcheca vir a Salvador desenvolver um trabalho social, conhecer um baiano, casar-se com ele, e dele ter um filho?

Quem sabe ela não nos surpreenda?

Venha, Anete, é como lhe disse: nós a receberemos com imenso prazer. Quem sabe eu tenha coragem de lhe perguntar como foi sua história de amor no Brasil…

Honório de Medeiros é professor, escritor e ex-secretário da Prefeitura do Natal e da

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Categoria(s): Crônica
domingo - 19/07/2020 - 06:50h

Nas águas da literatura

Por Marcos Ferreira

Alguns livros a gente termina de ler, digamos assim, para não perder a viagem. Ou tornar menos inútil o tempo investido. Daí que só acabei a leitura de certos “clássicos” (locais quanto planetários) porque já havia, embora a duras penas, atravessado mais da metade do rio, ainda esperançoso de que a segunda margem reservasse algo de compensador para o final da travessia.

Embalde. Fica-se no prejuízo e pronto. Não é possível você tocar no ombro do dito-cujo e dizer: “Ei, Fulano, dê-me de volta o tempo que empreguei na leitura do seu ‘clássico’. Não me serviu. Sobrou pano em cima e faltou embaixo.” Não dá. O máximo que podemos fazer é acendermos uma vela em respeito às árvores que foram ceifadas para o fabrico daquele papel.Estou sendo indelicado? Possivelmente. Talvez delicadeza não seja o meu forte. Se, porventura, possuo algum. Ressalto, no entanto, que é necessário botarmos os pés na água para sabermos se esta é rasa ou profunda. Tal preceito se aplica à literatura. É leviandade, para dizer pouco, aplaudirmos ou reprovarmos um determinado livro e seu autor sem sequer molharmos a ponta dos dedos.

Após quebrar a cara dezenas de vezes, influenciado pela reputação de algumas “lagoas azuis”, hoje em dia não pulo mais de ponta-cabeça nas correntezas da literatura. Vou devagarinho, banhando-me aos poucos, aclimatando-me com uma cuia. Nada de choque térmico. Careço sentir a temperatura da água, observar o termômetro, averiguar a voltagem da escrita. Mesmo que seja o autor um marinheiro de primeira viagem na ficção, como é o caso do escritor mossoroense David de Medeiros Leite. Sim.

David Leite acabou de dar à luz o seu primeiro romance: “2020”. Título intrigante quanto lacônico. Estreia, no mínimo, respeitável. Cumpriu, com absoluta competência, sua travessia no oceano das letras romanescas, sem fazer água, sem se perder na costura do enredo nem da linguagem. Não arremedou escritor algum, não afetou erudição e, muito menos, surfou na perigosa onda do rebuscamento. Entretanto, com domínio da pena e do tinteiro, zela pelo nosso idioma, oferece um “2020” atemporal, com riqueza de detalhes e verossimilhança, sob a proposta fictícia.

Conciso, “2020” tem pouco mais de duzentas páginas. O bastante para que David Leite trouxesse a lume um romance de estreia bem-sucedido, sem pontas soltas, cosido com a precisão e propriedade de um autor familiarizado com temática escolhida para o aparelhamento do seu enredo.

Apresenta-nos, competentemente, repito, as memórias de José Silvestre de Araújo, religioso que larga sua vida na Ordem Carmelita, no Recife, e se abala para Mossoró obcecado por encontrar uma botija supostamente oculta nas ruínas da Casa do Carmo. É uma história que não cai no lugar-comum da fantastiquice, mas que adquire singularidade por meio de um personagem expressivo, plausível e não menos singular.

Faz o mergulho valer a pena.

Agora estou aqui, sentindo-me de todo embevecido, imerso no mais profundo êxtase, com uma obra superior. Trata-se de “Peregrina”, novo livro de versos da excepcional poetisa (mossoroense por adoção) Kalliane Amorim, que me orgulha de ser seu contemporâneo. Como escreve bem essa moça, cuja trajetória literária tive a satisfação de acompanhar desde o tempo em que fui editor do caderno de cultura do Jornal O Mossoroense, há exatos vinte anos.

Há época, já com uma verve diferenciada, Kalliane me forneceu alguns dos seus poemas para publicação. Daí por diante, com luz própria, com uma impressão digital inconfundível entre nossos autores, essa mocinha terna, franzina e muito corajosa agigantou-se, sobressaiu-se. Conquistou, inclusive, o concorrido Prêmio Luís Carlos Guimarães de Poesia (2005), da Fundação José Augusto, em Natal-RN.

Como o romance de David, “Peregrina” saiu em uma caprichada edição da Sarau das Letras Editora. Traz primorosas ilustrações de Nilton Xavier e projeto gráfico de Augusto Paiva. Até a dedicatória que a autora me fez em um exemplar do livro, que não reproduzo aqui por mero pudor, é quase um poema, tão especial é a sua intimidade com o manejo do alfabeto.

Kalliane Amorim é uma escritora que atingiu a maioridade no ofício da escrita. A seu favor, entre outros méritos que me furto a esmiuçar, possui uma acuidade artística como poucas vezes observei nesta seara das letras potiguares. Não se contenta apenas com o propósito de comunicar, de se fazer entender, mas também chama para a si a responsabilidade de oferecer ao leitor algo além da rima, da métrica ou daquilo que ouso definir como poesia do enter, quando o sujeito comete um fraseado à toa e sai quebrando as linhas. Não.

O VERBO DE KALLIANE é joia burilada, trabalho de ourives. Ao mesmo tempo em que sua sofisticação, esmero com a polidura não compromete a mensagem, transmitida sem prejudicar o entendimento. Isto me recorda o português padre Antônio Vieira, quando diz:

“Aprendemos no céu o estilo da disposição, e também o das palavras. As estrelas são muito distintas e muito claras. Assim há de ser o estilo (…); muito distinto e muito claro. E nem por isso temais que pareça o estilo baixo; as estrelas são muito distintas e muito claras, e altíssimas. O estilo pode ser muito claro e muito alto; tão claro que o entendam os que não sabem e tão alto que tenham muito que entender os que sabem”.

O tato, a sensibilidade artística e a poética de Kalliane estão nesse patamar. Nem indecifrável, como tantos que se queixam de ser poetas, nem ao rés do chão. Permite aos que se julgam muito por cima descer um pouco; e aos que estão embaixo, elevar-se.

Do poema “Deserto”, página 71, pinço este fragmento da mais elevada poeticidade: “Assovia tão de perto/ o silêncio do deserto,/ que até posso acarinhar/ o seu flanco aveludado/ como um pássaro de ar.”

Quando crescer eu quero escrever bem desse jeito. “Peregrina” (entre outros relevantes trabalhos da escritora) afiança o que acabei de declarar. Ou deixei de dizer. Então, se querem saber mais sobre o conteúdo de “Peregrina” ou sobre o que narra o romance de David Leite, recomendo que leiam. Pois há muito o que saber.

De minha parte, seguirei com a navegação das leituras, ancorando em um porto-livro aqui, noutro acolá. Atento aos escolhos. Se pressentir que estou em barca furada, salto fora. Isso resulta em menos queima de pestanas, menos desperdício de tempo. Pois, ao contrário do papel, não se pode reciclar o tempo.

Felizmente, portanto, sem querer chover no molhado, o que é quase inevitável, existem aqueles autores e obras que fazem valer cada minuto que destinamos às suas páginas. Quem já leu, por exemplo, um “Memórias do Subsolo”, um “Humilhados e Ofendidos”, sabe do que estou falando.

De um modo geral os russos dominam os mares da ficção. Dostoiévski é um monstro, um monumento, uma força da natureza. Assim como Tchekhov e Tolstói. Machado de Assis e Graciliano Ramos, não necessariamente nessa ordem, outros dois ícones supremos da literatura brasileira.

Li e reli Graciliano (vai a metonímia) até mais do que li Machado. O bruxo do Cosme Velho, meritoriamente, é o grande astro da cena literária tupiniquim. No entanto o velho Graça é o meu fraco.

Refestelei-me sobre “Angústia” e “São Bernardo” — quero citar apenas esses dois — não sei quantas vezes. Coisa que não se deu com a obra de Machado. Estou devendo ao autor de “Memórias Póstumas de Brás Cubas”. Então, para ficarmos apenas entre a Rússia e o Brasil,Crime e Castigo” e “São Bernardo” representam para mim o que há de melhor na ficção.

Dostoiévski e Graciliano, feito Augusto dos Anjos na poesia, são ímpares, desconcertantes, singularíssimos. Extrapolam todos os experimentos, as convenções, receitinhas. Deixam na poeira, a meu ver, James Joyce, Miguel de Cervantes, José Saramago, Guimarães Rosa, Jorge Amado, Gustave Flaubert, José de Alencar, etc. Não ponho na balança só o que é contado, mas, sobretudo, o modo como se conta.

Na minha modesta visão de peregrino das letras, são autores que pegam uma história ordinária, um tema banal, e revestem o paupérrimo assunto com uma espessa camada de ouro. Isto é, tiram leite de pedra, dão peso e rutilância a histórias que resvalariam para a mediocridade ou coisa pior na escrivaninha de outrem.

A literatura, a arte literária, possui essa alquimia. Transforma nonadas, montículos, em grandes montanhas verbais. Como “A Montanha Mágica”, do Thomas Mann, gigante na compleição quanto na qualidade.

Por hoje é só. Hora de recolher as velas e atracar o barco.

Marcos Ferreira é escritor

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domingo - 19/07/2020 - 05:26h
Especial III

História de beatos e messianismo no RN lembra Canudos

Movimento na Serra de João do Vale causou preocupação e foi desfeito à força policial no século XIX

Por Tárcio Araújo (para o Blog Carlos Santos)

Durante o século XIX a presença de beatos e conselheiros era comum no interior do Nordeste. A miséria reinante e a ausência de referências religiosas em lugarejos mais longínquos, contribuíam para o surgimento de líderes espirituais de feição popular.

Movimentos messiânicos e sebastianistas eclodiam por toda parte, atraindo sertanejos pobres e analfabetos, com a promessa de um salvador que os libertaria do flagelo da vida e do sofrimento humano.

No sertão exaurido, assolado por secas, sem assistência alguma de governos e explorado por coronéis (latifundiários e donos da terra), o homem comum se via obrigado a se insurgir contra o sistema. Dois caminhos eram possíveis: ou se pegava em armas e abraçava o cangaço ou se valia da cruz e seguia um líder messiânico pela caatinga a dentro.

Missões religiosas ocorriam pacificamente, mas que foram combatidas com rigor pelo governo (Ilustração de Adriano Pinheiro)

Foi assim na Serra do Rodeador (1819) e na “Pedra Bonita” (1836), ambos em Pernambuco. Em Canudos na Bahia (1893-1897); e até meados do século XX, entre os anos de 1926 a 1937, com o ajuntamento do Caldeirão do Beato José Lourenço no Crato-CE.  Todos com desfecho trágico, vasto derramamento de sangue e milhares de mortes.

O Rio Grande do Norte também vivenciou seu momento de messianismo na história, apesar do fato ser pouquíssimo conhecido. O cenário foi a serra de João do Vale (área localizada entre os municípios de Jucurutu, Campo Grande, Triunfo Potiguar e Belém do Brejo do Cruz-PB, a 130 quilômetros de Mossoró e 275 de Natal.), em 1899.

Canudos havia caído dois anos antes.

No interior potiguar, o personagem central dessa epopeia é o religioso Joaquim Ramalho do Nascimento, (Beato Joaquim Ramalho), nascido em 1862.  Um líder carismático que atraiu mais de mil devotos para a Chã do Cajueiro, onde morava. Como ele realizou tal feito? É o que vamos relatar agora!

Câmara Cascudo resgatou história que seu pai teve participação direta (Foto: reprodução BCS)

A vocação religiosa de Joaquim Ramalho surge ainda na infância, influenciado por leituras como a bíblia, a ‘Missão Abreviada’ dos padres capuchinhos e a obra de Alan Kardec. Teria sido educado e alfabetizado por um antigo professor que morou na região.

Era assíduo às missas na então Vila do ‘Triumpho’, hoje, Campo Grande.  Acólito do padre local, aos domingos descia a serra para a celebração. Cresceu tendo o catolicismo como doutrina, mas também adepto do espiritismo kardecista.

Joaquim Ramalho estava com 32 anos, homem feito e casado, quando falece aos 80 anos, o padre da então Vila do ‘Triumpho’, Manuel Bezerra Cavalcante.  A morte do velho vigário deixa uma lacuna na comunidade. Neste período em diante, Joaquim Ramalho se aprofunda nos estudos do ‘Kardecismo’. Passa dias em meditações prolongadas. Era um homem circunspecto, parecia estar se preparando para uma “missão divina”.

Fenômeno

Passados 04 anos da morte do vigário velho, Joaquim Ramalho se apresenta com revelações místicas ao contemplar os finais de tarde no alto da serra.  Tem crises de convulsões, cai ao chão e entra em transe ao pôr do sol.  Passa a cantar ladainhas e proferir sermões com grande eloquência e autoridade. Ao retornar da vertigem dizia não se lembrar de nada.

O fenômeno se repetiu por tardes seguidas, e no curso das epifanias celebrou missas na sua própria casa, numa espécie de hibridismo religioso. Ao tempo em que as pessoas já o viam como novo pregador daquela região. “A notícia alastrou-se como um relâmpago.  De todas as tocaias da serra, homens e mulheres correram a ver o prodígio.  Vieram presentes.  Vieram   adeptos”, rlatou Câmara Cascudo em artigo de 1924 denominado ‘Os Fanáticos da Serra de João do Vale’.

Durante as celebrações as pessoas se reuniam em volta de uma mesa de flores e uma esteira de palha com lençol branco onde Joaquim Ramalho proferia o sermão e dava conselhos aos devotos à sua volta.

O escritor João Ramalho registrou em seu livro ‘O Beato da Serra de João do vale’, que em questão de meses a localidade se constituiu num ajuntamento de romeiros. “Dos brejos da Paraíba, do Agreste e do Sertão deste Estado e do Ceará, afluíram à serra de João do Vale, levas e levas de romeiros, para assistir as missões e os prodígios do santo homem. E até do interior de Pernambuco veio gente em romaria”.

A essa altura a serra de João do Vale se torna um santuário místico religioso. Os ritos e liturgias eram constantes e as pessoas não paravam de chegar. Em seus relatos, Câmara Cascudo ainda reitera a influência da devoção empregada por Joaquim Ramalho: “Dia e noite ecoava pela serra as ladainhas, as litanias, os responsos, novenas, uma infinidade de exercícios religiosos”.

A revista Mobral de 1984 também aborda uma passagem do movimento em seu ápice: “As oferendas se multiplicavam. Gente vinha em peregrinação de léguas e léguas de distância. Eram tantos os presentes que nem o chiqueiro comportava mais. Barracas surgiram ao redor do templo doméstico”.

Não há relatos de milagres, apenas a empatia do povo com a pregação do beato que de maneira especial se portava como líder religioso. “O que havia era a palavra de caridade, reconfortante àquela gente desvalida. Sua pregação magnetizava as massas. Dizia ele falar pela boca do Padre Manuel Bezerra”. Conta o escritor João Ramalho. Seria um caso de mediunidade?

Gente da serra, da fé… gente que conta a história

Severina Ramalho (sobrinha-bisneta do beato) 65; Alzira Silva (moradora que acredita em milagres do beato), 71; escritor João Ramalho (falecido há poucos dias) tem livro sobre movimento e Seu' Virô ( avó foi beata), 90 (Fotos: Adriano Pinheiro e Francinildo Silva)

Câmara Cascudo relata que em abril daquele ano, “Joaquim Ramalho era o senhor em trinta léguas derredor”, bem como sua pregação penetrara os sertões em santas missões populares. “Ganharam terreno.  Desceram por toda a zona do Paraú.  Agora, em certos dias, com velas acesas, vagarosamente, a multidão descia para terços e novenários em lugarejos vizinhos, cantando benditos”.

Diferentemente do Conselheiro de Canudos, Joaquim Ramalho não contestava a República, nem tocava em política. Sua vocação era meramente devocional.  Andava pelas estradas com seus seguidores visitando sertanejos pobres.

Em suas incursões, rezava missas a céu aberto, batizava e dava comunhão, confessava fiéis e concedia extrema-unção aos enfermos. Era um sacerdote sem o aval da igreja, “resgatando” vidas em sofrimento.

O CARÁTER SACRO DE JOAQUIM RAMALHO era um entendimento comum entre os sertanejos.  É o que assinala Câmara Cascudo: “Cangaceiros afoitos, vaqueiros destemidos, ajoelhavam, rezando, batendo no peito, olhos baixos quando, estático e absorto em contemplações superiores, Joaquim Ramalho passava, abençoando-os”.

E a multidão de devotos era cada vez maior. Em Agosto daquele ano, já havia para mais de mil seguidores habitando a serra de João do Vale. “Com o passar dos dias, um arraial crescia enquanto a vida ia se desorganizando ao redor. Lavradores e vaqueiros largavam o serviço para andar cantando, com uma vela na mão, acompanhando Joaquim Ramalho. Vestido num chambre branco de chita”, descreve Cascudo em ‘Os Fanáticos da Serra de João do Vale’.

O receio de que aquele movimento poderia eclodir numa revolta aos moldes de Canudos, passou a incomodar os chefes políticos da época. Outra insatisfação era a queda de rendimentos das lavouras com a perda de mão de obra. Lavradores deixaram as fazendas para seguir a vida religiosa no alto da serra e viver da própria plantação.

Apesar de que, segundo os registros históricos, Joaquim Ramalho nunca empreendeu uma organização social. O ajuntamento se dava de forma espontânea e  aleatória, na medida em que os sertanejos foram assentando.

Denúncia e fim do movimento

Os coronéis e senhores de terras, Tito Jácome, Luiz Florêncio e Vicente Veras, com fins de debelar o movimento, denunciaram Joaquim Ramalho ao então governador da província, Joaquim Ferreira Chaves Filho (primeiro governador do RN eleito pelo voto), sob acusação de subversão da ordem pública, prática de curandeirismo e baixo espiritismo.

Ferreira Chaves: ordem cumprida (Foto: reprodução)

Em agosto de 1899, com a ordem de prisão em mãos, o tenente Francisco Justino de Oliveira Cascudo (pai do folclorista Câmara Cascudo) e chefe de policiamento do interior, mais 22 soldados da Polícia Militar, devassaram a serra de João do Vale, queimaram palhoças, derrubaram o altar, rasgaram a esteira e prenderam seguidores. Outros mais atentos conseguiram escapar do cerco policial ao se esconderem nos socavões da serra.

O beato e seu acólito Sabino José, mais um grupo de devotos, entre eles a cega Justina, estavam em ‘santas missões’ celebrando uma missa na fazenda pitombeiras, quando foram surpreendidos pela tropa. Alguns homens tentaram reagir, mas o beato interveio e entregou-se pacificamente. Joaquim Ramalho era tido como pessoa pacata e bondosa, não queria luta. Não era adepto da violência. Vivendo no meio da força, não a quis empregar”, pontuou Cascudo.

Foi levado à cadeia pública de Mossoró, tiveram as cabeças raspadas. Sabino José por ser mestiço, ainda levou uma surra por “obra de misericórdia”, como apontam os registros históricos. Já Joaquim Ramalho que era branco, não sofreu agressão.

Ambos submetidos ao interrogatório, foram obrigados a negar o movimento em troca da liberdade, mesmo que mantê-los presos tenha se tornado inconsistente, pois as acusações não prosperaram. Não pregavam contra a república, nem impuseram resistência à força policial. Concluiu-se que não havia crime.

Assinaram compromisso legal de jamais retomar atividades de cunho religioso entre o povo sertanejo e foram liberados dias depois.

Sabino José desapareceu e nunca mais se teve notícias. Enquanto Joaquim Ramalho, como era casado e tinha família, retornou à sua casa ficando meses incomunicável. Foi levado por parentes até a presença de padre Cicero Romão em Juazeiro do Norte no Ceará, onde se confessou e recebeu uma benção do “Santo do Horto”.

Joaquim Ramalho estava envergonhado por não poder mais exercer sua vocação religiosa como queria. Ao retornar de Juazeiro, não mais regressa à serra. Vai morar no sertão, na fazenda Malhada Vermelha em Campo Grande, onde cria a família na agricultura.

Continuou servindo a religião, desta feita de forma oficial. Foi nomeado membro do Apostolado da Oração da Paróquia de Nossa Senhora Santana naquela cidade. Frequentava a missa aos Domingos, uma vez por mês e assim permaneceu por 26 anos. Nunca mais falou sobre o movimento messiânico.

Livro de João Ramalho é o único que trata do movimento (Reprodução BCS)

Como de costume, caminhava taciturno e solitário por 20 quilômetros da fazenda onde morava até a igreja matriz. Num desses trajetos, nas imediações da serra do Cuó, foi picado por uma cobra cascavel e sem assistência médica não resistiu aos efeitos do veneno. Faleceu no dia 26 de Março de 1925, aos 63 anos de idade.

O escritor João Ramalho resumiu em seu livro a importância do movimento histórico e a figura do beato para os sertanejos pobres daquela região:

–  “Foi ele assim o precursor de uma doutrina mística, buscando através da contemplação, ir até o profundo do seu ser, para retornar ao seu estado natural, agora como um homem sábio, filósofo, bondoso, orientador e catequizador a quantos desejassem ouvi-lo em nome de Deus”.

Esquecimento histórico

Desconhecido da historiografia, pouco se escreveu sobre esses acontecimentos. Talvez a intenção da elite letrada da época fosse mesmo deixar o evento cair no esquecimento.  Somente em 1924 Câmara Cascudo publica o livro ‘Histórias que o Tempo Leva’, e dedica um capítulo ao registro dessa narrativa, com o título “Os Fanáticos da Serra de João do Vale”.

O texto é baseado nos relatos do pai do próprio autor, o tenente Francisco Justino Cascudo, responsável pela tropa que dispersou os devotos e prendeu Joaquim Ramalho.

Entre 1938 a 1940, as edições da Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte reproduzem o ensaio de Cascudo sobre o movimento messiânico.

Em 09 de Fevereiro de 1941, com a colaboração do pesquisador Hugolino de Oliveira, sobrinho do beato, Câmara Cascudo volta a publicar um novo artigo, desta vez no Jornal do Comércio do Rio de Janeiro.

Em 1973, Tarcísio Medeiros abordou o fato em seu livro “Aspectos Geopolíticos e Antropológicos do Rio Grande do Norte”.

Em 1984 a Coleção Livro Reportagem do MOBRAL relata o protagonismo de Joaquim Ramalho na Serra de João do Vale.  E por fim em 1998, o escritor João Ramalho dissecou o evento com mais profundidade em seu livro “O Beato da Serra de João do Vale”.

Atualmente, professores, estudantes e pesquisadores do curso de história da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) estão debruçados sobre esse movimento messiânico como objeto de estudo.

Documentário trata do tema

Documentário foi produzido em 2019 e ainda será lançado, mostrando história do messianismo na serra (Foto: Everton Maia)

Em 2019, gravamos na própria serra de João do Vale o documentário ‘Messiânicos’, com participação de moradores, historiadores locais e descendentes do beato Joaquim Ramalho.  A pandemia do coronavírus impediu o lançamento nesses primeiros meses de 2020, adiando essa pretensão.

Depois de 121 anos, será a primeira obra audiovisual com resgate dessa memória.  Uma iniciativa que temos alegria de compartilhar com os moradores da serra, estudiosos, historiadores, pessoas de todos os matizes sociais que se interessam pelo tema.

Leia também:

Serra de João do Vale, um destino a ser descoberto no RN;

Serra de João do Vale tem marcas de disputas coloniais.

Veja trailler do documentário “Messiânicos”:

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sábado - 18/07/2020 - 23:58h

Pensando bem…

“Cuidado com a esterilidade de uma vida agitada”.

Sócrates

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sábado - 18/07/2020 - 16:46h
Saúde

Câmara receberá prestação de contas quinta-feira

Sistema remoto será usado novamente (Foto: Edilberto Barros)

A Câmara Municipal de Mossoró realizará audiência pública remota, quinta-feira (23), às 9h, para prestação de contas da Saúde. Na reunião online, a Prefeitura apresentará o balanço do 3º quadrimestre de 2019.

A audiência pública é exigência legal e será transmitida pela TV Câmara Mossoró (canal 23.2 TCM) e pelo Portal Câmara Mossoró (www.mossoro.rn.leg.br), ao vivo, e reapresentada pela emissora.

Por precaução à Covid-19, estarão no plenário apenas vereadores (a) da mesa diretora da Câmara, servidores da Secretaria Municipal de Saúde e técnicos da Legislativo. Os demais participarão remotamente.

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sábado - 18/07/2020 - 15:26h
AL

Solidariedade para carentes tem dia definido em lei

Ubaldo: autoria (Foto: reprodução)

De autoria do deputado Ubaldo Fernandes (PL), o Diário Oficial do Estado publicou nesta a Lei n° 10.752, instituindo o Dia do Desapego Solidário no Rio Grande do Norte.

A iniciativa parlamentar inclui no calendário oficial de eventos do RN um dia mensal para arrecadação e doação de objetos que poderão servir para famílias carentes, entidades e instituições sem fins lucrativos, cujas atividades são em defesa das minorias e dos necessitados.

“O dia 19 foi escolhido para lembrarmos desta crise mundial provocada pela pandemia da Covid-19. A ideia é promover na sociedade uma educação solidária duradoura, através do descarte consciente de objetos em condições adequadas de reutilização”, explica Ubaldo Fernandes.

Pela nova lei, os objetos considerados para doação incluem brinquedos, peças de vestuário, eletroeletrônicos, eletrodomésticos, móveis, livros, colchões, peças de cama, mesa e banho, utensílios domésticos e sobras de materiais de construção em condições de reutilização, desde que possam ser recolhidos manualmente, sem o auxílio de equipamentos.

Com informações da Assembleia Legislativa do RN

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Categoria(s): Política
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sábado - 18/07/2020 - 10:34h
Brasil

RN alcança 2º lugar em redução de óbitos por Covid-19

A governadora Fátima Bezerra informou nessa sexta-feira (17), que o Rio Grande do Norte tem uma redução expressiva no número de mortes por Covid-19. Os números mostram o segundo lugar em todo o país com 43% de redução (primeiro foi Roraima). Os dados foram divulgados pelo consórcio de veículos de imprensa do país, que reúne informações das secretarias estaduais de Saúde.

Fátima pondera que cuidados devem continuar (Foto: Elisa Elsie)

“Isso é fruto do trabalho que estamos realizando, garantindo uma rede de leitos de UTI e clínicos – mais de 500 – o que tem possibilitado assegurar a assistência à saúde”, afirmou a chefe do Executivo estadual na entrevista coletiva para atualização dos dados epidemiológicos e das ações da administração estadual no enfrentamento à pandemia.

Fátima Bezerra se referiu também às reduções da taxa de transmissibilidade para menos de 1 e da ocupação de leitos críticos que permitiram a retomada gradual das atividades econômicas de forma segura e responsável. No entanto, a governadora ponderou:

– “Temos bons resultados, mas a pandemia não acabou. Por isso conclamamos mais uma vez os trabalhadores, empresários e a sociedade de forma geral a continuar somando esforços e cumprindo as normas sanitárias e de proteção. Não temos ainda a vacina. Todos os cuidados continuam sendo necessários para voltarmos à normalidade”

O coordenador do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde LAIS/UFRN e membro do Comitê Científico de assessoramento ao Governo do Estado, Ricardo Valentim confirma a redução na contaminação e na demanda por leitos críticos e clínicos.

“Mesmo com a retomada das atividades econômicas observamos que a taxa de isolamento se mantém e isso pode ter contribuído para a menor ocorrência de casos. Mas ainda não é momento para relaxar nas medidas sanitárias e de proteção”, orientou.

Veja AQUI números atualizados da Covid-19 no país.

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Categoria(s): Administração Pública / Saúde
sábado - 18/07/2020 - 09:52h
Alerta

Vereador tem nome usado em tentativa de golpe financeiro

Em um dos diálogos pede R$ 800 (Reprodução cedida)

O vereador de Mossoró Petras Vinícius (DEM) é mais uma vítima de crime cibernético. Em conta falsa no aplicativo Whatsapp, golpista usa foto e nome do parlamentar, em conversas para pedir dinheiro.

“Estão usando o número 98191-9112 (não pertence ao vereador), passando-se por mim e pedindo favores financeiros. Se entrarem em contato, ignore, não responda. É golpe. Já estamos tomando as devidas providências”, avisa em contato com o Blog Carlos Santos.

Petras apurou que outras pessoas já foram vítimas do mesmo crime. “Uma blogueira de Mossoró me contou que o mesmo número também usou a foto dela, anteontem, para pedir dinheiro”, relata.

Com uso de seu nome, já foi informado de mais de um caso pessoas abordadas com pedidos de empréstimos em valores distintos (R$ 800,00; R$ 1,5 mil). “Até aqui, creio que ninguém caiu”, estima.

Eles lamenta o uso de tecnologias digitais para crimes, e orienta desconfiança em qualquer pedido de dinheiro pela Internet. Segundo ele, todos estamos vulneráveis a golpes na Web.

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Categoria(s): Política / Segurança Pública/Polícia
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sábado - 18/07/2020 - 08:36h
Economia

Vereadora propõe apoio ao setor comercial local

Izabel: força à economia (Foto: Edilberto Barros)

Preocupada com o impacto da Covid-19 na economia, a presidente da Câmara Municipal de Mossoró, Izabel Montenegro (MDB), requer reunião online com a Associação Comercial e Industrial de Mossoró (ACIM), Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e Sindicato do Comércio Varejista de Mossoró (SINDIVAREJO).

A ideia é discutir campanha de incentivo ao consumo de produtos fabricados em Mossoró.

O requerimento nesse sentido (218/20) foi aprovado na Câmara, terça-feira (14), e enviado às entidades de classe. “O consumo de produtos locais preserva empregos, gera divisas, apoia a indústria e o comércio. Temos que despertar isso no consumidor de Mossoró”, justifica.

Renegociação

A vereadora também defende reunião on-line, com a Prefeitura, para facilitar adesão ao Programa de Recuperação de Créditos Tributários (REFIS) – regularização de empresas inadimplentes. Esse requerimento (219/20) também foi aprovado terça-feira. A renegociação de dívidas, segundo ela, devolve capacidade de crédito.

Com informações da Assessoria de Izabel Montenegro.

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Categoria(s): Política
sexta-feira - 17/07/2020 - 23:58h

Pensando bem…

“Comece com o que é certo ao invés do que é aceitável.”

Franz Kafka

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sexta-feira - 17/07/2020 - 23:10h
Pandemia

Hermano propõe indenizações a profissionais da Saúde

Morais: preocupação (Foto: reprodução)

Por meio de requerimento apresentado à Mesa Diretora da Assembleia Legislativa, o deputado Hermano Morais (PSB) propôs ao Governo do Estado que viabilize indenizações a serem pagas aos profissionais e trabalhadores de Saúde, incapacitados permanentemente para o trabalho, após serem contaminados pela Covid-19. De acordo com o parlamentar, a medida busca beneficiar as categorias que atuam na linha de frente do combate à pandemia.

“Acreditamos que tal medida protegerá os verdadeiros heróis na luta contra o coronavírus, e seus familiares, e por isso pedimos urgência ao Executivo Estadual, por intermédio da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sesap), no atendimento a este pleito”, justifica Hermano.

A compensação proposta deve valer para profissionais da saúde, de nível superior e técnico, agentes comunitários e outras profissões que auxiliam ou prestam serviço de apoio presencialmente nos estabelecimentos de saúde, como de serviços administrativos, de copa, de lavanderia, de limpeza, de segurança e de condução de ambulâncias, assim como a trabalhadores de necrotérios, coveiros, fisioterapeutas, nutricionistas, assistentes sociais e trabalhadores de laboratórios.

No caso de óbito do profissional, o valor da indenização deverá ser pago ao seu cônjuge/companheiro, aos seus dependentes e aos seus herdeiros necessários.

Com informações da Assembleia Legislativa do RN.

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Categoria(s): Política / Saúde
sexta-feira - 17/07/2020 - 22:47h
Covid-19

RN chega a 1.526 óbitos; veja evolução dos números

Veja abaixo dados atualizados pelo Instituto Consult, sobre óbitos causados pela Covid-19.

Segundos dados oficiais informados pela Secretaria de Estado da Saúde Pública (SESAP/RN), o RN chegou a 1526 vítimas fatais, sendo 10 nas últimas 24h. Existem 214 em investigação.

Confirmados: 41.303

Suspeitos: 53.748

Descartados: 64.246

Natal tem 641 óbitos confirmados, Mossoró soma 157, Parnamirim chegou a 111 e Areia Branca se mantém como a maior média de mortes por 100 mil habitantes, com 47 registros.

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Categoria(s): Saúde
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sexta-feira - 17/07/2020 - 21:46h
Drive-thru

Prefeitura divulga resultado de testagem rápida para Covid-19

A Prefeitura Municipal de Mossoró divulgou resultado final do Drive Thru Covid-19 na Estação das Artes Elizeu Ventania em Mossoró, ocorrida nessa sexta-feira, para testagem rápida contra o coronavírus.

Veja no banner acima com os dados conclusivos. Segundo a municipalidade através de sua Secretaria Municipal de Saúde, 3,08% tiveram dados positivo. A providência imediata é de encaminhamento às unidades sanitárias da PMM para rápido acompanhamento.

No trabalho inicial, conforme publicado pelo Blog da Chris e reproduzido por essa página, o índice chegava a 25%.

A própria secretária municipal de Saúde, enfermeira Saudade Azevedo (veja print abaixo):

Saudade atesta informação parcial e mostra que houve reordenamento das informações (Print: BCS)

Em Natal, os primeiros quatro drive-thru realizados pela municipalidade atingiram 30%, 21,18%, 22% e 25% de casos positivos. Era exatamente o quadro que apresentava Mossoró nessa sexta-feira, na informação preliminar.

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Categoria(s): Saúde
sexta-feira - 17/07/2020 - 19:48h
Jornalismo

Mais uma vítima da Covid-19

José Paulo: 78 anos e atuante (Foto: Band)

O jornalista e radialista José Paulo de Andrade é mais uma vítima da Covid-19.

Ele morreu nessa sexta-feira (17).

Tinha 78 anos de idade.

Atuava no sistema Band.

Ele estava internado no Hospital Albert Einstein.

Que descanse em paz.

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Categoria(s): Comunicação
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sexta-feira - 17/07/2020 - 18:34h
Justiça e MP

Por ‘declínio de competência’, 32 presos vão ganhar liberdade

O juiz de direito da 1ª Vara Criminal da Comarca de Mossoró, Vagnos Kelly Figueiredo de Medeiros, determinou o relaxamento de prisão “de todos os indiciados presos e com prisões decretadas”, que foram alcançados por operação desencadeada no dia 14 de maio deste ano, em Mossoró.

Policiais realizaram operação no dia 14 de maio, após densa investigação da Denarc (Foto: Inter TV Cabugi)

Investigações da Delegacia Especializada em Narcóticos (DENARC) de Mossoró fez trabalho de para desmontar organização envolvida em série de homicídios, roubos e tráfico de drogas.

Na ocasião, policiais civis, militares e da Polícia Rodoviária Federal (PRF) saíram em cumprimento a 29 mandados de prisão e outros 26 de busca e apreensão.

Foram indiciadas 32 pessoas, que estão presas cautelarmente.

A decisão judicial decorre do fato do Ministério Público perante a 2ª Vara Criminal da Comarca de Mossoró, onde tramitou inquérito, ter deixado de oferecer denúncia. Opinou apenas no dia 30 de junho último (mais de um mês após as primeiras prisões) pelo “declínio de competência”.  Simplificando: não lhe caberia a tarefa.

Nulidade

O Tribunal de Justiça do RN (TJRN) acabou designando no dia passado (quinta-feira, 16), o magistrado Vagnos Kelly para tomar as medidas urgentes. Os presos devem ser libertados, mesmo com carregadas acusações sobre eles, porque não foram formalizadas denúncias dentro de prazos estabelecidos por lei.

De acordo com o rito específico, o MP deveria ter se manifestado no máximo em dez dias. Não o fez.

E ainda há possibilidade de que todos os atos judiciais tomados até então, como as próprias prisões, sejam consideradas nulas.

Nesse vácuo, o juiz Vagnos Kelly simplesmente terá que cumprir a lei. Vários dos presos estão há mais de 60 dias atrás das grades, com investigação concluída e sem qualquer denúncia formal. Isso caracterizaria “constrangimento ilegal por excesso de prazo na prisão”.

Nota do Blog – Resumo da tragédia: um trabalho investigativo árduo e uma ação policial de alto risco, simplesmente são implodidas. Fechem as portas. Mais uma razão para não sair de casa.

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Categoria(s): Justiça/Direito/Ministério Público / Segurança Pública/Polícia
sexta-feira - 17/07/2020 - 16:44h
Assembleia Legislativa

MP denuncia ex-governador e mais 10 pessoas por desvios

O Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) denunciou o ex-governador Robinson Faria (PSD) e outras 10 pessoas por peculato. O crime teria sido cometido entre os anos de 2008 e 2010, época em que o ex-governador era presidente da Assembleia Legislativa potiguar.

Ao todo, em valores corrigidos, as fraudes chegam a R$ 3.735.497,05. Dois dos réus também foram denunciados por lavagem de dinheiro.

Antes de ser governador e vice-governador do RN, Robinson passou pela presidência da AL do RN (Foto: arquivo)

A denúncia é resultado da Operação Croupier (veja AQUI), deflagrada pelo MPRN em 25 de junho do ano passado. A ação foi um desdobramento da Operação Dama de Espadas, que também apurou fraudes na ALRN.

De acordo com as investigações do MPRN, o ex-secretário Administrativo da Assembleia Rodrigo Marinho Nogueira Fernandes usou parte do dinheiro desviado para pagar os salários de empregados e insumos do haras turístico Capiba, de propriedade dele, na Grande Natal. Rodrigo também é réu no processo da operação Dama de Espadas, deflagrada em agosto de 2015 pelo MPRN, sendo considerado integrante do núcleo principal da organização criminosa investigada naquela época.

Rodrigo Marinho contava com o apoio de Francisco Cardoso de Oliveira Neto, que era responsável por arregimentar servidores fantasmas para serem inseridos na folha de pagamento da Assembleia Legislativa. O esquema fraudulento se dava mediante a inserção de servidores fantasmas na folha de pagamento da Assembleia Legislativa para desviar dinheiro público.

Ninguém trabalhava

Esses servidores, que efetivamente não trabalhavam, tinham, em sua maioria, um grau de instrução baixo. Eles devolviam praticamente todo o salário recebido para Francisco Cardoso, que repassava os montantes para Rodrigo Marinho.

A denúncia foi recebida pela 6ª Vara Criminal de Natal. Além de Robinson Faria, Rodrigo Marinho e Francisco Cardoso, são réus na ação: Karina Cordeiro do Nascimento Cardoso, Maria Helena Cordeiro do Nascimento, Gilmara Dantas do Nascimento, Maria Cristina dos Santos, Luciene Ramalho da Silva Pereira, Lucimara Ramalho da Silva, Sebastião Alves de Oliveira e Maria Juzilene de Oliveira Sousa.

Rodrigo Marinho: aposentadoria na AL (Foto: Arquivo BCS)

Leia também: Assembleia tenta aposentar mais um envolvido em escândalo.

A partir de documentos encontrados na casa de Rodrigo Marinho quando foram cumpridos os mandados de busca e apreensão da Operação Dama de Espadas, o MPRN passou a investigar os desvios praticados pelo “grupo de Pirangi do Norte”, distrito de Parnamirim, uma vez que várias pessoas identificadas nos documentos residiam em uma mesma localidade – algumas, na mesma casa. O ex-secretário Administrativo era tido como o “financeiro” da ALRN e da organização criminosa, integrando o topo da estrutura organizacional do Legislativo Potiguar.

Era ele quem controlava e emitia os cheques para pagamento de servidores da Casa Legislativa e fornecedores.

Rodrigo Marinho, de acordo com o que foi apurado pelo MPRN, possuía um grupo de pessoas por ele arregimentadas para o esquema criminoso, inserido na folha de pagamento da Assembleia Legislativa. Além disso, também arrecadava do esquema criminoso operado pela ex-procuradora Geral da Assembleia, Rita das Mercês, de quem era sócio no escritório R&R Advocacia.

Veja a denúncia na íntegra clicando AQUI.

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Categoria(s): Justiça/Direito/Ministério Público / Política
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sexta-feira - 17/07/2020 - 15:48h
Covid-19

Testagem mostra alto índice de contaminação em Mossoró

O Drive Thru Covid-19 na Estação das Artes Elizeu Ventania em Mossoró, para testagem rápida contra o coronavírus, tem números iniciais que assustam.

Houve engarrafamento para acesso ao local e grande tumulto no trânsito em área central da cidade (Foto: PMM)

Pelo menos um quarto das pessoas apresentou o vírus, noticia o Blog da Chris. Dos 900 primeiros materiais coletados, 25% apresentaram carga viral.

Paralelamente, muitas queixas à obstrução de várias ruas e avenidas no centro, causando engarrafamentos.

Começou às 8h e vai até às 18h ou fim do estoque disponibilizado pela Prefeitura de Mossoró (veja AQUI).

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Categoria(s): Saúde
sexta-feira - 17/07/2020 - 12:24h
Opinião

“Lei seca” ilegal

Por François Silvestre

Uma coisa é o isolamento. A ser mantido, por força das circunstâncias, encontra amparo na racionalidade.

Outra coisa é flexibilizar com cautelas racionais. Princípio do razoável. Distanciamento, máscara, não permitir aglomeração, distância entre mesas e controle de higiene. Ter álcool disponível para usuários e desinfetação de utensílios, tais como pratos, copos, cardápios. Até aí é o razoável, ou melhor, o obrigatório.

Agora, não se pode ir além da legalidade. Ou como disse Apeles, o pintor grego, ao sapateiro que apontou erro numa sandália pintada. Ao ver o pintor corrigir a fivela do calçado, o sapateiro animou-se a sugerir outras modificações. Ao que Apeles repreendeu: “Sapateiro, não vá além das sandálias”.

Não há lei vigente que proíba o consumo de bebidas alcoólicas em bares ou restaurantes. E o que não é proibido por lei não pode ser proibido pelo poder públicoAbre ou não abre, tudo bemMas se abrir não pode interferir na escolha do consumo de comida ou bebida.

Quem disse que bebida alcoólica interfere na transmissão do vírusImbecilidade notória. Ilegalidade de plano.

Muitos restaurantes não abrirão. Se eu for a algum restaurante levarei a cerveja no táxi e tomarei lá. Espero ser preso.

Mandam passar álcool nas mãos, nas virilhas, no fiofó. Mas não se pode ingerir álcool? Minha gente, a estupidez e a hipocrisia também contaminam. Vão ser imbecis assim no Nepal. E me desmintam com explicação racional que eu retirarei esta postagem.

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Categoria(s): Opinião
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