– Olha lá a Mulher Melancia! – comenta um homem com seu colega.
Viro-me no saguão do Aeroporto de Congonhas e vejo ao longe, de costas, três mulheres com bundas descomunais.
– Como você sabe que é ela? – pergunta o rapaz ao amigo.
A pergunta faz sentido. Eram três mulheres de costas. Três bundas, todas assemelhadas.
– De frente, eu talvez não reconhecesse – brinca ele. – Mas desse ângulo não tem erro.
Ele estava convicto. Esqueci do assunto e fui tomar um capuccino na Kopenhagen. Uma das atendentes estava eufórica.
– A Andressa passou por aqui. Fui lá tirar foto com ela!
Com que então era mesmo a Mulher Melancia. Dia desses chegou a biografia de Enoli Lara, que no desfile na União da Ilha de 1989 protagonizou um nu frontal, provocando a proibição da "genitália desnuda" no carnaval.
Ela é uma das precursoras das mulheres-fruta, ao lado de Rita Cadillac e Gretchen. Não por acaso a contracapa de "Trilogia do prazer – A sacerdotisa do sexo" estampa o bundão dela. Certa vez Tonia Carrero apresentou-a a Verissimo:
– Você agora vai conhecer uma bunda pensante.
Ela protagonizou um processo inédito na Justiça por uso indevido de imagem. À sua revelia, fotografaram-na de costas, na praia. A imagem de biquíni foi parar num comercial do antigo Banerj.
Enoli processou a agência, mas a empresa exigiu que ela comprovasse que era ela, já que não se via o rosto. Seu advogado requisitou o serviço de um cirurgião plástico, que fez fotografias médicas, semelhantes à foto do anúncio, com o mesmo biquíni e na mesma praia.
Em seguida, foi feito um estudo comparando os fotos com a propaganda, ficando caracterizado que tinham "características anatômicas similares". Ou seja, era a mesma bunda.
O processo criou jurisprudência: "Assim se compreende como imagem não apenas o semblante, mas partes distintas do corpo", escrevem Álvaro Antonio do Cabo e Notaroberto Barbosa em "Direito à própria imagem".
No caso da Mulher-Melancia o sujeito nem precisou recorrer a um especialista para afirmar que era ela.
Mauro Ventura é jornalista de O Globo.
Estas mulheres “rabudas” estão criando um espécime masculino, com tendência sadomaquista, denominado de ‘BUNDOMANÍACOS”, ao ponto de que, quando estão num embate sexual, “desprezam” a fruta principal para “saborearem” as calipígias. O diabo é que, segundo renomados sexólogos, estes contumazes “artistas” terminam enveredando pelo caminho que, no rude linguajar sertanejo, costuma-se referenciar-se como “Queimar sola”.