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domingo - 14/07/2024 - 11:20h

A sucessão no maior colégio eleitoral do RN

Por Túlio Lemos

Carlos, Paulinho, Natália e Rafael estão numa disputa cheia de nuances (Fotomontagem do BCS)

Carlos, Paulinho, Natália e Rafael estão numa disputa cheia de nuances (Fotomontagem do BCS)

O pleito de 6 de outubro em Natal será disputado predominantemente por ex-aliados. Até o momento, são sete pré-candidaturas postas, sendo quatro nomes mais expressivos e com histórico político-eleitoral: Carlos Eduardo (PSD), Paulinho Freire (UB), Natália Bonavides (PT) e Rafael Motta (Avante).

Comecemos pelo ex-prefeito Carlos Eduardo, que governou Natal em quatro oportunidades. Na história recente da capital, é o político com mais tempo de gestão no executivo natalense.

O filho de Agnelo Alves (in memoriam) tem suas gestões como vitrine e ele já começou a mostrar o que fez quando governou Natal. Os pontos positivos serão explorados à exaustão, para consolidar a imagem do bom gestor. O líder atual das pesquisas também tem a seu favor o fato de não ter sua imagem respingada por desgaste de nenhuma liderança, seja municipal, estadual ou federal.

Se o eleitor estiver chateado com o prefeito Álvaro Dias (Republicanos), não atinge Carlos Eduardo; se estiver aborrecido com Fátima Bezerra, também não atinge o filho de Agnelo; e, se reprovar a gestão de Lula (PT)  ou repelir Jair Bolsonaro (PL), Carlos Eduardo também não será atingido. O eleitor vai votar ou deixar de votar em Carlos Eduardo sem nenhuma influência externa. Será o voto dele ou contra ele.

Como pontos negativos estão a reprovação de suas contas pelo Tribunal de Contas do Estado do Estado do RN (TCE/RN). O ex-gestor pretende pedir ao eleitor um novo mandato, mas o órgão técnico diz que suas administrações foram reprovadas, inclusive pelo fato de investir menos recursos na Educação do que a legislação determina.

Os movimentos pendulares de Carlos Eduardo também serão lembrados pelos adversários, para mostrar sua instabilidade política e ausência de definição ideológica. Ele já foi Lula, Bolsonaro, Fátima e Álvaro; já foi contra Fátima, contra Lula, contra Bolsonaro, contra Álvaro e até se afastou da família, que abriu as portas para sua carreira no Executivo.

Paulinho Freire é o candidato com maior respaldo político da atual eleição. Conta com 20 dos 29 vereadores da capital, cinco partidos, o prefeito de Natal, além de deputados estaduais, federais e dois senadores. Por enquanto, esse conjunto de apoio político de peso não fez com que a candidatura de Freire subisse numa velocidade mais visível. Mas ele consolidou o segundo lugar e poderá cresce mais pela capilaridade que os apoios lhe darão quando a campanha começar.

Os pontos negativos da candidatura de Paulinho são os mesmos que também são considerados positivos: os apoios políticos. Com Álvaro em desgaste, atinge diretamente a pretensão de Freire; sua vinculação ao bolsonarismo, atende à Direita, mas lhe tira votos do Centro; sua postura moderada está sendo desgastada por votações vinculadas à extrema-direita. Seu grande malabarismo vai ser chegar ao eleitor do Centro sem afugentar o eleitorado mais radical do bolsonarismo.

A deputada federal Natália Bonavides tem um perfil bacana para ser trabalhado: jovem, bonita, inteligente, carismática. No último pleito, obteve mais de 50 mil votos em Natal, o equivalente a 12% do eleitorado da capital. É um acervo importante para uma largada majoritária.

Álvaro é um prefeito que já esteve com Carlos e Rafael ao lado e agora apoia Paulinho (Foto: autor não identificado)

Álvaro já esteve com Carlos e Rafael e agora apoia Paulinho (Foto: autor não identificado)

Natália, assim como Paulinho, precisa usar um engenhoso malabarismo para conquistar o eleitor que admira Lula, sem perder o eleitor que reprova Fátima. Não será uma tarefa fácil. Outro ponto negativo da parlamentar é a passividade com cheiro de arrogância, que permeia sua atuação. Ela permitiu que sua imagem fosse desconstruída sem a menor preocupação em reparar os danos causados.

Seu perfil precisa ser refeito aos olhos do eleitor, que em boa parte enxerga alguém que apoia e incentiva invasão de prédios públicos e propriedades privadas, é a favor da legalização das drogas e da liberação total do aborto, entre outras situações que não foram rebatidas e se consolidou como uma imagem pronta e acabada de alguém imatura para exercer o comando da capital.

Rafael Motta tem um perfil leve para ser trabalhado. Se tivesse sido escolhido como o candidato do prefeito Álvaro Dias, já teria subido mais do que Paulinho alcançou. Carismático, se expressa bem, não contabiliza desgaste e tem uma imagem limpa.

Sua maior dificuldade é a ausência de respaldo das forças políticas. Num gesto inesperado, trocou um partido forte no aspecto político, com fundo partidário expressivo, por outro sem identificação de qualquer liderança de peso na política nacional e um caixa sem grandes atrativos. Além disso, sua passagem pelo secretariado do prefeito retirou o discurso de oposição.

O crescimento de Rafael está vinculado à forma como ele vai chegar ao eleitorado. Quando ele fala, se deixa escutar pela população, o quadro referente à percepção da imagem pelo eleitor muda sensivelmente.

Há um outro detalhe em relação a esses quatro nomes. De alguma forma eles já estiveram juntos, de maneira direta ou indireta.

Carlos Eduardo já foi aliado de Paulinho e de Natália; Paulinho já apoiou a gestão de Carlos Eduardo; Rafael já foi aliado de Natália; Natália já dividiu palanque com Carlos Eduardo, que já foi aliado de Álvaro, de Fátima, de Lula, de Bolsonaro e de Paulinho.

O marketing dos candidatos vai ter que separar cada situação, pontuar eventuais justificativas, tornar agudo o defeito do opositor, minimizar as falhas de seu candidato e partir para o ataque.

Justamente pelo fato de que são candidatos que podem e devem crescer durante a campanha, a eleição em Natal deverá ser disputada em dois turnos. E é aí que entram os atuais candidatos minúsculos. A soma de Paulinho, Natália e Rafael, receberá também votos de Camila Barbosa (Psol), de Nando Poeta (PSTU) e de Heró Bezerra (PRTB).

Não esqueçamos da eleição de 2014 para governador do RN, quando o então favorito a ganhar em primeiro turno, Henrique Alves (MDB), viu sua chance de vitória ir embora por causa da votação de Robério Paulino (Psol).

Na primeira votação, Henrique obteve 47,34 % dos votos; Robinson Faria (PSD) ficou com 43,04%; Simone Dutra (PSTU) teve 0,98% e Araken Farias (PSL) obteve 0,90%. Até aí, Henrique estaria eleito em primeiro turno.

O problema foi Robério. O então candidato do Psol surpreendeu e obteve 8,74% dos votos. A soma de todos contra Henrique foi 52,66%.

Por pouco mais de 5%, a decisão para governador do RN foi para o segundo turno, configurando um novo pleito.

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O vitorioso do primeiro turno, Henrique Alves, perdeu no confronto direto para Robinson Faria na segunda disputa. O pai de Fábio Fária obteve 54,42% dos votos, contra 45,58% do filho de Aluízio Alves.

Portanto, no cenário de hoje em Natal, o pleito caminha para ser definido em dois turnos. Mas aí já é outra história.

Túlio Lemos é jornalista e editor-fundador do jornal e portal Diário do RN

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Categoria(s): Política / Série Eleições Municipais 2024

Comentários

  1. Marcos Pinto diz:

    Afirmo, de forma peremptória e inexpugnável que, diante essa trupe aí, não resta a menor dúvida de que eu anularia o meu voto. Dito .

  2. Wendell Stewart da Costa Silva diz:

    Será uma eleição com muitas emoções.

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