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domingo - 11/12/2022 - 11:36h

Agricultura de sequeiro com tecnologia é viável

Por Josivan Barbosa

Na última quinta-feira tivemos a oportunidade de participar do II Dia de Campo da Fazenda Mata Branca, localizada no Distrito de Olho D’água da Bica – Tabuleiro do Norte – CE. Com a denominação de Produção Integrada de Forrageiras em Sequeiro e Recria de Bovinos Leiteiros no Semiárido, o produtor e especialista em agricultura de sequeiro, Dr. Raimundo Reis, mostrou a viabilidade econômico financeira de produzir forrageiras sem o uso tradicional de milho ou sorgo.

Raimundo Reis fez apresentação em um Dia de Campo (Foto: Josivan Barbosa)

Raimundo Reis fez apresentação em um Dia de Campo (Foto: Josivan Barbosa)

Produção está baseada em inovação, segundo o produtor (Foto: Josivan Barbosa)

Produção está baseada em inovação, segundo o produtor (Foto: Josivan Barbosa)

O produtor não usa água de nenhuma forma para produzir as suas forrageiras (palma forrageira, capim Massai, capim Capiassu) e outras fontes de volumosos como a mandioca, macaxeira, gliricídea e Pornunça (um híbrido de maniçoba com mandioca).

Revelou aos participantes do encontro que só passou a acreditar na viabilidade do cultivo da palma forrageira a partir de 2011, com o início do período de seca na região da Chapada do Apodi. Hoje, vende serviços e ideias através de um canal no YouTube e acredita que só prospera no negócio rural da agricultura de sequeiro quem quer construir e reconstruir com inovação.

Raimundo Reis acredita que conseguiu quebrar paradigmas da inviabilidade de produção animal no Semiárido e está sendo favorecido pelo crédito rural, apesar da burocracia pesada, de bancos públicos (Banco do Brasil e Banco do Nordeste) e bancos privados, exemplo do Bradesco.

Palma forrageira

Segundo Reis, a sua área instalada é de 20 hectares com palma forrageira, mas o projeto é para possuir uma área de cerca de 100 hectares. Ele considera que a palma é o ‘milho do sertão’. A palma forrageira não altera o valor nutritivo com a idade, é um veículo de água de boa qualidade para o animal, pois tem, em média, 90% de umidade. É cultivada num arranjo produtivo na forma de ‘carta de baralho’ com ruas amplas para o cultivo de capim. O controle de ervas daninhas é feito apenas no inverno e entre plantas.

No cultivo da palma é recomendado o uso de solos descompactados, com diversidade biológica para evitar os problemas associados com pragas e doenças. Quanto mais sadio o solo, mais viável o cultivo da palma forrageira.

No consórcio com capim Massai, há a segurança de ter no período de verão uma fonte de fibra para fornecer ao animal em complemento a palma forrageira. No verão o capim que é perene é colhido seco e colocado em bags para ser fornecido aos animais.

O espaçamento entre linhas de duas fileiras duplas de plantas é de 4 m para facilitar a colheita mecânica.

O produtor trabalha com a meta de colher 100 toneladas de palma por hectare. Para isso, usa em equilíbrio adubos químicos e orgânicos.

Fonte de proteína

Em função da necessidade de uma fonte de proteína para o rebanho animal que compense a deficiência na palma forrageira, o produtor está cultivando para colher a parte aérea macaxeira, mandioca e pornunça. Também está em teste o plantio de gliricídea. A pornunça é perene, resiliente, produtiva, mecanizável, tem alto valor proteíco e produz na faixa de 40 ton/ha. É plantada super adensada e o corte é feito a 20 cm de altura.

A mandioca e a macaxeira são plantadas somente para a colheita da parte aérea como fonte de proteína, reduzindo o uso de soja, cujo preço é muito elevado para o produtor. Produz de 30 a 40 ton/ha, tem 20% de proteína, sendo que não precisa deixar 24 a 48 h ao ar livre para eliminar o ácido arsênico que é tóxico, como ocorre com a mandioca. Ambos, têm a vantagem de no final do terceiro ano ter como outro produto as manivas.

Dia de campo

O Dia de Campo da Fazenda Mata Branca foi muito organizado e contou com participação de cerca de 300 produtores, técnicos, empresários e agentes rurais do setor público. Contou com a participação de empresários do RN, CE e BA.

O evento recebeu apoio de várias empresas fornecedoras de insumos e equipamentos do negócio rural e teve um apoio diferenciado do Instituto Luiz Girão e da empresa Alvoar Lácteos, resultante da fusão da Betânia com a Embaré) que é referência no Nordeste na qualidade de leites e derivados.

O evento também contou com o apoio do Governo do Estado do Ceará, através da EMATERCE e da Secretaria de Desenvolvimento Rural, e da Prefeitura Municipal de Tabuleiro do Norte.

A UFERSA se fez presente através do Centro Tecnológico do Negócio Rural (CTARN).

Josivan Barbosa é professor e ex-reitor da Ufersa

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Categoria(s): Artigo

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