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terça-feira - 11/03/2008 - 12:04h

Ao doador universal (Givanildo Silva)

Faz pelo menos dois anos que não o vejo. Por vezes, ouço-o. Um pouco diferente dos primórdios de minha admiração e afeto gratuitos. Radinho sobre um móvel à sala de refeições, o ritual diário não se alterava: nossa família dividia atenção entre o prato e o "Notícias da Cidade", da Rádio Difusora dos anos 70.

"Conheci-o" assim, pelo sentido da audição: voz educada e trovejante, português castiço e silábico. Dicção irrepreensível.

"Carlos, dileto amigo. Não quero comentar coisa nenhuma. Quero dizer-lhe que sou leitor e fã. Siga. Tenho inveja de Thurbay Rodrigues. Minha casinhola reclama a sua ausência. Um forte abraço." Essa mensagem postada no Blog, ontem (segunda, 10) é de um irmão ausente. É de Givanildo Silva – advogado, radialista, jornalista.

Mas seu melhor papel é no cultivo à amizade. Ombro sempre fiel. Estamos separados por extremos quilométricos, numa mesma cidade. Nem por isso distantes. O recado, num ambiente abstrato, virtual, apenas sacraliza – os laços imperecíveis do que construímos ao longo dessas últimas décadas.

Somos companheiros de apostolado.

Givanildo é o que defino como a materialização do "desprendimento solidário".  Faz da generosidade, uma infinita capacidade de ser em contraponto ao ter. Abundância acolhedora que a mão direita não permite que a esquerda veja. Aí, pois, a grandiosidade de cada gesto.

Seu eremitério, casa modestíssima, não resume a extensão do que conquistou. É, por natureza, um doador universal: sem olhar a quem. Por isso mesmo uma presa fácil à ingratidão, vítima contumaz da perfídia e visado pela arrogância de tantos que passaram e outros que passarão.

"Giva" é ainda o pai de bebês que nunca crescem. Para ele, fechado em copa à proteção das crias, não cabe apenas a recomendação do "crescei e multiplicai-vos". Caminha, ladeando-os, como um cão-guia.

"Inveja" do jornalista Thurbay Rodrigues, que me acolhe numa mesa farta, é a palavra-chave a me punir pelo pecado da lonjura. Penitencio-me. Faço-me devedor. Sou, porém, inadimplente da matéria que teima em não se formar, batendo à sua porta em clamor provocativo: "Cabeção! cabeção!"

Em verdade, eu nunca saí do terraço miúdo, da salinha pequena e acolhedora, nem deixei de arrastar os pés nessa rua de piso irregular. Sulcos que parecem artérias humanas, mostram a própria alma de uma vizinhança fraterna e quase cabocla. São uma trilha em eterno vaivém.

Termino esbarrando por aí, Giva.    

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Categoria(s): Nair Mesquita

Comentários

  1. Hugu diz:

    Olá, Carlos que bom que você abril espaço nessa coluna para falar sobre essa grande ferramenta do aprendizado chamada Givanildo Silva,desde 1985 escuto Givanildo quando ele fazia um programa com o saudoso Everi Costa(Jornal) na antiga rádio tapuio. Givanildo e da queles Radialista que quando estar falando encostamos o ouvido mais perto do rádio para ouvir melhor.Gostaria que ele voltasse os eslogan antigos como:. Ora,Ora,Ora deixa comigo galera!

    Um abraço.

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