domingo - 04/11/2012 - 11:16h
Bate-papo

Confraria marcante

Drummond, Vinícius, Manuel Bandeira, Mario Quintana e Paulo Mendes Campos no Rio de Janeiro em 1966

Queria testemunhar este papo.

Da esquerda para a direita, Carlos Drummond, Vinícius de Moraes, Manuel Bandeira, Mario Quintana e Paulo Mendes Campos na casa do cronista Rubem Braga. Seria o ano de 1966 e a foto foi publicada na revista Manchete – em agosto daquele ano.

Claro que Rubem Braga não está na foto. Os amigos contam que ele sempre era avesso a fotos, meio antissocial. Figuraça. Como os demais dessa “chapa”.

Queria estar aí, só para ouvir o bate-papo, repito.

A foto revela também a personalidade de cada um, na forma de se vestir. Carlos, formal sem afetação. Vinícius, despojado. Manuel, formalíssimo.

Meu querido Mario Quintana, impecável. E Paulo Mendes com aquele jeito largadão, tomando uma ao lado de Vinícius. Copo à mão e na luta.

Figuraças, repito.

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Categoria(s): Cultura

Comentários

  1. Inácio Augusto de Almeida diz:

    Uma linha desta nem o Fluminense tem.
    Imagine Drumond na ponta direita, Vinícus na meia direita fazendo o vai-e-vem. Na ponta de lança o Manuel Bandeira, fazendo tabelinha com o Mário Quintana. E fechando o ataque o grande Paulo Mendes Campos.
    Nem se você conseguisse fazer uma defesa reunindo Castilho, Píndaro e Pinheiro. E reforçando com Jandir, Dequinha e Nilton Santos. Não, nem mesmo assim você conseguiria parar este ataque.
    Este foto mostra o que de melhor aconteceu em termos de poesia e literatura no Brasil dos anos de chumbo.
    Meus parabéns ao blog por publicar uma foto como esta.
    E que os jovens tomem conhecimento das poesias e dos textos deste gênios da lirteratura brasileira.
    Só para dar uma pequena mostra, aí vai AQUARELA, uma poesia do Vinicius e que Toquinho, com sua genialidade, musicou.
    ///
    Aquarela
    Vinicius de Moraes

    Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo
    E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo
    Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva
    E se faço chover, com dois riscos tenho um guarda-chuva

    Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul do papel
    num instante imagino uma linda gaivota a voar no céu
    Vai voando, contornando a imensa curva Norte e Sul

    Vou com ela viajando Havaí, Pequim ou Istambul
    Pinto um barco a vela branco navegando,
    é tanto céu e mar num beijo azul

    Entre as nuvens vem surgindo um lindo avião rosa e grená
    Tudo em volta colorindo, com suas luzes a piscar
    Basta imaginar e ele está partindo, sereno e lindo
    e se a gente quiser ele vai pousar

    Numa folha qualquer eu desenho um navio de partida
    com alguns bons amigos bebendo de bem com a vida
    De uma América a outra consigo passar num segundo
    Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo

    Um menino caminha e caminhando chega no muro
    e ali logo em frente a esperar pela gente o futuro está
    E o futuro é uma astronave que tentamos pilotar

    Não tem tempo nem piedade nem tem hora de chegar
    Sem pedir licença muda nossa vida,
    depois convida a rir ou chorar

    Nessa estrada não nos cabe conhecer ou ver o que virá
    O fim dela ninguém sabe bem ao certo onde vai dar
    Vamos todos numa linda passarela
    de uma aquarela que um dia enfim
    Descolorirá

    Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo (que descolorirá)
    e com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo (que descolorirá)
    Giro um simples compasso e num círculo eu faço o mundo (e descolorirá)
    ///
    É ou não é GENIAL?

  2. Marcos Pinto. diz:

    Quem me dera ter podido desfrutar de um bate-papo com essa ínclita Confraria.

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