domingo - 16/08/2009 - 09:26h

Conversando com… Fátima Bezerra (PT) – 05

Em sequência à nossa série de entrevistas dominicais, hoje conversamos com a deputada federal Fátima Bezerra, do Partido dos Trabalhadores (PT).

Ele é abordada sobre temas relacionados à política de alianças, lutas sociais, seu próprio mandato, disputa ao governo do RN etc.

Chega a admitir que o PT pode lançar candidato próprio ao governo, além de afirmar que a prioridade em 2010 é impedir o retorno ao poder "das forças conservadoras".

Abaixo, acompanhe esse bate-papo.

Blog do Carlos Santos – Deputada, o advento da Unidade Potiguar torna o PT um partido acessório no governismo estadual, com vistas às eleições de 2010?

Fátima Bezerra – Na última reunião do nosso Diretório Estadual aprovamos uma resolução que visa assegurar que o PT exerça um papel de efetivo protagonismo no processo de articulações políticas, com vistas a 2010. Nosso propósito é de atuar no sentido de construir as bases para realizamos uma grande campanha com o objetivo de eleger Dilma Roussef presidente e, ao mesmo tempo, derrotar o bloco conservador neoliberal, representado por Rosalba e Zé Agripino (DEM). É com este sentimento que estamos determinados a trabalhar, com paciência, obstinação e firmeza, para superar todos os obstáculos e dificuldades, com vistas a promover a união de todos os partidos que integram a base aliada do governo Lula.

BCS – Uma ampla e diversificada teia de apoios sustentou sua candidatura a prefeito de Natal no ano passado, mas que terminou se frustrando logo no primeiro turno. Apoios de União, Estado e Município não foram suficientes. A base lulista pode sofrer nova decepção em 2010, enfrentando hipoteticamente o DEM da senadora Rosalba Ciarlini?

FB – Cada eleição tem sua particularidade. A eleição de 2008 foi fortemente contaminada pela antecipação da disputa eleitoral de 2010, o que contribuiu para que a base lulista não estivesse unida. Tanto é que parte dos integrantes que compõem a base, (PMN, PRB, PP) caíram nas teias do projeto conservador. A chapa foi definida de última hora. O tempo para construir a unidade política foi insuficiente, tanto que as dissidências no PMDB e PSB pesaram muito no resultado desfavorável que tivemos. Em 2010 será diferente. Há tempo para se fazer o debate partidário de forma franca, firme, respeitosa, transparente e leal, e aparar as arestas, com vistas a consolidar a unidade dos partidos, vinculando o projeto nacional com o local, e assim marcharmos para a vitória.

BCS – Um entendimento político na base da governadora Wilma de Faria (PSB) obriga o PT a ter espaço na chapa majoritária, da aliança, ou não é uma exigência partidária?

FB – Evidente que o PT vai lutar para participar e integrar a chapa majoritária, o que é legítimo, até porque o PT é um grande partido. Não apenas por ser o partido do presidente Lula, mas pela história e base social que possui. Embora qualquer decisão nesse sentido será fruto do debate com o conjunto dos partidos.

BCS – A senhora acredita que a disputa do próximo ano será em cima de uma temática paroquial, ou teremos a contaminação do debate em torno da polarização provavelmente entre PT de Dilma Roussef X PSDB de José Serra?

FB – Não chamo isso de contaminação. Muito pelo contrário, a meu juízo não tem como separar a disputa no plano local com o plano nacional. Portanto, acho natural e até essencial que o debate seja pautado pela vinculação do projeto local com o projeto nacional. Afinal, a disputa nacional terá um caráter plebiscitário entre o atraso que foi o governo FHC, representado pela candidatura do PSDB, e os avanços econômicos e sociais do governo Lula, representado pela candidatura da ministra Dilma Roussef. Nossa tarefa será impedir a volta das forças conservadoras, tanto no plano nacional, como no plano local. 

BCS – Como explicar, deputada, que o PT viva um período de expansão e consolidação como sigla nacional, inclusive com dois mandatos presidenciais, mas no RN ainda esteja em posição secundária?

FB – Eu não diria que o PT tem uma posição secundária na política do Rio Grande do Norte. Além de ter uma forte inserção social, no campo institucional está presente na assembléia legislativa, na câmara federal, em legislativos e executivos municipais, com seus vereadores e prefeitos. Vivemos, sim, um momento de aliança partidária. Apoiamos e participamos do governo Wilma de Faria e da gestão do ex-prefeito Carlos Eduardo (PDT). Disputamos como cabeça de chapa a prefeitura de Natal e de outros municípios apoiados por partidos da base. Neste momento estamos conversando com os partidos sobre a manutenção desta base aliada, que vem sendo vitoriosa. Podemos até integrar a chapa majoritária. Mas temos um foco, uma prioridade: a manutenção do projeto de governo que o PT com o presidente Lula desenvolve neste país e que vem sendo aprovado, principalmente pelas camadas mais pobres da população. Portanto, trata-se não apenas dar continuidade a esse projeto, mas aprofundar as mudanças em curso. Agora, é fato que é uma dura tarefa fazer crescer partidos de matriz ideológica, como o nosso, num estado cuja realidade política é fortemente influenciada pela relação mídia, dinheiro, patrimonialismo e poder político. Não é à toa que só em 2002 é que o Rio Grande do Norte, através de minha eleição pelo PT consegue eleger uma representação para o plano federal de perfil de esquerda e oriunda das lutas sociais.

BCS – O que é absolutamente impossível o seu PT aceitar, na formação de uma composição política no proximo ano no Rio Grande do Norte?

FB – Dividir o palanque com o DEM e o PSDB. Para o PT isso é inconcebível, impossível. O que estará em jogo em 2010 é um projeto de caráter nacional, liderado pelo presidente Lula. O debate será pautado pelas nossas diferenças: pela comparação entre os 08 anos da era tucana neoliberal e os 08 anos do governo Lula.

BCS – Deputada, o seu partido sente-se eleitoralmente incapaz de disputar o governo do RN?

FB – De maneira alguma. O PT já fez disputas em situações muito mais difíceis do que agora. O que acontece é que, neste momento, a opção do PT é priorizar a disputa nacional, e o papel do PT local é facilitar a unidade dos partidos que apóiam o presidente Lula. Mas, se for necessário, o PT não teme o desafio de ter candidatura própria. Mas, repito, nossa opção política preferencial é outra.

BCS –  Por que votar em Fátima Bezerra à reeleição?

FB – As pessoas elegem alguém e esperam que ele/ela faça jus à confiança depositada. Creio que estou honrando os votos que recebi, com honestidade, dedicação, seriedade e trabalho. A relatoria do FUNDEB, a participação especial na Lei 11. 738 que instituiu o Piso Salarial, na expansão dos novos CEFEts (em oito anos vamos passar de 02 para 12 unidades), na criação da UFERSA, entre outros, tudo isso me enche de alegria. Afinal de contas a educação é o passaporte para a conquista da cidadania. Nosso mandato é militante, presente, atuante. Graças a Deus, por onde tenho andado, vejo e sinto o reconhecimento de nosso trabalho, nos mais diversos lugares e junto aos mais diversos segmentos da sociedade. Em 2010 vou mais uma vez, com humildade, mas com entusiasmo, submeter meu nome ao julgamento do povo norte-rio-grandense. Espero renovar meu mandato e, com Dilma presidente, dar continuidade à luta em busca de mais avanços e conquistas sociais.

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Categoria(s): Entrevista/Conversando com...

Comentários

  1. Antonia Líria Feitosa Nogueira Alvino diz:

    Mas será possível que não terá um que se aproveite?

  2. Maria José Aires - IFPB diz:

    Sou servidora do IF da Paraíba, Antigo CEFET, e posso afirmar que o mandato da deputada Fátima Bezerra é militante, presente e atuante. Não somente para o RN, mas sua atuação em prol de uma educação qualitativa abrange todo o país quando se faz presente (na maioria das vezes, a única, outros políticos convidados se omitem mas ela, NUNCA!) a reuniões no ambito do MEC, Sindicatos Nacionais de Educação, entidades representativas da categoria, enfim, em qualquer lugar onde o debate tem como foco a educação. Aqui na Paraíba comenta-se que a deputada é muito mais atuante nessas causas do que os políticos daqui. Parabéns ao blog pela excelente entrevista e à deputada pela luta em favor da educação e pelo entendimento de que a educação não é, por si só, a mola mestra da transformação social, mas, com certeza, esta tão sonhada transformação não se efetivará sem uma educação pautada na crítica e na reflexão de nossos problemas sociais e políticos e no desenvolvimento de uma nova consciencia cidadã.

  3. françois silvestre diz:

    Logo abaixo está a frase de Lincoln que explica tudo…

  4. Gilson Gadê diz:

    Será meu Bom Deus, que ainda tem quem acredite nas palavras dessa senhora? Vá enganar outro madame. (Voce, Lulla e o PT)

  5. LIA QUEIROZ diz:

    EXCELENTE A ENTREVISTA COM FÁTIMA BEZERRA! É ISSO MESMO E NÃO PODEMOS PERMITIR UM RETROCESSO DE VOLTAR AO PERÍODO DO TUCANATO. QUEM NÃO SE LEMBRA DA ERA FHC? EM COMPARAÇÃO COM O GOVERNO LULA?, ESTE TEVE UM AVANÇO MUITO MAIS CONSISTENTE EM TERMOS DE POLÍTICAS DE DISTRIBUIÇÃO DE RENDA E APESAR DE AINDA FALTAR MUITO E APRESENTAR ALGUMAS DEFICIÊNCIAS NÃO SE COMPARA NEM DE LONGE COM OS 8 ANOS DE FHC QUE FORAM UM DESASTRE, COM EXCEÇÃO DO PLANO REAL. ESPERO SINCERAMENTE QUE O BRASIL NÃO REGRIDA VOLTANDO AOS BRAÇOS DO DEM, EX- PFL, PDS, ARENA. POIS ELES SE TRAVESTEM DE UMA NOVA SIGLA QUE SIGNIFICA O VELHO E JÁ MANJADO NA POLÍTICA BRASILEIRA.

  6. MARIA JOSE OLIVEIRA diz:

    A DEPUTADA FAZ POR ONDE MERECER O RESPEITO E ADMIRAÇÃO DE TODOS QUE ENTENDEM QUE A POLITICA PODE SER EXERCIDA POR GENTE DO BEM.FATIMA É UM EXEMPLO DE DECENCIA.

  7. moisés souza diz:

    certamente senhora líria,vc que conseguiu emprego de favor no município, no SAMU , sem prestar concurso público, deve realmente ter motivos pra não gostar de fátima bezerra e do PT né? realmente quem é afinado com o DEM, que é o que há de pior na política nacional e certamente seu marido que foi chefe truculento na petrobras na época de FHC que perdeu a chefia no governo LULA, não devem gostar mesmo do PT e do governo LULA né? agora os sindicalistas que trabalham, na peroba devem ter adorado a saída dele que sempre perseguia os trabalhadores na empresa quando estes lutavam pelos seus direitos. entendo bem seu comentário!!

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