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domingo - 02/05/2021 - 09:46h

De pai para filho

Pai e filhoPor Paulo Menezes

Parece que foi ontem. E já se passaram 50 anos. Era o mês de junho de 1970.

Pelé, encantava o mundo em Guadalajara e na Cidade do México, com seu futebol majestoso disputando e vencendo a Copa do Mundo, que o consagraria definitivamente em todo o planeta terra.

Nossa televisão, ainda em preto e branco, trazia para assistir aos jogos e torcer conosco, nosso vizinho, meu querido e saudoso pai Antônio Menezes (Tota).

Estávamos à sua espera há oito meses. Após o resultado triunfal da Copa, a vida seguia sua trajetória incessante e com ela a grande e ansiosa expectativa para o nascimento do primogênito.

Dia primeiro de agosto, houve uma grande festa no clube social, Associação Cultural e Desportiva Potiguar (ACDP), tendo como principal atração a presença do caboclinho querido do Brasil, Sílvio Caldas. Dançamos, eu e sua mãe (Simone), praticamente a noite toda, madrugada adentro. A farra, com certeza, antecipou o parto, pois você nasceu no dia seguinte, 02 de agosto de 1970.

O tempo passava rápido.

O primeiro choro, os primeiros passos, as primeiras palavras, a alfabetização no Colégio Dom Bosco, depois  o  ginásio no Colégio Diocesano Santa Luzia, sequenciando com a conclusão do segundo grau no Colégio Marista em Natal. Partiu para a capital, com 13 anos. Uma criança!

Em Mossoró, sentíamos muito sua falta e uma imensa saudade. Naquele tempo,  Natal era “distante”.  Lembramos das transferências constantes de numerário para as xerox do material escolar. Na verdade, depois viríamos a saber que parte da mesada para as cópias, servia também para, em finais de semana, tomar umas cervejas com amigos, no bar “O Chefão”.

Chegou o grande dia do vestibular. Recordamos sua saída do Cefet, balançando a cabeça, mordendo a caneta BIC, descontraído e dizendo:

– Tudo bem.

O resultado, saiu quando estávamos na varanda da casa de veraneio da família, em Tibau. A esperança era grande. Você encostado numa coluna do alpendre, garrafa de cerveja na mão e o grito de vitória quando o locutor leu seu nome! Os abraços pela conquista. Um sonho realizado. A velocidade do tempo é relativa.

Testemunhamos o dia da graduação em engenharia elétrica. Orgulho para toda a família. A vida prosseguia seu curso permanente. Sua primeira atividade empresarial. Seu primeiro emprego. A transferência para Natal e o coroamento de sua vida profissional, incluindo no seu currículo, a aprovação num concorrido concurso público.

Antes um pouco, tornou-se senhor ao escolher para companheira, nossa querida nora Karine. Chegaram os filhos com açúcar. Os netos que nos tornaram novamente pais com uma responsabilidade menor. Por isso são doces.

Enfim, após resgatar tantas lembranças boas armazenadas na memória amiga e como nossos filhos “nunca envelhecem”, só resta agradecer ao Divino Mestre, e pedir que continue protegendo “meu menino” de 50 anos para os embates da vida.

É para você, Sílvio Walério. Meu filho.

Paulo Menezes é meliponicultor e cronista

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Categoria(s): Crônica

Comentários

  1. Robson Lucy diz:

    Belo, singelo e emocionante texto. Parabéns!!!!

  2. Rocha Neto diz:

    Amor de pai é incondicional, isso sei, e como sei!!
    Peço permissão ao nobre Paulo Menezes, pra fazer de suas palavras em tela, propriedades minhas também, pois dia 30.4.1981, nascia o meu filho caçula Cyro, proprietário do nosso restaurante PRATO DE OURO, local aonde vez por outra o amigo autor do irretocável texto nos dar o prazer de sua presença.
    Paulo, você disse tudo o quanto um verdadeiro pai deseja falar à um filho. 👍👍🤝🤝🤝👏👏👏👏

  3. Q1naide maria rosado de souza diz:

    Comovente, verdadeiro!

  4. VICTOR HUGO PEDRAÇA Dias diz:

    Como sempre o Paulo Menezes dando sua demonstração de afeto nas suas crônicas, Parabéns Silvio pelo pai herói.

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