domingo - 06/12/2009 - 01:16h

Dona Maura – Gratas lembranças

Hoje (sexta, 4), infelizmente meu PC resolveu dar problema, e eu fiquei ausente das notícias. Resolvi despachar papéis e organizar agendas para as últimas semanas de dezembro à tarde toda.

Agora já em casa lendo os blogs e twitter fiquei triste ao saber da notícia do falecimento de Dona Maura. Eu, que sempre sonho com a Jerônimo Rosado, onde nasci, tenho a nítida lembrança dela atravessando a pracinha de João Cantídio, vibrando na paixão por Aluísio Alves, saia verde justa e blusa branca.

Lembro Seu Chico, seu esposo, muito sério, calado, sereno. Ela, feliz, zoadenta, generosa, enchia de agrados minha inocente alma de criança. Pessoas do meu mais profundo bem querer!

Lembro igualmente do meu vô Otaviano e Vó Véscia, Dona Júlia Menezes, Ilná e Alaíde Nascimento, Mízia Souto, Seu João Cantídio, Dona Izete e Senhor Railton, Raimundo Queiroz e Dona Conceição, Seu Moisés dos portões, Maria de Uriel com o mais bonito presépio de Natal, elegantíssima na sua saia justa cinza, blusa branca com babados e coque irretocável no cabelo.

Dona Zélia Macedo, elegantérrima!

Vejo também seu Trajano, Dona Dagmar, Dona Fefita, Dona Julita (mãe de Emery Costa) com seus deliciosos bolos. Que cheiro gostoso naquele beco, quando íamos ao cinema no Cine Cid, passando pela esquina de Dona Nadir Brasil.

Éramos uma grande família, principalmente quando chegava o Natal, todos na calçada e partilhando o sublime momento, unidos, fortes, seguros, sentimento profundo, familiar. Depois, todos na missa no Coração de Jesus, onde Padre Américo nos acolhia e fortificava os laços, já tão estreitos e tão abençoados.

Que pena nossos filhos não saberem do que estou falando e o que estou sentindo.

Lembro das grandes enchentes do Rio Mossoró, quando todos tirávamos fotos e nos solidarizávamos em um ritual ímpar. Dona Maura era sempre uma das mais corajosas, para cuja casa eu sempre gostava de ir, eis que era umas das mais altas da rua. Atravessava correndo o portãozinho de ferro, subia os batentes e era agraciada com aquele astral esfuziante.

Não dá pra esquecer.

Hoje a tristeza misturou-se com uma nostalgia que gosto de sentir e lembrar. Momentos da mais profunda felicidade da minha vida, e que norteiam minha referência afetiva, familiar e de caráter, tempos em que muitas famílias se misturavam em uma só e todos sofríamos e nos alegrávamos juntos.

Dona Maura representava isso e muito mais.

Hoje certamente ela vai conversar com Padre Américo, na companhia dos anjos e santos; e juntos vão garantir que todos nós da Jerônimo Rosado nos encontraremos um dia na eternidade, e relembraremos os bons tempos. Em nome disso faremos uma grande festa!

Que Deus a segure pela mão e a conduza ao lugar que sempre mereceu estar.

Jacqueline Amaral é contabilista e gerente-executiva da Saúde da Prefeitura de Mossoró

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Categoria(s): Nair Mesquita

Comentários

  1. Carlos diz:

    Olá Jackeline!
    Sou dessa turma tb. Fiquei mt feliz em vc relembrar todas essas pessoas que fizeram parte da nossa infância. Nasci e me criei na rua João Pessoa, 40, vizinho de Maria de Uriel (Boas Lembranças), ao lado dos Correios, filho de Antonio Nunes de Medeiros e de dona Alzira.
    Carlos Antonio Nunes, 50 anos. O tempo corre.

  2. Genario Freire diz:

    Amiga:
    Lindo esse seu relato. Em todos os sentidos. Para Carlos, que era seu objetivo inicial, foi bálsamo. Para todos nós, trazendo lembranças que vivemos em situações semelhantes num passado “nem tão distante”, fazendo-nos refletir que o passado pode ser alegre e gratificante.
    Lindo, pela sua sensibilidade, coisa que não me surpreende. Sei de sua origem e afinidade afetiva com Eliete e Zezito. Eles sim, super especiais. Deles só poderíamos esperar uma pessoa que tem a sensiblidade de escrever coisas que nos emocionam, transportando-nos em lembranças saudáveis, alegres e compensadoras.
    Um abraço: Genário

  3. janio rego diz:

    jaqueline, que boas memórias! bom lhe ler.

  4. David de Medeiros leite diz:

    Amiga Jaqueline, parabéns!
    Que belo texto…
    Abraços
    David

  5. Mary diz:

    Me emocionei com seu texto.Tive o prazer de lhe conhecer recentemente e sempre me falavam o quanto vc é uma pessoa boa de coração bom,solidária amiga.É muito bom saber que existe seres humanos assim como vc que resgatam os valores da amizade e não esquece suas origens,sua infância.Parabéns!
    Trabalhei na UBS Chico Porto,fui uma das demitidas do vereador Jório Nogueira.Abraço

  6. Ivana Linhares diz:

    Que belo resgate!!! Faz bem até para quem não vivenciou…

  7. Sebastião Almeida de medeiros diz:

    Jacqueline:
    Que beleza de texto você escreveu. Mexeu comigo, que sou tão saudosista. Faça outros e ponha-os num livro.

  8. Anna diz:

    Um texto emocionante que para os mais jovens bate uma “pitada” de inveja de não ter vivido em um tempo assim. Parabéns a Jacqueline pela sensibilidade.

  9. Flávio Nascimento diz:

    Saudades deste tempo com minhas tias Alaíde,IIná e minha irmã Ceição Nascimento,que estão todas na glória do pai. Obrigado Jaqueline Amaral por essas lembranças boas das nossas vida.

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