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segunda-feira - 31/01/2011 - 09:28h

Francisco Honório, um homem santo


Todos os homens e mulheres que professam alguma fé cristã têm um ponto em comum: a busca ardorosa da santificação (Igreja Católica) ou salvação (Igreja Evangélica), pautando  suas ações na assemelhação ao Cristo, embora seja uma tendência natural nossa a de abraçar o pecado.  Católico até que sou, cristão nem tanto.

É que alguém para se dizer cristão deve ser igual a Cristo. São Paulo, o apóstolo, já dizia: “Christianus alter Christus” – o cristão é um outro Cristo.

Na minha laica concepção, o homem brasileiro candidato a santificação deve ter dois perfis ideais: um sociológico e outro espiritual. O perfil de natureza sociológica deve ser o do “homem cordial” (cf. Sérgio Buarque de Holanda, em Raízes do Brasil),  pleno de virtudes morais.

Se a etimologia latina de cordial vem de cordis (coração), o homem cordial é aquele que age movido pelos instintos do coração.

O segundo perfil, de origem espiritual,  é o ideal ascético. Nesse último, uma renúncia aos desejos físicos ou psicológicos, como demonstração da virtude.  Ao longo da minha vida, conheci raríssimas pessoas que reunisse esses dois perfis.

Uma delas, seguramente, foi “Seo” Chico Honório, falecido recentemente, pai do grande advogado Honório de Medeiros e da servidora pública Maria Emília.

Conheci seu Chico Honório há mais de vinte anos, quando entrei no Cursilho de Cristandade, um movimento da Igreja Católica. Na época, “Seo” Chico Honório era o nosso preletor de humanidade, sabedoria, humildade  e intimidade com Deus.

Recatado, de hábitos simples e linguagem moderada, “Seo” Chico ao  cumprimentar uma pessoa transmitia a cordialidade verdadeira (lembram “cordis”?).

Logo depois da minha iniciação no Movimento de Cursilho, “Seo” Chico Honório não pode mais participar, devido a enfermidade da esposa Aldeíza Fernandes.  Sentimos imensamente a sua falta, sua fé irradiante, seu entusiasmo cristão e a sabedoria que só tem quem sabe ser simples.

Compreendiamos porque todos nós sabíamos da sua dedicação extrema à esposa enferma, de seu apego aos filhos e netos, e das limitações de saúde que impediam sua estadia nos retiros.

Passei a vê-lo fisicamente apenas na missa dominical da São Vicente,  embora o seu nome – e o seu exemplo inconteste de amor ao Cristo – fosse lembrado constantemente nos retiros espirituais do Cursilho, especialmente nas histórias narradas por Álber Nóbrega e Antônio Paula. Esses dois conviveram com ele por mais tempo.

Tenho saudades do seu tempo de cursilhista, e maior saudade ainda por não ter convivido com ele por mais tempo.

Um homem entra para a história pelas suas virtudes. Sócrates dizia que a virtude é o fim da atividade humana e se identifica com o bem que convém à sua natureza. Santo Agostinho acresceu: "a virtude é uma boa qualidade da mente, por meio da qual vivemos retamente".

Se assim o é, “Seo” Chico Honório só tinha virtudes. Reconheço nele as virtudes cardeais eleitas por Platão para atingir a perfeição moral: a sabedoria, a fortaleza, a temperança e a justiça.

Qualquer pessoa que o conheceu dará por satisfeitas as exigências sociais para a sua perfeição como homem. Sem dúvidas, os materialistas  teriam-no como um homem íntegro do ponto de vista social. E os espiritualistas, o que diriam? Defendo que, quando se somam as virtudes sociais às virtudes espirituais (teologais), temos os elementos para a santificação de uma pessoa.

As virtudes espirituais (teologais) ditas pela Igreja são: fé, esperança e caridade.

Ora, quem conheceu “Seo” Chico sabe muito bem que ele reunia muito bem o transcendente com o imanente; associava com perfeição as virtudes terrenas com as virtudes do céu.

A santificação do homem consiste em estar unido a Deus na forma devida, e o conceito de santidade aparece como realidade vivida deliberadamente por aquele que, com a riqueza do seu ser e com a espontaneidade de sua vontade livre, se une a Deus entregando-se a Ele com o calor do amor.

São Paulo Apóstolo já dizia que todos nós somos chamados à santidade, "Porquanto, esta é a vontade de Deus, a nossa santificação” (I Ts 4, 3; Ef. 1, 4).   Por isso, brado com convicção e a plenos pulmões: VIVA CHICO HONÓRIO, o nosso Santo mossoroense!

Marcos Araújo é professor e advogado

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Categoria(s): Nair Mesquita

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