Desde a saída do advogado e ex-deputado estadual Paulo de Tarso Fernandes da titularidade do Gabinete Civil, do Estado, de forma ruidosa e constrangedora, que o casal Carlos Augusto Rosado (DEM)-governadora Rosalba Ciarlini (DEM) tenta arrumar essa pasta estratégica.
Parece ter encontrado a fórmula. Para alcançar resultado, forma um três-em-um. E no topo emerge Galbi Saldanha, que é do círculo fechadíssimo do casal, nome de comportamento sempre discreto e de confiança absoluta de Carlos e Rosalba.
Do ponto de vista organizacional, o Gabinete Civil teve desmembramento de poderes e tarefas, transformando-se numa pasta com três nomes de relevância, em que Galbi é o de maior importância.
O secretário-chefe José Anselmo Carvalho teve suas prerrogativas reduzidas e funções reordenadas. Por sua experiência em pastas como Procuradoria Geral do Município e Administração, na Prefeitura de Mossoró, encarrega-se de aspectos legais e protocolares ligados à Governadoria.
É dele, por exemplo, o texto-ideia de baixar decreto proibindo manifestações no âmbito do Centro Administrativo, que posteriormente foi revogado, até sem o conhecimento prévio da própria governadora Rosalba. Ela chegou a informar à imprensa durante um café da manhã, que não iria revogar o decreto. Já à tarde do mesmo dia a Assessoria de Imprensa do Estado a desmentia, antecipando a revogação.
Rosalba passou o constrangimento de ser vítima de suas próprias palavras em poucas horas.
Já Sonali Rosado, ex-vereadora e ex-candidata a prefeito em Natal em 2000, ganhou cadeira como secretária executiva do Gabinete Civil. Diz-se que sua ascensão faz parte de um pacote que pode ser denominado de “bolsa-renúncia”, para convencer a prefeita mossoroense Fátima Rosado (DEM), “Fafá”, a renunciar ao cargo.
Sonali é sobrinha de Fafá e a renúncia enseja habilitação legal para que a vice, Ruth Ciarlini (DEM), irmã de Rosalba, seja candidata a prefeito ainda este ano.
Secretário de fato
Completa esse triunvirato de poder e papeis no Gabinete Civil, o servidor público de carreira Francisco Galbi Saldanha. Ele foi removido da Secretaria Executiva do Gabinete Civil para que Sonali fosse alojada, mas transferido à condição de secretário-adjunto.
Na verdade, Galbi é o “secretário de fato”, pelo nível de confiança com o casal Carlos-Rosalba e maior conhecimento quanto à geografia humana da política potiguar – no que Anselmo é neófito.
Galbi deriva dos tempos de Assembleia Legislativa, em que Carlos Augusto Rosado esteve como presidente e cumpriu quatro mandatos a partir do final dos anos 70.
Para que não fiquem dúvidas quanto aos superpoderes de Galbi, no mesmo Diário Oficial do dia 28 de dezembro de 2011, que promoveu essas acomodações, também estão publicadas competências suplementares a ele. Todas foram retiradas do secretário-chefe de direito, José Anselmo.
A portaria com os superpoderes de Galbi de fato o põe acima do próprio secretário, que assinou o documento legal.
Veja abaixo, quais são as prerrogativas de Galbi, numa reprodução da portaria. Mais clara, impossível:
(…) Art. 1º Delegar competência ao servidor FRANCISCO GALBI SALDANHA, Secretário-Adjunto do Gabinete Civil do Governador do Estado, a praticar os seguintes atos administrativos:
I. assinar contratos, convênios, acordos, ajustes, portarias, resoluções interadministrativas e demais atos privados deste órgão;
II. assinar, como ordenador de despesa, empenhos, notas de pagamentos, ordens bancárias, cheques, bem como balancetes de movimentação orçamentária e financeira, com observância das normas legais;
III. autorizar a instauração de processos licitatórios, homologar atos da Comissão Permanente de Licitação deste Gabinete Civil, dispensar licitação ou declarar sua inexigibilidade, na forma da Lei;
IV. requisitar passagens e conceder diárias a servidores deste Gabinete Civil, quando em objeto de serviço;
V. instaurar sindicância e aplicar penas disciplinares até a suspensão por 15 (quinze) dias;
VI. autorizar averbação de tempo de serviço;
VII. conceder licença-prêmio por assiduidade e licença para tratamento de saúde, em consonância com a Lei Complementar nº 122/94, Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis do Estado do Rio Grande do Norte;
VIII. substituir o Secretário-Chefe do Gabinete Civil nos seus impedimentos e ausências.
Depois de tudo isso ficou o que para o José Anselmo fazer? Estão querendo tirar o foco de onde? É melhor exonerá-lo do cargo…
Se o Governo Rosalba passou 25% de seu mandato emperrado e, no último dia do ano produz esse emaranhado politico em sua principal pasta, pode-se imaginar o que vai ocorrer com o que falta do mandato.