Enquanto Mossoró acompanha uma briga cretina para saber quem é o responsável pelo não-funcionamento de uma UTI Neonatal na cidade, bebês continuam morrendo. Nessa terça, 4, chegamos ao terceiro óbito em menos de 15 dias, informa-me um jornalista amigo.
São três minúsculos cadáveres, sonhos desfeitos, vidas amputadas na raiz. Ninguém assume responsabilidade e o que se evidencia é o complexo da transferência de culpa, deformidade comum aos covardes e patifes. Algo que abunda na polÃtica mossoroense.
Nesse enredo é difÃcil se encontrar algum mocinho. Prospera a indústria da "pilantropia" e tremulam estandartes enganosos do espÃrito público. Sobram vigaristas. Num paÃs sério, muitos estariam presos. CaÃssem nas mãos de justiceiros, seriam imolados até a morte. Não fariam falta.
Tudo uma farsa imunda, na terra que vive a fraude da trilogia libertária, mas que não tem a dignidade de salvar suas crianças da morte infame e cruel. Inexistem médicos especialistas, alardeiam alguns. Não há estrutura, dizem outros.
Faltam-nos vergonha na cara e uma gota, mÃnima que seja, de respeito à vida e ao próximo. Um traço de humanidade bastaria. Somos tomados por um egoÃsmo doentio, que nos distancia da dor alheia e nos faz pensar que tudo é "normal", até porque não é comigo. O choro na casa ao lado não me diz respeito.
Em termos de sociedade, Mossoró quer se impor como desenvolvida, isso porque ver dezenas de arranha-céus brotando da terra. Entretanto ainda convive com epidemias de bicho-de-pé, mendiga esmola para sustentar seus idosos e assassina crianças em série.
Como se vê, sobra mesmo é cinismo.
“Grandes patifes, pequenos cadáveres”: uma aula de jornalismo crÃtico sensÃvel e independente.
Um grande abraço de solidariedade.
Honório de Medeiros
Prezado jornalista,
Parabéns pela matéria “Grandes patifes, pequenos cadáveres”. De fato, a enganosa idéia de que Mossoró é uma terra libertária contrasta com a sua dura realidade social.
Que ironia! Acordar buscando encontrar algo nos jornais da nossa Mossoró que não seja bajulação polÃtica e se deparar com uma matéria, uma verdadeira obra literária, no que tange a clareza das idéias, ao informar uma realidade tão crua quanto a denúncia veiculada na matéria “grandes patifes, pequenos cadavéres”. Isso nos dá na boca um gosto amargo de derrota e no coração, a esperanja de um mundo melhor tendo como meio de transformação uma informação jornalÃstica compromotida apenas com a verdade. Parabéns CARLOS SANTOS
Prezado jornalista, a matéria “Grandes patifes, pequenos cadáveres” retrata muitÃssimo bem o enorme paradoxo que existe entre a pseudo-realidade de terra libertária que se quer dar a Mossoró e a dura realidade da sua gente mais pobre, aquela que não tem condições de usufruir dos serviços privados de saúde. Parabéns pelo texto. Infelizmente, é belÃssimo. Digo infelizmente porque tenho certeza que você não gostaria de tê-lo escrito, pois não lhe interessa noticiar esse lastimável episódio que é a seqüência de mortes de crianças ainda em tenra idade por falta de uma UTI neonatal e por falta de profissionais médicos especializados. Mas, de qualquer forma, parabéns pela beleza do texto. Forte abraço.
Depois de ler os comentários acima, todos elogiosos ao seu texto, não me resta muito a acrescer, somente dizer que nesta cidade quem se expõe a dizer as verdades que você diz, merece todo nosso elogio, pois o pensamento hegomônico dos nossos pretensos formadores de opinião, se reduz a bajulação descarada ao grupo polÃtico a que, na oportunidade se encontra vinculado. Parabéns. Precisamos da sua verve jornalista no nosso cotidiano.