domingo - 23/02/2014 - 08:30h
Zezé di Camargo

Letra e Música – 207

Com o objetivo de sensibilizar e mobilizar a sociedade em torno de ações para a melhoria da qualidade de vida das pessoas com 60 anos ou mais, o Governo de Minas e o Servas (Serviço Voluntário de Assistência Social, entidade de origem civil, sem fins lucrativos) lançaram em outubro de 2009, em Belo Horizonte, a campanha de valorização da pessoa idosa.

A iniciativa teve a participação do cantor Zezé di Camargo, que está em um dos filmes. Ele cantou e declamou a poesia/música “Couro de Boi” (Teddy Vieira/Palmeira).

Além disso, o artista preferiu não receber qualquer cachê pelo trabalho.

A peça de propaganda é algo de tirar o fôlego. Para mim, impossível não se emocionar.

Reproduzo-a neste espaço por dois motivos basilares: a beleza da produção e seu conteúdo social.

Aproveitem:

Couro de Boi

Existe um velho ditado
Que é do tempo do sagáio
Diz que um pai cuida de dez filhos
Mas dez filhos num cuida de um pai

Sentindo o peso dos anos
Sem poder mais trabalhar
O velho peão estradeiro
Com seu filho foi morar

O rapaz era casado
E a mulher deu pra implicar
“Ocê manda o véio embora
Se num quiser que eu vá”

E o rapaz, coração duro,
Com seu pai foi conversar:
“Para o senhor se mudar
Meu pai eu vim lhe pedir
E hoje aqui da minha casa
O senhor vai ter que sair,
Leva este couro de boi
Que eu acabei de curtir
Para lhe servir de coberta
Aonde o senhor for dormir”

O pobre velho calado
Pegou o couro e partiu
Seu neto de oito anos
Que àquela cena assistiu
Correu atrás do avô
E seu paletó sacudiu
Metade daquele couro
Chorando ele pediu

O velhinho comovido
Para não ver o neto chorando
Partiu o couro no meio
E pro menino foi dando

O menino chegou em casa
Seu pai foi lhe peguntando
Pra quê ocê quer este couro,
Que seu avô ia levando?

Disse o menino ao pai:
“Um dia eu vou me casar
O senhor vai ficar velho
E comigo vai querer morar
Pode ser que aconteça
De nóis não se combinar
E esta metade do couro
Vou dar para o senhor levar.”

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Categoria(s): Letra e Música

Comentários

  1. Pinheiro Neto diz:

    Como nossa melhor idade é maltratada hoje… pessoas que tanto serviram se vêem desamparadas por suas famílias e também pelo poder público,que não lhes dão o devido carinho e respeito. Uma ida ao abrigo Amantino Camara faz bem,mas também machuca um pouco. Ver que alguns deles precisam só de um sorriso de alguém,de um boa tarde que seja,mas muitas vezes nem isto tem de suas famílias. Vejo idosos trabalhando no pesado pelas ruas da cidade,quando deveriam estar repousando e usufruindo do que construiram,mas o salário que recebem de aposentadoria e a condição de arrimo de família não os permite. Muito triste,e nos faz refletir como será a nossa velhice. Já pensou na sua velhice hoje?

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