Por Marcos Ferreira
Desapego, quiçá altruísmo, abnegação, fidelidade ao seu destino de agregador de pinéis. Pode ser tudo isso e muito mais. Só sei que dessa forma, desinteressado de aplausos e lucro financeiro, o diretor deste manicômio digital, o jornalista e escritor Carlos Santos, reúne em seu blogue todos os domingos um expressivo e polimático número de malucos informais. Pois é. Temos aqui amalucados para todos os gostos e atribuições. A começar pelo próprio timoneiro desta nau psiquiátrica, que obviamente tem a sua parcela de insanidade.
Creio que alguém que bate direitinho da cachola não abraçaria essa missão de confraternizar e apaziguar mentes alvoroçadas. “Loucura! Loucura!”, diria o galáctico Luciano Huck, ele também um louco de pedra.
Claro que nem todos que orbitam em torno deste blogue são pirados. Há exceções. Especialmente no tocante aos leitores. Já alguns articulistas padecem de elefantíase do ego. Como os pavonescos Euzébio Ramalho e Gustavo Noronha, intelectuais com renome e prestígio na praça. Exibem um inegável grau de deficiência cognitiva em seus próprios artigos indecifráveis. Digo, a bem da verdade, que esses cavalheiros são mais que meros tipos egocêntricos. Tanto o senhor Ramalho quanto o senhor Noronha são profundos estudiosos de objetos voadores não identificados.
Existem aqueles que fazem questão de deixar bem claro que são doidos. É o caso, por exemplo, do meu estimado xará e jurisconsulto Marcos Araújo, o mais ilustrado e apaixonante maluco que conheço. Araújo, além de cronista invulgar, é comentarista deste espaço, ele que de quando em vez me dá a honra de emitir uma opinião construtiva sobre meus escritos.
Antes que alguém o diga, declaro que não sou nenhum alicerce de equilíbrio mental. A diferença entre mim e os pavões Ramalho e Noronha (suponho) é que estou sempre medicado e não misturo meus antipsicóticos com álcool. Aliás, não conheço o gosto de bebida alcoólica nenhuma. Muito menos posso afirmar que o senhor Ramalho e o senhor Noronha tomam remédio controlado.
Estou sóbrio desde o dia 10 de abril de 1970, há cinquenta e cinco anos. Mais de meio século remando contra as convenções sociais. E isso não tem relação com igreja evangélica nem católica, budismo, espiritismo ou candomblé. A minha sobriedade etílica, portanto, não está vinculada a nenhuma religião.
Sou desconfiado por natureza. Não boto a minha mão no fogo por esses messias e mitos que pipocam em toda parte deste país e do mundo. Enxergo tanta honestidade nessa récua de sacripantas quanto em uma cédula de trinta reais. Penso, todavia, que não somos frutos do acaso. Mas voltemos ao que de fato interessa. O papo aqui não é sobre credulidade ou descrença. Desejo abordar apenas a questão dos que possuem parafusos frouxos ou até faltando. Situação na qual possivelmente me encaixo. Meu alienista é quem pode falar melhor sobre o meu caos psicológico.
Entre os alvoroçados estão os doidos mansos, elementos deveras tranquilos, moderados, com a serenidade de um peixinho de aquário. Desse naipe aponto escribas como Bruno Ernesto, Odemirton Filho, Jessé de Andrade Alexandria, Ayala Gurgel e o delegado da Polícia Civil Inácio Rodrigues Lima Neto, sujeito de fino trato e um ficcionista dos melhores desta terra de Santa Luzia.
Um tanto mais incisivo, combativo, há o poeta e escritor de responsa François Silvestre. Em meio a esses (acho que já estou cometendo o pecado do esquecimento) não posso deixar de incluir o amigo e memorialista Rocha Neto, verdadeiro arquivo ambulante desta aldeia.
Carlos Santos, então, com a sua fleuma de monge tibetano, consegue harmonizar e socializar todas essas categorias de discípulos do saudoso Paulo Doido, cujo nome de pia é Paulino Duarte Morais, que se encantou aos sete dias de junho de 2024. Deixou para todos nós, tantãs, um robusto legado de doidices ora meio afobadas, ora bem-comportadas. Sua biografia de maluco beleza está gravada na história desta província e jamais será esquecida. Os doutores psiquiatras Dirceu Lopes e Roncalli Guimarães, que também possuem as suas neuras, ficaram desolados com o passamento de Paulo Doido. Infelizmente, apesar dos esforços, nosso editor nunca conseguiu firmar um contrato com Paulino Duarte para participar do BCS — Blog Carlos Santos.
Como os demais cronistas deste hospício, Paulo Doido teria bastante o que contar sobre suas andanças pelas ruas de Mossoró. Segundo uma fonte porra-louca, corre à boca miúda a notícia de que o diretor deste malucódromo adquiriu o passe de outro doido para jogar em nosso time de birutas. Minha fonte diz que se trata de ninguém mais, ninguém menos do que o ponta-esquerda Adélio Bispo, esfaqueador de elite predestinado. Será muito bem-vindo ao nosso manicômio digital.
Marcos Ferreira é escritor
Bom dia, amigo Ferreira…
E haja loucura!
Já disse categoricamente uma vez , Caetano Veloso, que de perto ninguém é normal… Reitero sua opinião ( dele) e a crescento que tem muito mais gente nessa lista… Pena que poucos aceitam um tratamento…
Kkkkkkkkkkkkkkkk….
E viva a loucura, pois segundo , Babi Fonteles, só os loucos vão pro céu.
Querido poeta Francisco Nolasco,
Aqui, meu amigo, eis um painel dos nossos melhores e mais alvoroçados intelectuais. Tudo, claro, não passa de uma brincadeira inofensivo com esses estimados senhores. Uma semana abençoada para você.
Forte abraço.
Caro amigo nesse seu manicômio só cabe malucos e as malucas e maluques por onde andam? Eu me considero louca de pedra ( talvez de palavras não de pedra) . Onde eu caibo nessa plêiade de loucOS?
Brincadeira. Parabéns você que é o louco que transita faceiramente sobre esse diagnóstico como
um sábio .
Querida amiga e escritora Dulce Cavalcante,
Você tocou em uma tecla deveras importante: a ausência de mulheres articulista/cronistas no Blog Carlos Santos. Não é de hoje que esse aspecto me causa certo desconforto. Mossoró tem boas literatas, a exemplo de você própria. Espero que num futuro muito próximo as mulheres das letras de Mossoró deem o ar da graça aqui no BCS. Uma ótima semana para você.
Forte abraço.
Meu caro, dizem que “de médico e louco todo mundo tem um pouco”, por isso, estou nesse rol.
Vamos em frente, “controlando a minha maluquez, misturada com minha lucidez”.
Abração!
Querido Odemirton Filho,
Sua loucura, assim como a dos amigos citados, é uma patologia benigna. Minha crônica de hoje tem apenas o intuito de tirar alguns estimados confrades a pagode, mas sem maldade nem malícia alguma. Só mesmo para a gente rir. Ao menos foi essa a minha intenção, escrever uma crônica bem-humorada. Feliz semana para você, meu caro. Muita saúde e paz.
Um grande abraço.
Sua crônica de hoje remete a muitas reflexões. Apesar de sua verve em se colocar como que habitante deste ambiente eufemisticamente manicomial, você traz outros nomes para ilustrar a conversa. E o faz com a sensibilidade de uma lente Zweiss, refinando a análise e listando nomes de profissionais reconhecidos e gabaritados em diversas áreas profissionais que adotaram essa mania de escrever crônica. Todos, na verdade, com parafusos frouxos. Uns mais, outros menos. Quem, em sã consciência, se exporia tanto à opinião pública. A sorte, ou azar (rsrsrs),de vocês é que essa maluquez tem um nível de genialidade e nos contagia.
*onde se lê sensibilidade, leia-se acuidade.
Caro poeta Júlio Rosado,
Muito obrigado por sua leitura e opinião. Sua mensagem de incentivo é de grande importância para mim. Aliás, depoimentos desse tipo são relevantes para todos nós. Assim como você, vivemos o sacerdócio da palavra escrita. Mais uma vez, meu poeta, muito obrigado. Saúde, muitas inspirações e paz para você. Sempre.
Forte abraço.
O que é ser normal? Tudo é relativo. Nada é absoluto; só Deus! Então, nesse universo diverso, a gente encontra pessoas com todas as características, possíveis e inimagináveis. Que bom que é assim! Cada um no seu canto, com suas neurose, vai tentando sobreviver! De longe, tudo é normal!
Querida amiga Bernadete Lino,
Minha crônica não é (ao menos a desse domingo) para a gente esquentar a cabeça. Meu intuito foi apenas descontrair, jogar um pouco de humor e provocação, no bom sentido, aos aos colegas do blogue e os leitores. É sempre uma honra contar com sua leitura e opinião. E fico feliz que esteja tocando adiante aquele projeto do seu livro de memórias. Vai dar certo. Talento você tem de sobra. Que Deus abençoe e guie os seus pensamentos.
Beijos.
Grande Marcos! Você sabe, como ninguém, dizer como a vida é interessante. Adoro os doidos. Não há gente mais genuína que nós, os doidos. Um forte abraço!
Prezado Bruno Ernesto,
Seu breve e certeiro comentário me encheu de alegria. Muitíssimo obrigado por mais esse incentivo. Sua sensibilidade e talento enquanto cronista crescem a passos largos. Escreve melhor a cada domingo. Isso é fato. Muita saúde, paz e inspirações para você.
Abraços.
Querido amigo e xará Marcos Ferreira,
Estando em viagem, não tinha lido ainda a sua crônica domingueira. Fi-lo agora. E de pronto, recebo de muitissimo bom grado o seu vaticínio: sou doido varrido, daqueles de atirar pedra!
Aliás, como bom doido, parafraseando Ariano Suassuna, adoro os outros da minha condição. E reconheço outro doido imediatamente. E desde que te conheci já sobejou o afeto, a admiração e a estima.
Guimarães Rosa, para não ficar sozinho, repetia no conto “O Espelho”: “Ninguém é doido. Ou então, todos.”
Prefiro não ser exceção e ficar no meio dos considerados desmiolados. A sua pródiga “loucura” é responsável pela cativação dos seus inúmeros leitores. Estou entre os “doidos” adestrados pelo primor de sua escrita.
Parabéns!
Querido xará e irmão Marcos Araújo,
Sua presença de corpo e espírito neste blogue (também na minha vida) é uma rara combinação de intelectualidade, gênio literário e sensibilidade. Eu me sinto privilegiado, abençoado, por ter você como amigo e leitor. Muita saúde e paz para você e os seus. Sempre.
Forte abraço.
Grande amigo Marcos Ferreira,
A cada crônica oriunda da sua inteligência magnânima, aprendemos a conviver as óbices do nosso mundo atual aonde encontramos de tudo e para tudo… bastante é olharmos para o show da Lady Gaga, na desvairada Rio de Janeiro, um oceano de pessoas e miscigenação conseguindo confundir o oceano da Copacabana velha de guerra, e de fazer temer as pessoas ainda normais desse mundo do nosso Deus.
Mais tá tudo bem… Vamos a luta que é o que importa.
Aos mencionados amigos em tela do seu Manicômio Digital, minha maior e melhor deferência a cada um dos grandes mestres das letras, todos representados pelo nosso louco amado de verdade, o grande Marcos Ferreira.
Inté domingo!!!
Querido amigo Rocha Neto,
Grato por sua mensagem tão motivadora e coerente com sua sensibilidade e visão de mundo. Saudades de você. Já se sinta convidado (juntamento com nossos amigos de cafezinho e bate-papo dos melhores) para me fazer mais uma visita logo que lhe for possível. Vamos programar isso com nosso Editor Carlos Santos e o seu “perseguidor” Odemirton Filho.
Grande abraço.
A loucura, quando medicada corretamente, nem se parece.
A sanidade, quando na dose errada, não apetece.
Aquilo que não mata, fortalece.
É por isso que também prefiro a lucidez dos loucos e a loucura dos sábios.
Que texto incrível . Parabéns.
Querida Lucineide Holanda,
Muitíssimo obrigado por sua leitura e comentário tão inspirador. Gente como você faz essa nossa peleja de escrever valer a pena. Muita saúde e paz para você.
Abraços.
Mestre Ayala Gurgel,
Você é um craque com as palavras, um filósofo escritor e um escritor filósofo. Obrigado por seu comentário bem talhado e inspirador.
Forte abraço.
Tinha razão o grande Machado de Assís, quando cunhou a embkemática frase : ” De médico, Poeta e Louco todos nós temos um pouco “.
Meu xará Marcos Pinto,
Fico deveras feliz com sua leitura e opinião. Muito obrigado. Desejo saúde, paz e muitas inspirações para você.
Abraço.
Olá, Marcos!
O mais importante disso tudo é saber que cada louco vai deixando os seus rastros pelos caminhos!
Abraços