Por Inácio Augusto de Almeida
Do alto dos seus cento e quarenta e cinco centímetros, Conversinha abriu o seu riso safado. E, fazendo-se de vítima:
– Você me explora, Bórgia. Me coloca em missões impossíveis e ainda me acusa de ser, dentro deste jornal, um privilegiado. Ou será que ir a Belém, ficar dentro daqueles hotéis, enfrentar coquetéis, jantares e discursos, é tarefa para um jornalista qualquer? Só um vocacionado como eu suporta tarefa tamanha.
– Explora o que, seu cascateiro. Quando é para ir ao Tirirical esperar a chegada de um político, você pula fora. Até adoecer, adoece.
– Bórgia, aeroporto é lugar de se esperar avião para embarcar.
– Você é como os outros que eu conheço. Dissimulado, ingrato e ambicioso.
– Tudo bem, Bórgia, tudo bem. Mas não se esqueça da verba da Secretaria de Comunicação Social que eu puxei para o jornal.
– Vai viver eternamente disto? Vai?
Conversinha resolveu sair da redação. No dia em que o Bórgia entrava nas suas enxaquecas… Até achar que os outros eram os dissimulados, ingratos e ambiciosos, ele achava. O Bórgia achando os outros ambiciosos… Dá para rir…
Na sorveteria que ficava no Ferro de Engomar, bem em frente ao jornal, pediu um sorvete de bacuri. Cada colherada era uma resmungada e uma praga atirada no Bórgia. O rapazinho de cabelos à escovinha começou a rir da sua maluquice. Ficou sério e concluiu que o Bórgia o estava levando à loucura. Nem mesmo se lembrou que tinha passado uma semana sem aparecer no jornal.
– Ainda bem, que ele não estava cantando nenhum tango.
– Conversinha. Tomando sorvete? Eita ressaca braba, hein?
– A ressaca não é nada. Brabo mesmo é enfrentar o Bórgia. Ainda bem que consegui o vale. Dele estou livre mais uma semana. E você, Arrupiado, deu-se bem no jogo?
ACOMPANHE
Leia também: Maranhão – Capítulo I;
Leia também: Maranhão – Capítulo II.
Inácio Augusto de Almeida – Boêmio/Sonhador
(Continua no próximo domingo)
Caro Carlos Santos
Se possível, disponibilize os capítulos já publicados.
NOTA DO BLOG – Boa noite. Bem lembrado.
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Desculpe-me pelo lapso.