Por Marcos Pinto
”Exceto o louco, todo homem é capaz de razão e de vontades, mas
muitos não escutam mais que suas paixões e não tem mais que
caprichos”. (Han Ryner).
As solidões vastas e desoladoras das antigas vilas, vilarejos e pequeninas cidades interioranas constituíam ambiente propício para a prática da gratidão em plenitude espiritual. Nesse cenário,o tempo passava em conta-gotas, quase parando. a minúscula urbe era constituída por homens rústicos, de nenhum grau de estudo, e como tal incapazes de discernimento e percepção de situações vexatórias que muitas vezes envolviam suas caras consortes. Geralmente eram de famílias modestas mas que, vez por outra, uma donzela de família tradicional incorporava a figura da famosa lenda da ”burrinha-de-padre”.
Em um contexto temporal de arraigado conservadorismo e apego aos
dogmas cristãos, a figura do sacerdote predominava como protagonista-mór e autoridade máxima da comuna, exercendo a arte da palavra de forma magistral e convincente, o que dava um colorido e ênfase especiais aos seus sermões. A grande ascendência exercida sobre o seu rebanho beirava os umbrais da idolatria.
Imagine-se os desejos carnais amordaçados que esses virtuosos clérigos deixaram guardados no silêncio obsequioso das largas e antigas paredes dos seminários oitocentistas. Entendo que a Igreja Católica Apostólica Romana tem no implacável dogma celibatário um dos seus erros crassos e clássicos, com veementes ranços medievais.
Encolhidos dentro de suas almas, os clérigos divisavam a realidade de que fazia-se necessário a união entre o verbo e a ação. De forma sutil, o desejo incitava-os à ação. A percepção do tempo incitando o conflito entre os desejos. E foi aí e assim que surgiu a famosa lenda da ”burrinha-de-padre”.
O imaginário popular encarregou-se de configurá-la e materializá-la como sendo uma ”Mula-sem-cabeça”. Essa teoria sobressaía-se como sendo um castigo divino infligido à donzela que se entregara às libidinosas conxumbrâncias do inteligente e culto sacerdote. Até hoje ouve-se essa fantasiosa lenda nas conversas dos alpendres sertanejos.
Quando a noite vestia de crepe a pequena urbe, lá pelas altas horas ouvia-se o tropel desenfreado da tal ”burrinha-de-padre”. Dizia-se à boca pequena que o religioso, de forma astuta, protegido pela intensa escuridão, chicoteava o seu cavalo para que, sem montaria, saísse em disparada, passando para os assombrados e ingênuos habitantes a impressão de que tratava-se da tão comentada ”burrinha-de-padre”, o que os mantinha recolhidos em suas redes e alcovas.
A donzela entrava em cena, totalmente coberta/ protegida por escuro manto, geralmente de cor marrom. No encontro sigiloso, ocorria a voluptuosa transição da ociosidade diurna para a sofreguidão do mais ardoroso fogo da paixão. E assim o antigo seminarista protagonizava a crucificação específica do seu voto clerical, espraiando vetustos desejos no voluptuos o corpo de sua sigilosa amada.
No outro dia, lá estava o padre a entoar cântigos sacros e ”orações decoradas para afugentar medos e labaredas” de um futuro fogo do inferno.
No período Oitocentista havia como que uma certa indiferença hierárquica da Igreja Católica quanto á essa quebra do voto clerical. Os padres que optavam pelos relacionamentos amorosos com geração de prole assumiam a paternidade, reconhecendo e perfilando os filhos através de escritura pública lavrada e registrada no competente cartório.
Outros preferiam reconhecê-los através de testamentos cerrados, nomeando-lhes bens, que somente eram abertos após seus falecimentos. Um ex-governador e um ex-senador do RN eram bisneto de padre, fato já público e notório, inclusive publicado em livros. Refiro-me ao Dr. Tarcísio Maia e ao Zezito Martins (José de Souza Martins), ambos descendentes do famoso padre Antonio de Souza Martins, que foi o segundo padre da paróquia de Martins-RN, no período 1842-1845.
As tradicionais famílias Paiva, do belíssimo recanto serrano Portalegre-RN e a família Moura de Patu-RN descendem do primeiro padre da paróquia de Apodi- o padre João da Cunha Paiva, natural de Pernambuco, que trouxe um filho de igual nome, que Luzia de Souza e foi residir em Portalegre.
A família Moura descende de uma filha do padre João da Cunha Paiva (Padre João de Paiva) de nome Rita Maria de Jesus, que o padre fez casar com o viúvo Capitão-Mór Geraldo Saraiva de Moura, cujo casal teve uma prole de 11 filhos, daí a existência dessa tradicional família disseminada em todo o estado.
O Capitão-Mór Geraldo Moura foi o testamenteiro do sogro. (FONTE: ”Vide livro ”Velhos inventários do Oeste Potiguar” – Marcos Antonio Filgueira – Coleção Mossoroense – Série C – Vol 740 – Ano 1992.
O outro padre da paróquia de Apodi que deixou vasta descendência foi o também pernambucano Padre Manoel Correia Calheiros Pessoa, que trouxe um filho de igual nome e que veio a casar com Ana Catarina de Morais, filha do Capitão Antonio de Morais Bezerra e Maria José da Assunção, e são tronco inicial da tradicional família Calheiros de Morais e Morais Castro, disseminados nas várzeas de Apodi e Governador Dix-Sept Rosado. (FONTE: obra acima citada).
Marcos Pinto é advogado e escritor
Francisco celebrou missa na capital da Filipinas neste domingo.
“Na ocasião, lembrou ainda de uma pergunta que lhe foi feita por uma ex-menina de rua. Ela o teria interrogado sobre o por que de as crianças sofrerem.
“Ela hoje fez a única pergunta que não tem resposta”, destacou.”
Fonte: G1
TEM RESPOSTA SIM!
As crianças sofrem porque os seus seguidores, PAPA FRANCISCO, em troca de doações e construção de templo com dinheiro público, se calam ante as maiores injustiças praticadas contra os pequeninos.
Veja, PAPA FRANCISCO, o caso de Mossoró.
Há anos eu clamo contra a péssima qualidade da MERENDA ESCOLAR nas escolas municipais e NUNCA um dos seus seguidores, destes que desfilam com camisetas com retrato de santa estampada no peito e posam de defensores da JUSTIÇA SOCIAL e dos DIREITOS HUMANOS disse uma só palavra condenando este absurdo.
Há anos, PAPA FRANCISCO, eu alerto a todos para o FATO do MATERIAL ESCOLAR não ter sido entregue em Mossoró. Nem mesmo um mísero cotoco foi distribuído com os pequeninos das escolas municipais de Mossoró e NENHUM dos seus seguidores disse uma só palavra condenando este absurdo.
Há anos, PAPA FRANCISCO, eu clamo para que nas escolas municipais sejam realizados exames oftalmológicos e odontológicos nas crianças. Depois de muito eu gritar, mandaram uma equipe a alguns colégios e constataram a existência de MILHARES DE DENTES CARIADOS. Mas um só dente de uma criança foi tratado. Nos exames de vista, a mesma coisa. Constataram que milhares de crianças necessitam fazer uso de lentes corretoras, mas um só óculos não foi entregue a uma destas pobres crianças. Tudo isto aconteceu, PAPA FRANCISCO, sem que nenhum dos seus seguidores levantasse a voz para protestar.
Mas não se entristeça, PAPA FRNCISCO. Breve o patrimônio da sua igreja será engordado com mais um majestoso templo construído com dinheiro público. E fique tranquilo, Papa Francisco, as doações continuarão a serem feitas religiosamente, sem atraso de um dia sequer.
Gostaria muito de lhe mandar este comentário. Mas como o endereço de Sua Santidade não é divulgado, só me resta usar este espaço.
QUE DEUS NOS ABENÇOE.
Excelentes! Tanto o texto de Marcos Pinto quanto o comentário de Inácio Augusto.
Celibato. Assombroso dogma. Até por ser ineficaz ou provocar outros tipos muito sérios de problemas. Perdoe-me Nosso Senhor, sou contra o celibato. A sexualidade nasce conosco. Uns com mais, outros com menos, mas todos com ela.
Olá! Já há algum tempo desde a publicação desse artigo e talvez o meu comentário e questionamento já não possa mais ser respondido. Isso só saberei se tentar.
O texto afirma que Rita Maria de Jesus, casada em segundas núpcias com o capitão-mor Geraldo Saraiva de Moura, é filha do Padre João da Cunha Paiva, e ainda que Geraldo Saraiva de Moura foi o seu testamenteiro, apontando como fonte da informação o livro “Velhos Inventário do Oeste Potiguar – Marcos Antônio Filgueira – Coleção Mossoroense – Série C – Vol 740 – Ano 1992.
Na fonte indicada consta o inventário do capitão-mor em 1808, inventariado por Rita Maria de Jesus, sua segunda esposa.
Quanto ao inventário do Padre João da Cunha Paiva, nada consta sobre quem teria sido o inventariante, e não inclui Rita maria de Jesus entre os herdeiros.
Sou descendente direto do Capitão-mor Geraldo Saraiva de Moura e Rita maria de Jesus e busco informações sobre eles e suas origens há muito tempo, sem muito sucesso.
A única referência que tive conhecimento de que Rita Maria de Jesus seria filha do padre João da Cunha Paiva é este artigo, mas a fonte indicada não confirma isso.
Rogo ao autor, se possível, para que possa me informar por aqui ou por outro meio que preferir, outras fontes que possua e que possa confirmar a informação, bem como qualquer outro dado sobre as origens dessas três pessoas.
Agradeço muito se puder ser contemplado com a atenção que me será muito preciosa!
José Leão joseleao13@yahoo.com.br
octaneto de Geraldo e Rita
Nota do Blog – Boa noite.
Esse é o e-mail do autor do artigo, o advogado, pesquisador e genealogista Marcos Pinto – marcospinto.52@hotmail.com
Que coisa boa!
Confesso que não tinha muitas expectativas de obtenção de respostas. Recebi uma em menos de 5 min.
Obrigado pela atenção!
Também sou descendente do Capitão Mor, mas com a outra esposa dele kkk
Por mais incrível que possa parecer, coincidentemente, esse artigo também revelou que sou descendente por via colateral do padre pernambucano Manoel Correia Calheiros Pessoa, mencionado no artigo.
O filho do padre, de mesmo nome, casou com Ana Catarina de Morais, filha do capitão Antônio de Morais Bezerra, de quem sou descendente direto (seis gerações).
Trata-se de uma informação nova para mim, apesar de já conhecer o artigo há mais tempo, e da mesma forma procuro informações sobre essas pessoas e suas origens. Agradeço ao autor e a quem puder fornecer mais dados e fontes. Obrigado!
José Leão
joseleao13@yahoo.com.br
Muitos méritos!
Uma Necessária correção : O ex-governador Tarcísio Maia descende é de do Padre José Antônio Alves Marques da Silva, de Souza-PB (1806-1888).
Como sempre o primo Msrcos segue destrinchando as origens genealógicas das famílias sertanejas.
Excelente texto.